Temer em Davos: “O povo brasileiro percebe que a previdência é injusta”
Presidente Michel Temer participa do Fórum Econômico Mundial e defende as reformas de seu Governo
A chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, defendeu nesta quarta-feira, no Fórum Econômico Mundial, a importância do multilateralismo como via para frear o auge do protecionismo. E fez a declaração poucas horas antes da chegada do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, numa jornada marcada pela presença dos principais líderes europeus. Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol, é o único chefe de Governo das grandes economias europeias ausentes na reunião.
“Gritando uns com os outros, isolando-nos, não chegaremos a nenhum futuro positivo. O protecionismo não é a resposta”, afirmou a chanceler. “Eu me pergunto: realmente aprendemos as lições da História, das catástrofes provocadas pelo homem no século XX? Realmente, acredito que não.”
Merkel afirmou que o projeto europeu é justamente a resposta a essas pressões protecionistas, reconhecendo o importante passo dado com a eleição de Emmanuel Macron como presidente da França. “Lamentamos muito o fato de que os cidadãos britânicos tenham decidido abandonar a União Europeia, mas o certo é que isso nos permitiu concentrar nas coisas importantes.”
A líder alemã admitiu que o bloco ainda precisa avançar rumo a uma política de defesa e exterior comum, para ser capaz de responder “com uma só voz” a outros grandes atores globais, como a China e a Rússia. “A Europa não foi até agora ativa o suficiente” em matéria de defesa, reconheceu. E completou: “Temos que nos encarregar de nosso futuro, tomar as rédeas de nosso destino”, concluiu.
Merkel concordou com o primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, que horas antes havia denunciado o desafio da polarização e da fragmentação política sofrido pela Europa, como consequência da insatisfação da população, dos problemas sociais e da tensão decorrente do aumento da migração nos últimos anos. “A desigualdade ainda está aumentando, alcançando níveis intoleráveis, inclusive agora que retomamos o crescimento. Não podemos acabar num mundo com uma elite cosmopolita e um exército de trabalhadores insatisfeitos”, alertou. Para evitar isso, “devemos responder de maneira positiva e decidida ao pedido de uma Europa mais forte. Nossa história e nossas raízes não são sinônimos de protecionismo”, afirmou o mandatário italiano.
Merkel declarou que é preciso enviar “um sinal claro e unido à China, à Índia aos EUA e às outras grandes economias. Fracassaremos se o fizermos separadamente.”
Brasil em Davos
Depois de quatro anos fora do Fórum, o Brasil voltou a ser representado pelo presidente Michel Temer que defendeu as reformas que seu Governo vem fazendo. Depois de comemorar as mudanças na legislação trabalhista e dizer que a sociedade apoia as reformas, Temer falou sobre a agenda de 2018 do Planalto: aprovar uma mudança na Previdência. "Nosso próximo passo é consertar a Previdência Social, tarefa para qual nós estamos muito empenhados. Cada vez mais, o povo brasileiro percebe que o sistema atual é injusto e insustentável. Portanto, nós vamos batalhar dia e noite pelo voto no Congresso Nacional para aprovar a proposta que ali está", disse. Apesar do discurso otimista, a reforma da Previdência tem gerado grande insatisfação na sociedade e dificuldades no Congresso brasileiro.
Durante sua fala, Temer também foi questionado sobre Justiça e corrupção no Brasil. Sem citar o julgamento desta quarta-feira contra o ex-presidente Lula ou comentar o fato de que ele próprio foi alvo de duas denúncias da Procuradoria-Geral da República, ambas barradas na Câmara dos Deputados, o mandatário disse que as instituições estão funcionando e que o Judiciário trabalha com isenção. “Veja que o Judiciário julga com toda isenção, com toda tranquilidade, aplicando naturalmente o Direito e, quando há penalidades, as penalidades são cumpridas. Isso dá muita segurança jurídica a quem quer investir no país”, disse.
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