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Furacão Leslie deixa 27 feridos leves, 61 desalojados e 325.000 sem energia em Portugal

O furacão chegou à Espanha enfraquecido e foi rebaixado a tormenta tropical, mas cinco comunidades mantém alerta laranja, o segundo nível em uma escala de três, pelas tormentas

V. Torres
Previsão da trajetória do furacão Leslie nas próximas horas.
Previsão da trajetória do furacão Leslie nas próximas horas.

O furacão Leslie, que atingiu Portugal com ventos de até 190 quilômetros por hora, deixou 21 feridos leves, 61 desalojados e cerca de 325.000 pessoas sem eletricidade durante a madrugada deste domingo, 14. Segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), os 27 feridos leves foram encaminhados a centros médicos e já puderam regressar às suas casas. Leslie chegou à Espanha neste domingo rebaixado a tormenta tropical, com ventos superiores a 100 quilômetros por hora, conforme informações da Agência Estatal de Meteorologia (Aemet). No entanto, está mantido o alerta laranja, segundo nível de aviso em uma escala de três, em cinco comunidades espanholas: Aragón, Navarra, Catalunha, Baleares e Comunidade Valenciana. A tormenta chegou enfraquecida ao território espanhol e, diferente de Portugal, até o momento causou consequências menores no país, como um incêndio em Zamora.

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Neste sábado, 13, o Furacão Leslie se afastaou das Ilhas Canárias em direção à costa de Portugal, de San Vicente até o Porto, onde entrou no final da tarde e permanecerá durante o domingo, já na forma de um "poderoso ciclone pós-tropical", rumo ao nordeste da península ibérica, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) e a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet), da Espanha. A previsão era de que deixaria em seu rastro fortes rajadas de vento de até 190 quilômetros por hora e chuvas intensas, que localmente podem ser superiores a 75 litros por metro quadrado em 24 horas, por isso a Aemet divulgou para o domingo avisos amarelo e laranja –o primeiro e o segundo níveis de uma escala de três– em 39 províncias espanholas, além de Ceuta e Melilha.

O Leslie recebeu esse nome quando se tornou uma tempestade tropical no Atlântico Central em 23 de setembro, depois passou a furacão de categoria 1, se enfraqueceu até chegar a uma tempestade tropical e novamente se tornou um furacão nesta quinta-feira, 11 de outubro. Começou a se deslocar em direção ao Atlântico Oriental, aproximando-se dos Açores, Canárias e Madeira, e a incerteza na sua trajetória era tamanha que na quarta-feira havia as hipóteses de que poderia alcançar o noroeste das Canárias, Marrocos ou o oeste da península ibérica.

O NHC, órgão com sede em Miami e responsável pelo monitoramento de ciclones tropicais no Atlântico Norte, indicou em seu último boletim que o centro do fenômeno –ainda um furacão– estava às 11 horas da manhã deste sábado (6 horas em Brasília), em 36.2 N e 16,7. W (cerca de 400 quilômetros ao norte da ilha da Madeira), com uma pressão mínima de 980 hectopascals. Ele se move para o leste-nordeste a uma velocidade de 61 quilômetros por hora com ventos máximos sustentados de 120 quilômetros por hora e rajadas de até 148 quilômetros. Segundo esses dados, o Aemet explica que se prevê que o Leslie "toque terra perto de Lisboa e se desloque pelo interior da península no rumo nordeste como um poderoso ciclone pós-tropical".

Em seu aviso especial, atualizado às 14h deste sábado em Madri (9 horas em Brasília), a meteorologia indicava que ao longo do dia o furacão afetaria “as zonas marítimas da Madeira e Josefina, entrando em sua parte ocidental com ventos de força 12 e mar encrespado". Na Madeira, segundo um dos porta-vozes da Aemet, Rubén del Campo, "encontrará águas frias e um ambiente mais seco, o que fará com que perca a sua condição de ciclone tropical". Assim, quando chegar à península ibérica, será "um ciclone extratropical, uma espécie de temporal", acrescenta.

O fenômeno, segundo o comunicado, "continuará a evoluir no sentido nordeste, entrando no final da tarde nas zonas marítimas de São Vicente e Porto como um ciclone pós-tropical, mas mantendo ventos com força de furacão, de 120 quilômetros por hora, e causando ondas de mar muito “agitadas ou encrespadas".

