Primeiro caso de coronavírus no Brasil, máscaras, sintomas e outras dúvidas sobre a doença
Confirmação pelo Governo de infecção de brasileiro de 61 anos residente em São Paulo eleva preocupação sobre risco de epidemia no país. Saiba como o vírus age e como se proteger
O que é o coronavírus? Quantas pessoas já morreram? Quais são os sintomas? Essas são algumas das perguntas que estamos nos fazendo desde que a doença começou a se espalhar. Essa curiosidade é natural, por se tratar de uma doença nova, embora especialistas, Governos e a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenham emitido mensagem de tranquilidade e observado que o Covid-19 é menos virulento que outras epidemias similares de anos anteriores.
No Google, as buscas relacionadas à doença dispararam. Se nos fixarmos nas pesquisas relacionadas ao termo “coronavírus”, podemos ver alguns dos assuntos que mais preocupam os usuários no Brasil e na Espanha. Veja alguns deles, além de outras dúvidas, a seguir.
O que é o coronavírus?
Segundo as tendências de busca do Google, queremos saber principalmente o que é, como se transmite e quais são os sintomas que ele provoca. Esse vírus infecta as vias respiratórias e se espalha através do contato direto e por gotículas de saliva expelidas por um portador ao tossir. Os sintomas vão de tosse e febre até insuficiência respiratória aguda e pneumonias.
Entre os termos relacionados continua aparecendo a pergunta sobre a origem da doença. Ainda não há resposta definitiva, embora se suspeite que pode ter passado do pangolim (mamífero asiático parecido com o tamanduá) para os seres humanos. Mas também pode ser que esses animais tenham adoecido como os humanos.
A doença chegou ao Brasil?
Sim. Nesta quarta-feira, o MInistério da Saúde confirmou o diagnóstico apontado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, na terça, que detectou a infecção em um homem de 61 anos, que mora em São Paulo e cuja identidade não foi revelada, esteve na Itália de 9 a 21 de fevereiro. O Governo brasileiro aguardava o diagnóstico de uma contraprova, a cargo do Instituto Adolfo Lutz, para confirmar a infecção. A Anvisa divulgou que solicitou à companhia aérea a lista de passageiros que estavam no mesmo voo do suposto infectado.
Quais são os sintomas?
Os sintomas do coronavírus são principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado: febre, tosse e dificuldade para respirar.
Quando devo procurar um médico?
Se você esteve nos países com casos confirmados e apresentar febre, tosse, dificuldade em respirar ou outros sintomas respiratórios, deve procurar atendimento e informar a viagem feita para o exterior. O Brasil trabalha com nível de alerta maior para pessoas provenientes dos seguintes países: Alemanha, Austrália, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália, Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja, além da China.
Preciso de máscara?
Na Espanha, as buscas pela palavra “máscara” também vêm crescendo, coincidindo com a atualidade do coronavírus. María Neira, diretora de Saúde Pública da OMS, afirmou à rádio SER que o uso de máscaras “onde o vírus não circula não serve para nada” e que a principal forma de prevenção é a higiene. Rosalía Gozalo, farmacêutica e diretora de Dermofarmácia e Produtos Sanitários do Colégio Oficial de Farmacêuticos de Madri, explica ao EL PAÍS que o fundamental é a higiene das mãos e do corpo com gel hidroalcoólico ou outros higienizantes de boa qualidade. As máscaras, segundo a especialista, são necessárias apenas para pessoas imunodeprimidas (como as que se recuperam de um transplante, por exemplo), pois seu organismo tem menor capacidade de combater infecções. Mas isso também seria necessário para esses pacientes se houvesse uma epidemia de gripe como a de cada inverno, por exemplo.
A OMS orienta que, se você estiver saudável, você só deverá usar máscara “se atender alguém em quem se suspeite a infecção”. É o que fazem, por exemplo, os profissionais sanitários nos hospitais.
De fato, o Ministério da Saúde no Brasil divulgou uma série de medidas preventivas que não menciona as máscaras: lavar as mãos frequentemente com água e sabonete ou desinfetante para as mãos à base de álcool; evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; evitar contato próximo com pessoas doentes; ficar em casa quando estiver doente; cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo; e limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência. Essas precauções valem para outros vírus respiratórios, como a gripe comum.
Quantas pessoas já morreram?
Nesta quarta-feira, 25 de fevereiro, mencionamos mais de 80.000 infectados e mais de 2.700 mortos (quase todos em Hubei, a província chinesa onde fica Wuhan e onde a epidemia surgiu).
A taxa de mortalidade é baixa: entre 2% e 4% dos diagnosticados em Wuhan, e 0,7% no resto do mundo. Por efeito de comparação, a síndrome respiratória aguda grave (SARS, na sigla em inglês) tinha uma taxa de mortalidade de 10%, e a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) chegou a matar 35% dos pacientes diagnosticados. As taxas de mortalidade são mais baixas fora do epicentro da epidemia por haver menos infecções e porque os casos puderam ser detectados mais precocemente. Em muitos casos, os mortos também tinham doenças pré-existentes.
Essa mortalidade aumenta com a idade. Segundo um estudo com dados da China, a partir dos 70 anos ela chega a 8%, e para os maiores de 80 é de 14,8%. Para os menores de 50, não chega a 0,5%.
Qual é o tratamento?
Não há tratamento específico nem vacina. O Ministério da Saúde brasileiro recomenda repouso e consumo de bastante água, além de algumas medidas adotadas para aliviar os sintomas (como analgésicos), conforme cada caso.
Grávidas têm risco maior em relação à doença?
O Ministério da Saúde não apresenta nenhuma orientação específica para gestantes. Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) afirma que não há informação suficiente até agora sobre isso, mas se sabe que grávidas passam por mudanças no sistema imunológicos que as tornam mais siscetíveis a infecções respiratórias virais de forma geral. O órgão orienta que esse grupo deve tomar as mesmas precauções conta o coronavírus que a população em geral.
Qual é a diferença entre epidemia e pandemia?
Uma epidemia é a propagação pontual de uma doença: os casos aumentam até chegarem a um máximo, e depois diminuem. Uma pandemia é a propagação mundial de uma nova enfermidade, como explica a OMS. Ou seja, uma epidemia que se dá em todo o mundo ou em muitos países ao mesmo tempo. Fala-se de pandemia, por exemplo, para se referir ao HIV, porque sua presença é global (embora nem uma percentagem pequena). Até esta quarta-feira, a OMS ainda não havia declarado a pandemia de coronavírus.
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