Um em cada dez em São Paulo já foi infectado pelo coronavírus. Mais pobres têm taxa de contaminação três vezes maior
Dado é de teste feito em amostra da população do município, que aponta que 1,2 milhão de pessoas já tiveram contato com a doença, número sete vezes maior que o contabilizado até agora
Um em cada dez moradores da cidade de São Paulo já foi infectado pelo novo coronavírus. Nova testagem feita pela Prefeitura em uma amostra da população, o chamado inquérito sorológico, permite concluir que 1,2 milhão de pessoas tiveram contato com o vírus na cidade, o que aumenta em sete vezes o número de casos oficiais confirmados até esta quinta-feira no município, de 178.118. O levantamento mostrou também que a taxa de contaminação é três vezes maior na classe E do que na classe A, algo que já era bem perceptível por meio dos mapas da cidade, que mostram a incidência maior de casos e óbitos na periferia. Menor renda e escolaridade, e maior número de moradores no domicílio foram apontados como fatores de risco para a infecção.
Este é a segunda investigação do tipo realizada pela Prefeitura de São Paulo com o intuito de medir a real taxa de contaminação pela covid-19 na cidade. No primeiro levantamento, apresentado em 23 de junho, estimava-se que 9,5% da população, ou 1,1 milhão de pessoas já haviam sido infectadas. Agora, esse percentual, chamado de soroprevalência, passou para 9,8%, o que, de acordo com o secretário da Saúde do município, Edson Aparecido, mostra estabilidade. No entanto, comparada com outros países que registraram altos número de casos do coronavírus, a taxa é bastante alta. Na França e Espanha, por exemplo, a soroprevalência chegou a 5%.
Para realizar o levantamento, a Prefeitura pegou como base mais de 5,3 milhões de domicílios, em 96 distritos de todas as regiões da cidade, e realizou 2.864 coletas. A pesquisa, por amostragem, concluiu que a zona sul concentra a maior taxa de soroprevalência, com 11%. O estudo mostrou que os casos se concentram em 14 regiões da cidade, a maior parte delas em áreas periféricas: Brasilândia, Sapopemba —ambas na liderança dos registros de óbito também— Cachoeirinha, Jaçanã, Liberdade, Santa Cecília, Cidade Ademar, Jardim São Luiz, Campo Limpo, Capão Redondo, Parque São Lucas, Itaim Paulista, Itaquera e Lajeado.
Nessas regiões, a estratégia da Prefeitura agora será orientar os agentes de saúde a realizarem um trabalho de monitoramento dos doentes. “Nesses 14 distritos com maior incidência nós vamos fazer um trabalho de campo ainda mais presente”, afirmou o prefeito Bruno Covas (PSDB). Para isso, será feito um acompanhamento dos familiares mais próximos ao infectado. “Vamos na casa das pessoas e testar em média cinco pessoas próximas ao contaminado e dar um atestado para que elas fiquem em casa até sair o resultado do teste”, explicou o secretário da Saúde, Edson Aparecido.
Atualmente, o município está monitorando 288.903 pessoas com síndrome respiratória suspeitas de covid-19. A Prefeitura informou que já realizou 580.000 testes até o momento e que são feitos, diariamente, 5.000 novos exames do tipo PCR (que detectam a presença do vírus quando ele ainda está no corpo) por dia na rede municipal de saúde. Com a nova estratégia de testes e monitoramentos, o município pretende chegar a 400.000 testagens mensais.
A nova estratégia, anunciada mais de quatro meses após o primeiro caso de coronavírus registrado na cidade, vem acompanhada dos sucessivos passos que a capital paulista tem dado rumo à reabertura da economia. Nesta quinta-feira, Covas anunciou também que 70% dos parques voltarão a funcionar na próxima segunda-feira, com horário e público reduzidos. O prefeito deve anunciar também, nos próximos dias, o protocolo de reabertura das academias de ginástica. Essas retomadas ocorrem na esteira dos bares e restaurantes, que tiveram autorização para voltar a abrir ao público a partir desta semana. Comércio em geral, escritórios e imobiliárias foram os primeiros a reabrirem.
Outros sete inquéritos como esses ainda estão previstos para serem feitos em São Paulo. Eles são parecidos com o realizado pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e financiado pelo Ministério da Saúde. Em três etapas, a Ufpel testou, em âmbito nacional, a real quantidade de infectados pelo coronavírus e apontou que em duas semanas, o número de pessoas que tinham ou já tiveram contato com a doença aumentou em 53%, revelando a alta velocidade com que a covid-19 se espalha pelo país. Outra conclusão foi de que o número real de infectados é seis vezes maior do que a estatística oficial. O inquérito teve três fases, com dados coletados em 133 municípios em todos os Estados.
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