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Com 64% de rejeição, Bolsonaro deve trabalhar atos de 7 de Setembro para recuperar popularidade

Pesquisa Atlas aponta menor aprovação do presidente, mas tendência de queda desacelera ao se aproximar do núcleo duro de apoiadores. 19% da população mostrou vontade de protestar nesta terça

O presidente Jair Bolsonaro tira fotos com apoiadores em Terenos (MS), durante evento no dia 14 de maio de 2021.
O presidente Jair Bolsonaro tira fotos com apoiadores em Terenos (MS), durante evento no dia 14 de maio de 2021.
Diogo Magri
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Brazil's President Jair Bolsonaro looks on during a ceremony at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil September 2, 2021. REUTERS/Adriano Machado
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A projection on a building honouring the 100,000 victims who died of the novel coronavirus COVID-19 in Brazil reads "(Brazilian President Jair) Bolsonaro Out" as the country became the second in the world to pass the grim milestone, in Botafogo neighbourhood in Rio de Janeiro, Brazil, on August 8, 2020. - Just a day after Latin America and the Caribbean became the hardest-hit region in the global pandemic, Brazil reported a total of 100,477 fatalities, joining the United States as the only two countries to surpass the six-digit death mark. (Photo by Mauro PIMENTEL / AFP)
Com rejeição de 62%, Bolsonaro perderia para Lula, Mandetta, Ciro, Haddad e Doria no segundo turno

Uma nova pesquisa eleitoral do Atlas Político mostra que a aprovação do presidente Jair Bolsonaro segue em viés de queda, mas com um ritmo de desaceleração. A mudança de velocidade se deve à base sólida que o Governo mantém. Em comparação com um mês atrás, a consulta realizada entre os dias 30 de agosto e 4 de setembro mostra uma queda na avaliação positiva do Governo de 37% para 35%, e a rejeição em 64% —há um mês, era de 63%. Os números também seguem prevendo a derrota do presidente no segundo turno das eleições de 2022, seja para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador Ciro Gomes, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, o ex-prefeito Fernando Haddad ou o governador de São Paulo, João Doria. No entanto, às vésperas dos atos pró-Governo marcados para 7 de Setembro, os dados atestam que o núcleo duro de apoiadores de Bolsonaro pode cumprir uma função importante no tabuleiro eleitoral: com a base atual, ele não apenas inviabiliza o crescimento de uma terceira via, como pode ser capitalizado nas ruas para demonstrar força popular e, assim, reverter a queda na popularidade.

Bolsonaro tem a maior rejeição entre todos os avaliados da pesquisa, ao mesmo tempo em que conserva a segunda maior aprovação —perde apenas para os 46% de Lula. Essa é a base fiel ao presidente que deve ir às ruas nas manifestações do feriado. “Na nossa pesquisa, 19% da população brasileira demonstrou vontade de comparecer ao 7 de Setembro”, detalha o cientista político Andrei Roman, CEO do Atlas. “Isso são 29 milhões de pessoas, o que é impossível. Mas, se 20% das pessoas das grandes cidades comparecerem, já é muita gente. Isso mostra que Bolsonaro conserva um núcleo suficientemente mobilizado para reverter a queda de popularidade”, analisa. Para Roman, o grande trunfo do Governo em manter uma base de apoiadores tão coesa é a possibilidade de explorá-la em eventos como o desta terça-feira. As imagens e a repercussão de ruas lotadas de apoiadores, que devem ser vistas no feriado, podem influenciar a opinião pública em prol do atual presidente, apesar das contínuas críticas que recebe da maioria da população.

Pesquisa Atlas
reprodução

Ao mesmo tempo, Roman ressalta que a grande rejeição contra Bolsonaro pode fazer com que as manifestações tenham o efeito contrário. “Não seria a primeira vez que uma manifestação a favor desencadeie outras da oposição. Seria uma reação perigosa para o Governo, uma vez que a base anti-bolsonarista é maior que a base bolsonarista”, projeta o cientista.

No segundo turno, o atual presidente perderia para Lula, Ciro Gomes, Mandetta, Haddad e Doria. A maior diferença é a registrada na disputa entre Lula e Bolsonaro (52,5% a 35,9%), enquanto a menor aconteceu no cenário em que Lula enfrenta Doria (39,7% a 36,3%). O atual presidente empataria na margem de erro de dois pontos para mais ou para menos com o ex-juiz Sergio Moro e e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Pesquisa Atlas
reprodução

O maior adversário do Governo atual é Lula, que viu sua aprovação subir de 43% para 46%, enquanto a rejeição caiu de 54% para 48% em um mês. Ele também lidera todos os cenários projetados em primeiro e segundo turno na pesquisa. “Mas isso tem mais a ver com Bolsonaro do que com Lula”, explica Andrei Roman. “As pessoas estão cada vez mais chateadas com a realidade do país, principalmente econômica, e responsabilizam o atual Governo por isso. Querem a cada dia uma alternativa, e a única que se apresenta é Lula”, afirma. Todos os outros candidatos, se somados, têm porcentagem menor que os índices de Bolsonaro e do petista. Na visão do cientista, caso Lula permaneça com uma postura moderada e com um discurso articulado, despontará como grande favorito no atual contexto econômico. “Os riscos da mídia ou da população enxergarem a volta do PT ao poder como algo ruim são reduzidos pelo descontentamento atual”, avalia.

Pesquisa Atlas
Reprodução

Ciro Gomes aparece como terceiro colocado nas pesquisas de primeiro turno, com 7,8%, contra 34,5% de Bolsonaro e 40,6% de Lula. Segundo Roman, é muito pouco para considerar a viabilidade de Ciro vencer as eleições. “Independente da sua postura, boa parte da população o vê como um candidato de esquerda. Então compete com Lula, o que dificulta bastante”, pontua o cientista. Na visão dele, Eduardo Leite é o candidato com maior potencial de se estabelecer como uma terceira via. Leite é o quarto no cenário do primeiro turno (2,9%) e o candidato com a menor porcentagem no duelo contra Bolsonaro no segundo turno. Ao mesmo tempo, é uma das figuras mais desconhecidas pela população eleitoral.

“É um candidato gay e de centro-direita, novo e pouco conhecido. É difícil colocá-lo numa caixinha ideológica, o que é uma vantagem dentro do eleitorado que não apoia nem Lula e nem Bolsonaro, uma parcela que contempla muitos perfis diferentes”, justifica Roman. No entanto, ele lembra que cativar apenas os nem-nem não é o suficiente. Ele precisaria também conquistar parte dos eleitores das duas figuras polarizadas com um “projeto de salvação” do Brasil. “Dependeria de um derretimento da aprovação de Lula e Bolsonaro. Algo que, se não aconteceu até agora, com a Lava Jato para o petista, e com a postura do atual presidente na pandemia, não deve acontecer mais. Leite teria que reconstruir a realidade política do país”, opina.

A pesquisa Atlas ouviu 3.246 pessoas de forma online e randomizada, entre os dias 30 de agosto e 4 de setembro.

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