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Bill Cosby admitiu ter drogado mulheres para ter relações sexuais

A declaração do ator norte-americano foi dada em 2005, ao prestar depoimento judicial

O ator e humorista Bill Cosby admitiu sob juramento ter comprado sedativos e outras drogas para dar a mulheres com quem queria ter relações sexuais. Sua declaração foi dada em 2005, quando o ator, conhecido durante anos como o “pai da América”, prestou depoimento judicial em resposta a uma denúncia feita por uma ex-funcionária da Universidade Temple, da qual Cosby foi o rosto mais visível durante três décadas.

Obtida com exclusividade pela agência de notícias norte-americana Associated Press, a declaração foi difundida apesar dos protestos dos advogados de Cosby, que pediram aos tribunais de Filadélfia encarregados do caso que não revelassem o teor do depoimento, dado que “seria terrivelmente vergonhoso” para seu cliente.

Durante seu depoimento de 2005, o protagonista do The Cosby Show afirmou ter comprado Qaaludes, um sedativo hipnótico, para dar às mulheres com quem queria ter relações sexuais. No mesmo depoimento de dez anos atrás, Cosby admitiu que tinha dado a droga a pelo menos uma mulher e “a outras pessoas”. À suposta vítima que o denunciou na ocasião, identificada pelo TMZ como Andrea Constand, Cosby teria dado três comprimidos anti-histamínicos Benadryl, que podem ser comprados em farmácias e supermercados e podem provocar sonolência.

O depoimento do ator vem à tona num momento em que, especialmente nos últimos 12 meses, mais de duas dúzias de mulheres alegaram que o popular ator pode tê-las drogado e violentado. Alguns desses incidentes teriam ocorrido quatro décadas atrás. Ainda não foram abertas acusações criminais contra o ator, e é possível que muitas dessas denúncias já tenham prescrito —ou seja, que o prazo em que o suposto agressor poderia ser processado nos tribunais já se esgotou.

A declaração de Cosby em 2005.
A declaração de Cosby em 2005.Matt Rourke (AP)

Mas as consequências dessa longa lista de acusações já se fizeram sentir na carreira pública de um artista que durante todo este tempo sempre afirmou sua inocência. Em dezembro passado Cosby pediu demissão do conselho da Universidade Temple, onde ele, que nasceu em Filadélfia, fez seus estudos e para a qual ajudou a arrecadar fundos durante anos. Vários trabalhos na televisão que teriam sua participação foram cancelados ou abandonados, e sua turnê com o monólogo Far From Finished vem sendo bombardeada por protestos e cancelamentos.

O processo que levou o artista a reconhecer sob juramento que comprou barbitúricos com a intenção de drogar suas supostas vítimas foi encerrado com um acordo extrajudicial cujos detalhes não foram divulgados. Como revela a revista Time, as declarações de Cosby, apesar de serem referentes a um caso anterior, são cruciais para o futuro das novas denúncias. Seu efeito se fará notar especialmente sobre os defensores do ator, entre os quais existia o sentimento de que Cosby, que ao longo de sua carreira sempre alimentou a imagem de padrinho e benfeitor, seria incapaz de fazer algo assim. Agora, e em suas próprias palavras, se sabe que Cosby disse que é, sim, capaz de comprar drogas para ter relações sexuais e dá-las às mulheres que deseja, se necessário.

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