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Quando procurar ajuda médica por sintomas do coronavírus?

Apenas pacientes com febre persistente e desconforto respiratório que tiveram contato com pessoas que foram ao exterior devem ir a unidades de saúde, afirma ministério

Fachada do Hospital Albert Einstein, onde fi detectado primeiro caso de coronavírus no Brasil.
Fachada do Hospital Albert Einstein, onde fi detectado primeiro caso de coronavírus no Brasil.Sebastiao Moreira (EFE)
Beatriz Jucá

A confirmação do primeiro caso de coronavírus no Brasil na última quarta-feira acendeu um alerta pela possibilidade de propagação do vírus no país. Ainda não é possível dizer ao certo como o vírus se comportará num país tropical, mas a expectativa é de que haja uma disseminação mais lenta diante das temperaturas mais elevadas no verão, ambiente adverso ao vírus. Autoridades de saúde brasileiras destacam que o momento não é de pânico e orientam que apenas pessoas com febre persistente e algum desconforto respiratório ―como coriza, tosse ou falta de ar― e que tenham mantido contato nos últimos 14 dias com pessoas que estiveram em países onde houve casos de transmissão da doença procurem as unidades de saúde. O Governo brasileiro começou a se articular para garantir equipamentos de segurança a hospitais e leitos extras para possíveis quadros graves, uma ação que se antecipa a um provável aumento da demanda nos municípios caso mais pacientes infectados sejam confirmados. Além disso, a campanha de vacinação contra a gripe será antecipada em 23 dias (começa em 23 de março). Apesar de não prevenir contra o novo coronavírus, a vacina deve diminuir a ocorrência de epidemias.

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A woman wearing a protective face mask walks through Duomo square, as a coronavirus outbreak continues to grow in northern Italy, in Milan, Italy, February 27, 2020. REUTERS/Yara Nardi
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Travellers, wearing masks as a precautionary measure to avoid contracting coronavirus, are seen at Guarulhos International Airport in Guarulhos, Sao Paulo state, Brazil, February 3, 2020. REUTERS/Amanda Perobelli
Governo aposta no verão e em ação coordenada para frear propagação do coronavírus no Brasil
WUHAN, CHINA - JANUARY 22: (CHINA OUT) Security personnel check the temperature of passengers in the Wharf at the Yangtze River on January 22, 2020 in Wuhan, Hubei province, China. A new infectious coronavirus known as "2019-nCoV" was discovered in Wuhan as the number of cases rose to over 400 in mainland China. Health officials stepped up efforts to contain the spread of the pneumonia-like disease which medicals experts confirmed can be passed from human to human. The death toll has reached 17 people as the Wuhan government issued regulations today that residents must wear masks in public places. Cases have been reported in other countries including the United States, Thailand, Japan, Taiwan, and South Korea.  (Photo by Getty Images)
Primeiro caso de coronavírus no Brasil, máscaras, sintomas e outras dúvidas sobre a doença

A preocupação é de que haja sobrecarga nas unidades de saúde por conta de uma doença cujos sintomas são genéricos e semelhantes àqueles provocados por outros vírus que já circulavam no país. E que tem apresentado um índice de letalidade baixo, de 1,5% fora da China ― quando os casos chineses são levados em conta, o percentual sobe para 3,4%. A estratégia que tem sido adotada no país para enfrentar a doença é tratar os possíveis casos na atenção primária e internar apenas as pessoas que apresentem quadros respiratórios mais graves, já que o tratamento de pacientes com a Covid-19 são os mesmos de uma gripe comum. “O indivíduo que está com tosse e febre fica em casa, bem hidratado e bem alimentado”, defende o coordenador do comitê de contingenciamento criado pelo Governo do Estado de São Paulo, David Uip. Levar pacientes infectados para dentro do ambiente hospitalar para fazer isolamento, informam autoridades de Saúde, só aumentaria as chances de propagação do vírus. Seria possível, por exemplo, que alguém sem o vírus deixasse a unidade infectado. Ou mesmo pacientes internados por outros motivos poderiam ter as chances de infecção aumentadas.