Por volta da meia noite (hora local peninsular deste domingo), "se espera que entre em terra na área de Lisboa, ainda com ventos de até força 12". Depois seguirá para o nordeste, perdendo intensidade, e chegará ao “território espanhol durante a madrugada, com intensidade de tempestade tropical". A Aemet adverte que, "uma vez em terra, sua trajetória é muito mais incerta", então, por enquanto, é impossível determinar exatamente a localização inicial do ciclone quando entrar na Espanha, com um leque que o situa "entre Zamora e Cáceres ", onde poderão ocorrer rajadas de vento em torno de 190 quilômetros por hora, especialmente em áreas altas.

A partir da manhã deste domingo, a Aemet acredita que se enfraquecerá "consideravelmente à medida que avançar para nordeste". Durante o domingo são esperadas "precipitações generalizadas" na península como resultado de três fatores: os “restos” de Leslie, as "frentes muito ativas que cruzarão a península de oeste a leste" e a persistente entrada do "fluxo (de ar) do Mediterrâneo" sobre o nordeste peninsular". Esses aguaceiros "podem ser localmente fortes ou muito fortes e, de modo geral, irão se deslocar de oeste para leste". Segundo a Aemet, os mais intensos ocorrerão "no domingo de manhã em grandes áreas das Astúrias, León e Cantábria" e, durante a tarde, em partes do nordeste.

Esta previsão se traduz em um mapa de alertas no qual 39 províncias espanholas, mais Ceuta e Melilla, têm neste domingo avisos de chuva, tempestades, vento e fenômenos costeiros. Trata-se de toda a Andaluzia, Aragão, Cantábria, toda Castela e Leão menos Burgos e Soria, Catalunha, Madri, Navarra, Comunidade Valenciana, Extremadura, toda a Galícia, exceto Lugo, Ibiza e Formentera, País Basco, Astúrias, Múrcia e as duas cidades autônomas.

Os avisos são todos amarelos, o primeiro nível de uma escala de três, exceto pelas chuvas em Aragão, Leão, Lleida, Tarragona, Navarra e Castelló, onde é laranja, o segundo nível, que representa um risco importante e um certo grau de perigo para as atividades habituais, bem como pelos ventos em Ávila, Salamanca, Segóvia, Zamora e Cáceres.

Já o Instituto Português do Mar e da Atmosfera colocou em alerta vermelho 13 dos 18 distritos do território continental luso, principalmente no norte e centro do país, onde se previa que os efeitos do furacão começariam a ser sentidos a partir das 18 horas, pelo horário local (22 horas em Brasília), de acordo com a Efe. O Leslie é considerado o pior furacão a chegar a Portugal desde 1842, o que levou a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) a pedir neste sábado aos portugueses que não saíssem à rua e retirassem os carros de debaixo das árvores para evitar danos. Segundo a ANPC, o período crítico em Portugal será entre as 23 horas (horário em Lisboa) no sábado e as 4 horas deste domingo, quando as rajadas podem alcançar 120 quilômetros por hora.

No momento não está previsto que Portugal feche as duas pontes que cruzam o Tejo, dando acesso a Lisboa, embora as autoridades não descartem a possibilidade de ter que recorrer a esta medida se a situação se complicar, informa a Efe. A capital se prepara para receber a tempestade. Vários abrigos e duas estações de metrô permanecerão abertos durante a noite para acolher os sem-teto, anunciou em entrevista coletiva o prefeito de Lisboa, Fernando Medina.

Além disso, a Autoridade Marítima Nacional decidiu fechar para a navegação nove portos do país e algumas estradas costeiras permanecem vedadas ao tráfego. A Defesa Civil pediu na tarde deste sábado aos pescadores que retornem a terra, reportou a Efe. A empresa de eletricidade Energias de Portugal (EDP) avisou a população que o fornecimento de energia poderá ser afetado pelo furacão Leslie e vai reforçar as medidas nas áreas onde se prevê maior impacto. A previsão meteorológica também levou ao cancelamento de espetáculos e à mudança no horário da Maratona de Lisboa, que se realizará neste domingo, mas começará uma hora depois do anunciado originalmente, para evitar os efeitos da tempestade.

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