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Bill Cosby sai da prisão após um tribunal dos EUA anular sua condenação por abuso sexual

O ator, que cumpria a sentença desde 2018, é libertado

Bill Cosby
Bill Cosby em frente ao tribunal da Pensilvânia em 2018.Matt Slocum (AP)
Antonia Laborde
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A Suprema Corte da Pensilvânia anulou nesta quarta-feira a condenação por abusos sexuais contra Bill Cosby, a primeira pessoa famosa julgada e condenada na era do movimento #MeToo. Em uma reviravolta inesperada em seu caso, horas depois da decisão o ator de 83 anos saiu da prisão onde cumpriu mais de dois anos de uma sentença que o condenou a passar de três a dez anos na cadeia. Cosby foi condenado à prisão em 2018 por abusar de Andrea Constand, a quem ele drogou e abusou sexualmente em 2004. Os promotores não informaram se irão apelar.

A razão para a volta neste caso notório remonta a 2005, quando Cosby foi investigado pelo caso Constand. Sob juramento, ele admitiu ter comprado drogas para fornecer às mulheres a fim de manter relações sexuais com elas. Em um áudio, o ator afirmou ter adquirido Quaaludes — uma droga sedativo-hipnótica metaqualona — antes de iniciar o que ele descreveu como “atos sexuais consensuais”.

Apesar das evidências, um promotor distrital do condado de Montgomery chegou a um acordo que permitiu que o ator não fosse processado. Kevin Steele, o promotor que sucedeu aquele que assinou o acordo, reabriu o caso e indiciou Cosby em 2015, quando a gravação foi divulgada. No primeiro julgamento realizado em junho de 2017, os jurados deliberaram durante seis dias sem chegarem a um acordo, por isso o julgamento foi declarado nulo.

O tribunal superior da Pensilvânia argumentou na quarta-feira que o promotor Steele, que tomou a decisão de prender o ator, estava vinculado à promessa de seu antecessor de não acusá-lo.

Cosby foi condenado e sentenciado em 2018 no primeiro julgamento criminal de uma celebridade na era do #MeToo. O júri decidiu contra o comediante por três motivos: penetração sem consentimento, penetração em estado de inconsciência e penetração após ter administrado um estupefaciente. Em 2004, Costand, então com 30 anos, trabalhava como administradora do time de basquete da universidade que Cosby, de 66 anos, apoiava. A mulher contou no julgamento que o ator deu a ela três comprimidos azuis e a penetrou com os dedos enquanto ela estava deitada e imobilizada no sofá, impedindo-a de resistir ou consentir. O ator reconheceu os fatos ocorridos em sua mansão na Filadélfia, mas garantiu que se tratava de uma relação consensual.

Os promotores disseram que a celebridade se valeu repetidamente de sua fama e personalidade de “homem de família” para manipular dezenas de jovens, passando-se por mentor. Mais de 60 mulheres acusaram o comediante de abusar sexualmente delas entre os anos 1960 e 2000, embora nenhum caso tenha sido bem-sucedido, exceto o de Constand, o único que não havia prescrito.

Em maio deste ano, ele teve sua liberdade condicional negada após se recusar a participar de programas de reabilitação para criminosos sexuais durante seus mais de dois anos em uma prisão próxima à Filadélfia. O ator sempre negou as acusações e argumentou que todas as relações pelas quais foi processado eram consensuais. “Quando eu estiver em liberdade condicional, não me ouvirão dizer que me arrependo”, disse ele na prisão em uma entrevista de 2019 para o BlackPressUSA.com, um portal dedicado à comunidade negra.

Por meio século, o outrora conhecido como o ‘Pai da América’ foi uma das figuras mais populares do show business nos Estados Unidos. O comediante afro-americano, que conseguiu quebrar as barreiras raciais de Hollywood, estrelou suas próprias séries (The Bill Cosby Show, The Cosby Show e Cosby), que foram transmitidas intermitentemente do final dos anos 1960 até 2000. Durante sua bem sucedida carreira na indústria do entretenimento, fez uma fortuna estimada em 400 milhões de dólares (1,98 bilhão de reais).

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