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Sete gráficos que mostram que o mundo está cada vez melhor

Todos os dias, cerca de 200.000 pessoas em todo o planeta superam a barreira dos dois dólares por dia. E mais de 300.000 conseguem acesso a eletricidade e água limpa pela primeira vez

A recém-nascida Vanda Sinka, primeira menina a nascer este ano na Hungria.
A recém-nascida Vanda Sinka, primeira menina a nascer este ano na Hungria.JANOS VAJDA (EFE)
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O acadêmico sueco Hans Rosling se deu conta do crescimento de uma tendência preocupante: embora o mundo esteja se tornando um lugar melhor, as pessoas de países com economias fortes pensam o contrário. Não é de estranhar, já que as notícias falam de catástrofes naturais, ataques terroristas, guerras e fomes mais do que de outros assuntos.

Todos os dias, cerca de 200.000 pessoas em todo o mundo superam a barreira de dois dólares por dia e mais de 300.000 têm acesso a eletricidade e água potável pela primeira vez. As histórias positivas de pessoas de países com economias deprimidas não despertam interesse nem dão audiência. No entanto, como Rosling aponta em seu livro Factfulness, é importante colocar as más notícias em perspectiva.

Embora seja verdade que a globalização exerceu pressão de baixa sobre os salários da classe média nas economias desenvolvidas nas últimas décadas, também ajudou a superar a barreira da pobreza para centenas de milhões de pessoas, especialmente no Sudeste Asiático.

A recente ascensão do populismo nos países ocidentais, com Trump e o Brexit como ponta de lança e as eleições na Hungria e na Itália como exemplos, produz uma grande preocupação com o bem-estar social em todo o mundo. A globalização é a única maneira de garantir que a prosperidade econômica seja compartilhada entre todos os países, em vez de apenas algumas nações avançadas.

Algumas pessoas são de opinião de que qualquer tempo passado foi melhor, mas há um fato que não admite discussão: até recentemente, e ao longo de quase toda a história da humanidade, uma parte significativa da população mundial viveu em condições penosas. Os sete gráficos a seguir demonstram que o mundo se tornou um lugar melhor do que era há apenas algumas décadas.

1. A expectativa de vida continua aumentando

Durante a Revolução Industrial, a expectativa de vida nos países europeus não ultrapassava 35 anos. Isso não significa que a maioria da população tenha morrido entre 30 e 40 anos, mas que as taxas muito altas de mortalidade infantil e morte de mulheres durante o parto diminuíam a média. Doenças comuns na época e erradicadas hoje, como varíola ou peste, também eram um grande problema.

2. A mortalidade infantil continua caindo

Há mais de um século, a taxa de mortalidade infantil ainda ultrapassava 10%, mesmo em países com alto nível de renda, como os Estados Unidos e o Reino Unido. Graças à medicina moderna, maior previdência social e saúde pública, esse número foi reduzido nos países ricos até quase ser eliminado.

Além disso, as economias em desenvolvimento, como a Índia e o Brasil, têm taxas de mortalidade infantil muito menores do que as economias hoje desenvolvidas tinham há um século, com um nível de renda muito semelhante.

3. Os índices de natalidade estão caindo

Embora muitas pessoas estejam preocupadas com o crescimento da população mundial, a realidade é que as taxas de natalidade diminuíram consideravelmente. As estimativas de longo prazo da Organização das Nações Unidas indicam que a população mundial se estabilizará em cerca de 11 bilhões até o final deste século.

Além disso, como pode ser visto no gráfico, muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, a China e várias nações africanas, optaram por seguir uma política de baixa natalidade. Para muitas economias avançadas, essa transição levou quase 100 anos (começando com a Revolução Industrial), mas outras conseguiram isso em duas ou três décadas.

4. O crescimento do PIB se acelerou nos países desenvolvidos

Estados Unidos e a Europa Ocidental, líderes tecnológicos, cresceram cerca de 2% ao ano nos últimos 150 anos, o que significa que os níveis de renda dobraram aproximadamente a cada 36 anos.

Levando em conta que houve inúmeros altos e baixos durante longos períodos de tempo, como a Grande Depressão ou a recente Grande Recessão, é quase um milagre que a taxa de crescimento permaneça constante a longo prazo. Países com baixo nível de renda, como a China ou a Índia, têm crescido a um ritmo mais acelerado nas últimas décadas, tanto que se aproximam inexoravelmente dos países ocidentais. Uma taxa de crescimento de 10% durante um período prolongado significa que a renda dobrará aproximadamente a cada sete anos. Que a prosperidade seja compartilhada por todo o mundo só pode ser uma boa notícia.

5. A desigualdade mundial na distribuição da renda se reduziu

Embora a desigualdade dentro dos países tenha aumentado como resultado da globalização, a desigualdade mundial permanece em declínio por várias décadas, em decorrência do desenvolvimento de países como a China e a Índia, onde centenas de milhões de pessoas melhoraram seu nível de vida. De fato, pela primeira vez desde a Revolução Industrial, cerca de metade da população mundial pode ser considerada de classe média.

6. A democracia avança

Ao longo da história da humanidade, as pessoas viveram submetidas a regimes opressivos antidemocráticos. Hoje, cerca de metade da população mundial vive em democracia. Entre as que ainda estão em autocracias, 90% vivem na China. No entanto, o país asiático está mudando de rumo, então, há razões para acreditar que o desenvolvimento econômico sustentado levará a sua democratização (de acordo com a Teoria da Modernização).

7. O número de conflitos está diminuindo

A história do mundo é a história de sua divisão pelos conflitos. De fato, pelo menos duas das grandes potências estiveram em guerra durante mais de 50% do tempo desde 1500, aproximadamente.

Enquanto a primeira metade do século XX foi especialmente sangrenta, com duas guerras mundiais em um pequeno intervalo, o período posterior poderia ser descrito como pacífico. Pela primeira vez em toda a história não houve guerras ou conflitos na Europa Ocidental em três gerações, e organizações internacionais como a União Europeia e as Nações Unidas têm sido peças fundamentais para trazer estabilidade ao mundo.

Este artigo foi publicado originalmente por The Conversation em inglês

Julius Probst é doutorando em História Econômica na Universidade de Lund.

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