Governador de Nova York assediou mulheres durante anos, conclui investigação
Ações do democrata Andrew Cuomo incluem abusos físicos, comentários e represálias contra uma subordinada que o denunciou, segundo investigação independente da Procuradoria. O político diz que não vai renunciar
O governador de Nova York, Andrew Cuomo, um peso pesado do Partido Democrata —e cujo nome ventilava como possível presidenciável nos próximos anos— assediou sexualmente várias mulheres durante anos, além de ter adotado represálias contra uma vítima que o denunciou por isso. É o que concluiu uma exaustiva investigação independente encomendada pela Procuradoria dos EUA, respondendo às primeiras denúncias públicas que surgiram em meados de dezembro e só aumentaram no mês seguinte. As ações de Cuomo, conclui a operação, incluem abusos físicos, comentários e intimidação para dissuadir denúncias e violam leis federais e estaduais. Além disso, deixam o nome do destacado político norte-americano, que é filho do conhecido governador Mario Cuomo e irmão do astro da CNN Chris Cuomo, com um turbulento cenário para seguir em frente. Até aqui, o governador segue negando as acusações e inclusive deixou claro que se recusa a renunciar, mesmo diante das pressões de seu próprio partido. Nesta terça-feira (3), apesar da conclusão devastadora do inquérito, ele reiterou sua posição de se manter no cargo.
As investigações duraram cinco meses e estiveram a cargo de dois advogados independentes que entrevistaram 179 pessoas, analisaram 74.000 materiais (entre e-mails, documentos, mensagens e fotos) e interrogaram o próprio governador durante 11 horas. O documento final, de 165 páginas, descreve um ambiente tóxico, de “medo e intimidação”, propício para que abusos aconteçam e permaneçam impunes. Joon H. Kim, um dos dois advogados à frente do caso, ressaltou em entrevista coletiva que “nossa investigação revelou que esses não foram incidentes isolados, mas, sim, parte de um padrão de comportamento”.
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Clique aquiA coletiva de imprensa também foi devastadora pela narração dos fatos denunciados. A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, chamou as revelações de “perturbadoras”, enfatizando que o governador cometeu crimes —“violou leis estaduais e federais”— que, a despeito de uma investigação em nivel civil e da prescrição de alguns casos, tornam sua permanência “insustentável”. Em seguida, os investigadores deram detalhes sobre os casos. Além de resgatar nomes conhecidos no caso, que vieram à tona entre dezembro e março, o relatório também trouxe novos depoimentos, como o de uma policial que Cuomo havia solicitado que ficasse a seu serviço.
Cuomo, de 63 anos, viveu um 2020 de glória aos olhos da opinião pública por sua capacidade de se comunicar durante a crise da pandemia. No entanto, entre o final do último ano e o início de 2021, duas crises graves começaram a emergir: primeiro, a falsificação de dados para esconder a má gestão de lares de idosos; depois, as primeiras denúncias públicas de assédio. Em março, 15 congressistas democratas pelo estado de Nova York, entre eles os destacados Chuck Schumer (líder da bancada majoritária no Senado), Alexandria Ocasio-Cortez e Jerry Nadler, pediram a renúncia do governador. Cuomo alegou ser inocente e pediu, então, uma investigação independente.
As conclusões dessa investigação acabam de ser anunciadas, mas não alteram as posições do político acerca do caso. Em mensagem de vídeo gravada, o governador se dirigiu ao público insistindo em sua inocência: “Quero que saibam diretamente de mim que nunca toquei em ninguém de forma inadequada e nem fiz insinuações sexuais de mesma natureza”, afirmou, acrescentando que “a política e intenções tendenciosas” estiveram presentes “em todos os aspectos dessa situação”.
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