Os restaurantes espanhóis mais ‘buenos, bonitos y baratos’ de São Paulo
Maripili e Museo Verónica são fiéis a cores e sabores da Espanha de todos os dias
Todos atendem por nome de mulher: María del Pilar, Verónica e Carmen. E são a tríade dos restaurantes buenos, bonitos y baratos do circuito de gastronomia tipicamente espanhola de São Paulo. E o melhor: aprovados por brasileiros e por muitos dos espanhóis que vivem na cidade.
Breve glossário
paella: prato típico de Valência, na Espanha, feito à base de arroz, carnes ou frutos do mar e verduras.
tortilla de patatas: uma espécie de omelete com pedaços de batata cozida.
gazpacho: sopa fria à base de tomate, pimentão, pepino e outras hortaliças. Muito comum no sul da Espanha.
patatas bravas: batata cortada mais ou menos em cubos, frita e acompanhada de um molho de tomate picante.
parrillada de verduras: pedaços grelhados de verduras, como abobrinha, pimentão e beringela e cebola.
lentejas: lentilhas cozidas, temperadas e servidas como uma sopa grossa.
salir de tapas: sair para beber bebidas alcólicas, como cerveja ou vinho, que vêm acompanhadas de canapés ou pequenas porções de comida, que além de ir bem com os drinks evitam que o álcool suba rápido demais à cabeça.
Quem veio ao mundo primeiro foi o Maripili (apelido simpático para María del Pilar), na Chácara Santo Antônio, em 2009, e alguns anos depois, em 2013, nasceu o Museo Verónica, em Moema. Carmen, la loca vem aí em breve e, apesar de ser um espaço à parte, dividirá parede com o Maripili, que está localizado em uma esquina de uma rua gastronomicamente pouco badalada da cidade, a Alexandre Dumas. Por trás da história deles, está o importador de vinhos Dario Taibo, filho de espanhóis nascido no Brasil que, em dez anos vivendo em Madri, “nunca, jamais”, comeu uma paella. Nada contra o mais famoso dos pratos da Espanha – que ele afirma, porém, que não é “tão comum assim”.
“Abri o Maripili junto com um amigo argentino, porque sentia falta de comer umas coisas”, diz o empresário, responsável ele mesmo pelo grifo ao final da frase. “Os restaurantes espanhóis de São Paulo batem muito em pratos como a paella e raramente oferecem as tapas que são mais comuns no dia a dia de um espanhol”. Taibo se refere a receitas da comida espanhola cotidiana, como a tortilla, o gazpacho, as patatas bravas, a parrillada de verduras, as lentejas, os embutidos (especialmente o jamón) e tantos outros exemplos do que um cidadão na Espanha comeria no almoço ou no jantar se cozinhasse em casa ou se saísse à procurar de algo simples para matar a fome. Para quem não está familiarizado com eles, veja ao lado o breve glossário que acompanha este texto.
Definido o escopo caseiro da empreitada, Taibo partiu com o sócio à busca de um ponto comercial no bairro onde fica seu escritório. “Para ter onde almoçar”, diz ele brincando – ou talvez não. Encontraram um local despretensioso em uma esquina qualquer, e o ambiente estava dado para o que comprovou ser uma receita de sucesso, garantida não só pela comida simples e saborosa, mas também pelos preços justos. “Os preços dos restaurantes de São Paulo me assustam. Não entendo até hoje alguns valores astronômicos, porque mesmo cobrando pouco, consigo ganhar dinheiro”, confessa. Por essa razão, quem visitar o Maripili poderá facilmente comer duas ou três porções (que na lógica espanhola de salir de tapas – veja no glossário – costumam ser pequenas) e gastar uns 50, 60 reais. “Na nossa cozinha, não temos chefs, temos bons cozinheiros cozinhando com ingredientes relativamente comuns. Não tem porque ser caro”.
Para a sorte de quem bebe vinho à mesa com prazer, há um menu com várias e boas opções que são servidas em taça ou em garrafa – e eles seguem a lógica humana de precificação da casa. Seu dono, claro, viaja, experimenta e lê muito e, portanto, sabe de vinhos – e não só de seu sabor e sua qualidade, mas de quanto eles realmente valem, quais safras têm um bom custo-benefício etc. Para dar conta das novidades, uma lousa escrita a giz informa as opções fora do cardápio, assim como acontece com a comida. O sucesso é tão grande, mesmo sendo o Brasil um país onde não se toma tanto vinho, que é fácil dar uma espiada a qualquer hora no Maripili – que tem um balcão, sete mesas, não aceita reservas e vive cheio – e encontrar garrafas em quase todas as mesas, mesmo ao meio-dia.
No Museo Verónica, a história é um pouco diferente, mas digamos que seja igual. O restaurante, localizado em um ponto mais badalado da cidade, em Moema, tornou-se realidade quando um jovem cozinheiro do Maripili voltou de alguns anos de experiência em cozinhas da Europa (Portugal, Espanha, França e Inglaterra) e convocou Dario para abrir com ele um lugar. João Calderón, que é brasileiro e descende também de espanhóis, abraçou a ideia do sócio de que fosse um autêntico lugar de comida espanhola – que apesar de ter sua assinatura, não tinha de ter um menu “afetado”. “A filosofia do Verónica é similar à do Maripili. São pratos tipicamente espanhóis, mas com a assinatura do João”, esclarece o empresário, que tomou gosto pelo vinho e pela comida, além de vasto conhecimento, “enquanto bebia e comia”.
Quando questionado sobre o que seria, no fim das contas, a tal comida espanhola, Dario se engaja em explicar que ela não existe, assim como não existe o que por aí chamam de “bar de tapas”. “Não existe uma cozinha da Espanha, e sim a cozinha madrilenha, a galega, a sevilhana etc. E, apesar de ser possível encontrar um lugar com uma placa dessas no Brasil e até mesmo na Espanha, não existe ‘bar de tapas’. Todo bar é de tapas, porque tapa é mais do que uma porção comida de pequena ou um canapé. É uma forma cultural de comer”. É onde a coisa toda soa confusa, e a barriga começa a roncar. A solução seria viajar à Espanha ou visitar o Maripili e o Museo Verónica para descobrir de qué coño ele está falando.
Maripili
Rua Alexandre Dumas, 1152
Chácara Santo Antônio
Telefone: (11) 5181-4422
Museo Verónica
Rua Tuim, 370
Moema
Telefone: (11) 5051-2654
Carmen La Loca
Abertura em agosto
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.