_
_
_
_
_

O que fazer e o que evitar quando se está gripado

As recomendações para superar, da melhor maneira possível, os incômodos causados pela doença viral

J. M. Quintáns

Embora os primeiros sintomas da gripe possam ser confundidos com os de um resfriado comum, segundo especialistas – e pacientes – a fase aguda do episódio viral não deixa lugar a dúvidas: quem está gripado sabe. Febre alta, dor muscular, cansaço, dor de cabeça, tosse seca… tudo isso durante cinco ou sete dias.

Ao chegar a esse ponto, quando o diagnóstico já é mais do que claro, o que se mostra realmente difícil é superar a doença da melhor maneira, e sem contagiar a todos que se aproximam. O que fazer, o que tomar e o que evitar. O chefe de Epidemiologia do hospital Clínic de Barcelona, Toni Trilla, dá dicas para para vencer a gripe com a menor dose de desconforto possível.

O QUE FAZER

Mais informações
A vacina universal contra todos os tipos e variantes da gripe
Como passar o inverno sem ficar doente
Londres gastou milhões em um antigripal sem provas de sua eficácia
Índios isolados saem da aldeia sem resistência para doenças comuns

Ventilar a casa, o quarto do doente ou onde ele passe mais tempo. Isso é fundamental para cumprir, corretamente, com as medidas de higiene recomendadas pelas autoridades sanitárias. “Se o ar estiver muito concentrado e não circular, aumentam os riscos de contágio. O vento dispersa e leva embora as partículas com o vírus”, explica Trilla.

Tapar a boca e o nariz ao tossir ou espirrar. E, se possível, com algo que não seja a própria mão. O vírus da gripe se transmite por via aérea, através de pequenas gotas expelidas pelo doente. Por isso, essa medida é tão importante para evitar o contágio de mais pessoas. Os especialistas ressaltam que a melhor opção é cobrir o nariz e a boca com um lenço de papel e jogá-lo no lixo em seguida. Caso não seja possível, é preferível que se use a manga da blusa, na altura do braço, do que a mão. “Se as mãos forem utilizadas é preciso lavá-las imediatamente com água e sabão”, afirma o epidemiologista.

Beber bastante líquido. É imprescindível se manter bem hidratado, principalmente porque os pacientes com gripe costumam ter febre e se desidratam com mais facilidade. Os especialistas recomendam tomar, especificamente, muita água, mas também faz bem consumir sopas, sucos, etc. “Não se deve esperar até sentir sede, é preciso forçar a hidratação e ingerir líquidos com frequência”, diz Trilla, que aconselha, ainda, que se tenha um cuidado especial em este quesito com bebês e idosos.

Tomar medicamentos para combater os sintomas da gripe. Apenas se a pessoa não tiver nenhuma contraindicação. Os únicos remédios que servem para minimizar os sintomas – porque não curam a doença de repente – são os antitérmicos, que detém o aumento da temperatura corporal em caso de febre, como o paracetamol, e os anti-inflamatórios que, combinados com analgésicos, também funcionam bem contra as dores nas articulações que costumam incomodar durante todo o episódio viral. Para combater a tosse, Trilla garante que “vale de tudo”, desde remédios naturais como leite com mel até medicamentos antitussígenos.

Descansar. “Ficar de cama”, segundo o epidemiologista, não é só o que os doentes têm vontade de fazer, mas também o que é mais recomendável. No entanto, Trilla adverte que é preciso estar “confortável”: não passar frio nem se “esconder” debaixo de muitos cobertores. “Se estiver muito abafado, isso gera mais calor, o que favorece uma desidratação mais rápida”, afirma.

O QUE NÃO FAZER

Ter contato físico com outras pessoas. Nas fases mais agudas da gripe, os especialistas recomendam evitar a proximidade com pessoas não infectadas. Na verdade, é considerado necessário manter uma distância prudente de entre 1,5 m ou 2 m – para que as partículas expelidas pelo doente não cheguem aos demais. “Se alguém que está gripado dorme do seu lado, é melhor que você se afaste ou mude de cama para diminuir o risco de contágio”, diz Trilla. Além disso, também não se deve compartilhar talheres ou copos sem lavá-los antes.

Trabalhar. Não se deve ir ao trabalho, ao colégio, à creche, e sequer sair na rua. “Até que a febre não desapareça, e com menos de dois dias de descanso, é melhor não ir a nenhum lugar porque o vírus ainda pode ser expelido e contaminar mais pessoas”, diz Trilla.

Consumir tabaco e álcool. Apesar de que, no imaginário popular, um gole de conhaque serviria para diminuir a sensação de mal-estar, os médicos desaconselham o consumo de bebidas alcoólicas. “O álcool pode ajudar a diminuir a sensibilidade em relação ao frio e ao calor, mas não ajuda a controlar a temperatura corporal”, explica Trilla. O tabaco, que já é prejudicial para uma pessoa saudável, causa ainda mais problemas para quem está gripado. “Os fumantes que consomem grandes quantidades perdem a capacidade de usar mecanismos de defesa dos pulmões que ajudam a expulsar as partículas com vírus do corpo. Por isso, é mais fácil que o agente causador da doença afete os pulmões”, alerta o epidemiologista.

Tomar antibióticos. Os especialistas são muito claros com relação a este tema: “os antibióticos são inúteis contra o vírus da gripe”. A gripe é uma infecção viral e esses medicamentos só funcionam para combater doenças bacterianas. Trilla explica que quando um médico receita antibióticos para um paciente com gripe é para tratar “possíveis complicações” que tenham sido detectadas. “Se o médico percebe que um paciente está há mais de 10 dias com febre ou que a infecção viral pode ter se complicado com o aparecimento de uma bacteriana, como uma bronquite, por exemplo, pode receitar antibióticos. No entanto, é preciso levar em conta que esses problema devem ser tratados apenas quando surjam, e não por precaução”, ressalta o epidemiologista.

Usar lenços de tecido. Por uma questão de higiene, os médicos recomendam recorrer aos lenços de papel, de uso único, durante episódios virais. O muco expelido impregna o tecido, o que o transforma em um foco, ainda maior, de contágio. A melhor opção é usar lenços descartáveis.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_