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Temor nos EUA de que a expansão do coronavírus seja maior do que a indicada pelos dados oficiais

Presidente assina lei de emergência que destina 8,3 bilhões de dólares para combater a crise

Donald Trump assina a lei de emergência nesta sexta-feira, na Casa Branca.
Donald Trump assina a lei de emergência nesta sexta-feira, na Casa Branca.JIM LO SCALZO (EFE)
Pablo Guimón

No mesmo ritmo em que o coronavírus se espalha nos Estados Unidos, cresce o temor de que seu impacto seja maior do que sugerem os números oficiais. O próprio vice-presidente Mike Pence, encarregado por Donald Trump de liderar a resposta federal à crise, alertou que, à medida que “os testes de diagnóstico forem se expandindo pelo país, mais casos aparecerão”. “Não temos testes suficientes para atender à demanda no futuro”, disse Pence na quinta-feira, em uma visita a uma fábrica de material médico em Minnesota. Até esta sexta-feira foram confirmadas 14 mortes e 250 contaminações pelo SARS-CoV-2 em 17 Estados do país, a grande maioria em Washington e na Califórnia, na costa oeste.

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O presidente Trump assinou nesta sexta-feira uma lei, aprovada com urgência no dia anterior pelo Senado, que destina 8,3 bilhões de dólares (cerca de 38,4 bilhões de reais) para combater a propagação da doença. Mais de 3 desses bilhões serão destinados ao desenvolvimento de vacinas, tratamentos e testes de diagnóstico para detectar as contaminações. O presidente cancelou, após uma série de mensagens confusas, uma visita que deveria fazer na sexta-feira à sede dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC na sigla em inglês), em Atlanta, alegando que não queria interferir no trabalho da agência para deter a propagação do vírus. Mas finalmente, na tarde de sexta-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Stephanie Grisham, anunciou aos jornalistas que a visita continuava de pé, pois o teste de coronavírus de uma funcionaria da sede que se temia que estivesse infectada deu negativo.

A confusão continua reinando nos protocolos de diagnóstico de possíveis pessoas contagiadas, depois dias de declarações contraditórias da Administração sobre a disponibilidade dos testes, o que causou frustração na comunidade médica. A Administração Federal primeiramente limitou o acesso aos testes de diagnóstico a pessoas hospitalizadas com febre e sintomas respiratórios, ou àquelas que mantiveram contato próximo com pacientes confirmados. Mas na quarta-feira foram publicadas novas diretrizes dos CDC que estendiam os exames a qualquer norte-americano com pedido médico. O vice-presidente, em uma visita na noite de quinta-feira a Washington, o Estado mais afetado, com mais de 70 casos e 11 mortes, disse que 1,2 milhão de testes de diagnóstico serão distribuídos pelo país “nos próximos dias” e outros quatro milhões até o final da próxima semana.

“Sem dúvida, houve passos em falsos no início da distribuição dos testes, alguns problemas técnicos que retardaram o processo”, disse o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, em uma entrevista na televisão. “Embora tenha havido um atraso, nas próximas semanas deveremos aumentar a distribuição.”

A origem da demora na distribuição dos testes de diagnóstico é que os CDC erraram em sua primeira tentativa de produzi-los. Em fevereiro, os kits de teste foram distribuídos para laboratórios estaduais e locais, mas alguns deles falharam e não deram resultados conclusivos. Houve demora para produzir e distribuir a substituição destes, de modo que os testes de diagnóstico só podiam ser realizados na sede da agência em Atlanta.

Dada a má distribuição, segundo os críticos, os CDC restringiram o acesso aos testes, estabelecendo critérios muito rigorosos. As queixas dos médicos à resposta federal levaram a Administração a prometer uma expansão das capacidades de diagnóstico, contando com empresas privadas e centros universitários. Os especialistas temem que o recente aumento no número de pessoas infectadas não se deva apenas à disseminação do vírus, mas à melhoria na distribuição dos testes de diagnóstico, o que faz com que mais casos sejam detectados.

A tudo isso se acrescenta a realidade de um país sem cobertura universal de saúde pública no qual, por medo dos custos, muitos pacientes não procuram o médico, embora apresentem sintomas semelhantes aos produzidos pelo coronavírus. Existem cerca de 28 milhões de cidadãos norte-americanos sem seguro de saúde e muitos outros têm seguros com prêmios que os obrigam a pagar uma parte das despesas médicas. Embora os testes de diagnóstico sejam gratuitos, o atendimento nos prontos-socorros dos hospitais pode ter custos associados para os pacientes. Circulam na imprensa histórias de pacientes que foram fazer o teste e dias depois encontram, na caixa de correio de suas casas, contas de empresas de ambulância ou de outros serviços derivados de sua visita ao hospital.

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