“Nosso sistema já passou por epidemias respiratórias graves. A H1N1 foi mais grave do que esta se apresenta, porque pegava gente jovem e gestantes. O Brasil não é um país de concentração tão alta de idosos como os países europeus”, explica o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A declaração faz referência ao grupo mais suscetível a contrair o coronavírus conforme as experiências no mundo, que integra pessoas acima de 60 anos, com a imunidade comprometida ou com comorbidades (a exemplo de pessoas transplantadas, portadoras de HIV sem tratamento e pacientes com câncer). Pessoas mais jovens podem contrair o vírus, mas estatisticamente apresentam casos mais leves da doença.

O infectologista David Uip também defende que não há necessidade de testar todos os pacientes que apresentem os sintomas do Covid-19, já que esses testes são importantes do ponto de vista epidemiológico para mostrar a circulação do vírus no país, mas não mudam o tratamento, que é o mesmo de uma gripe comum. “Seria um desperdício de dinheiro público”, diz. Ele também reforça a importância de informar às pessoas sobre o perfil que deve procurar o médico. “Se todo mundo que tossir e tiver febre procurar a rede pública, não tem sistema que aguente. Nem no Brasil e nem no mundo. O que temos que estar prontos é para a demanda da alta complexidade”, explica, se referindo aos pacientes que apresentem sintomas respiratórios mais graves. Nesse sentido, São Paulo ―única cidade com caso confirmado no país até o momento― se prepara para garantir leitos hospitalares, 7.000 deles em UTI. Para os demais Estados, o Governo Federal já realizou uma licitação para garantir 1.000 leitos em caso de necessidade. “Não há limites ao suporte a Estados e municípios. Seremos partícipes de todas as etapas do enfrentamento, inclusive financeiras”, promete Mandetta.

Nesse contexto, apenas devem procurar as unidades de saúde os pacientes que apresentem febre persistente após 24 horas (ou casos em que a febre desaparece e reaparece durante dois dias), com sintomas de desconforto respiratório e que tenham estado ou tido contato com pessoas que estiveram em 16 países com transmissão interna do vírus nas últimas duas semanas.

Veja lista de países:

  1. China
  2. Alemanha
  3. Austrália
  4. Coreia do Sul
  5. Coreia do Norte
  6. Camboja
  7. Emirados Árabes
  8. Filipinas
  9. França
  10. Irã
  11. Itália
  12. Japão
  13. Tailândia
  14. Vietnã
  15. Singapura
  16. Malásia

Embora alguns países tenham restringido a entrada de turistas em razão da rápida disseminação do coronavírus, o Governo brasileiro afirma que orienta pessoas vindas desses locais e acompanha pelo menos 38 pessoas que tiveram contato com o paciente infectado de São Paulo. Elas não estão em isolamento domiciliar, mas são aconselhadas a evitar aglomerados de gente e seguir as mesmas medidas de precaução que o restante da população: lavar regularmente as mãos e o rosto, manter-se hidratado e com uma alimentação saudável. As orientações são as mesmas para evitar outras viroses, como evitar tossir ou espirrar próximo de outras pessoas, já que o coronavírus é transmitido pelas gotículas liberadas pelo corpo humano.

“Não existe nenhuma tecnologia que possa nos dizer que quem está dentro de um avião possa estar com um vírus ou não", afirmou Mandetta, em coletiva na quarta-feira. O ministro acrescenta que o Governo investe em pesquisa para identificar o comportamento do coronavírus em um país tropical e informar com clareza a população. O Governo criou uma plataforma na internet, com um mapa interativo onde é possível acompanhar a evolução dos casos confirmados, suspeitos e descartados em todos os Estados brasileiros. Essas informações são atualizadas diariamente. Há 132 casos suspeitos no Brasil e 213 notificações que ainda não forma avaliadas, além de um único caso confirmado, em São Paulo.

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