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“Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”, diz Bolsonaro para Biden sobre Amazônia

Presidente deu a entender que poderia usar a força contra possíveis barreiras comerciais impostas pelos EUA em caso de aumento do desmatamento no Brasil

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil
Jair Bolsonaro, presidente do BrasilEVARISTO SA (AFP)

O presidente Jair Bolsonaro insinuou nesta terça-feira que pode ter que fazer uso da força para driblar eventuais sanções econômicas impostas pelo mandatário eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, em resposta à contestada atuação do Brasil na questão ambiental. “O Brasil é um país riquíssimo. Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de Estado [Biden, que já está eleito] dizer que se eu não apagar o fogo da Amazônia levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que nós podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, né, Ernesto?”, disse, referindo-se ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que estava na plateia. “Porque quando acabar a saliva, tem que ter pólvora, se não, não funciona. Precisa nem usar a pólvora, mas precisa saber que tem”, finalizou.

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A frase belicosa, proferida durante um evento em Brasília no qual o Bolsonaro pretendia fomentar o turismo nacional, foi uma resposta do mandatário aos planos de preservação da floresta de Biden. O presidente eleito citou a Amazônia duas vezes durante a campanha. Em um debate durante a campanha eleitoral, ele mencionou as queimadas na Amazônia. Em outra ocasião, falou de possíveis sanções ao Brasil. Biden é crítico dos sucessivos recordes de queimadas e áreas devastadas registrados pelo país. “Parem de destruir a floresta. E, se vocês não pararem, irão enfrentar consequências econômicas significativas”, afirmou durante um debate contra Trump no final de setembro. À época Bolsonaro classificou a declaração de “desastrosa”, e continuou apostando suas fichas em uma vitória do republicano. O presidente brasileiro brasileiro — apoiador fervoroso de Donald Trump— ainda não parabenizou o democrata por sua vitória, ao contrário do quem tem feito a maioria dos líderes mundiais.

Os planos de Biden para a preservação da floresta, no entanto, não se resumem a possíveis sanções econômicas. Durante a campanha ele propôs a criação de um fundo de 20 bilhões de dólares (cerca de 100 bilhões de reais) com outros países para garantir a proteção da Amazônia.

Caso os EUA implementem sanções econômicas contra o Brasil, não será a primeira vez em que a devastação da floresta provoca problemas econômicos para Bolsonaro. Em 2019 vários países, dente eles Alemanha e Noruega, bloquearam recursos que seriam repassados ao Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que tem como finalidade a preservação do bioma. A medida teria como objetivo forçar o presidente a agir para conter a devastação no local.

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