Coronavírus cresce em metade da Europa e medo de segunda onda invade o continente
Infecções aumentam em 28 de 55 países da região europeia monitorados pela OMS e casos passam de três milhões. "Perigo de uma segunda onda é real”, afirma o ministro da Saúde alemão, enquanto presidente português admite que país ainda não superou a primeira
O novo coronavírus está crescendo de novo em meia Europa. Nos últimos 14 dias, 28 dos 55 países que compõem o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) chama de Região Europeia registraram um recrudescimento da pandemia, alcançando a soma de três milhões de casos e 207.000 mortes causadas pela covid-19 desde o início da crise. Os dados do Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) completam a fotografia com os casos por 100.000 habitantes nestas últimas duas semanas, um lista encabeçada com as piores cifras por Luxemburgo, Suécia, Portugal, Bulgária e Romênia. No lado oposto da tabela estão Noruega, Estônia, Hungria, Finlândia e Malta. O ECDC estuda menos países que a OMS (31 frente a 55), por isso a cifra total de casos em sua estatística é de 1,6 milhão de casos.
A seguir, um resumo da situação da pandemia em alguns dos principais países da Europa Ocidental.
Reino Unido. Boris Johnson descarta novo confinamento
O Reino Unido já registra quase 300.000 casos confirmados de coronavírus, e o número total de mortos supera 45.000, a cifra absoluta mais alta de toda a Europa. No sábado passado foram registrados mais 40 mortos. Será o último dado público durante as próximas semanas. O Governo britânico, que recebe com notável irritação as comparações com outros países, detectou um possível erro de cálculo e ordenou que a divulgação de informações ao público seja suspensa até sua resolução.
Os cientistas do Governo advertem nos últimos dias para a possibilidade alta de uma segunda onda do vírus no outono (a partir de setembro), apesar de sua satisfação de ter conseguido achatar a curva nas últimas semanas. Primeiro foram os parques, depois os comércios e finalmente a hotelaria que foram reabrindo, sempre atrás de outras nações europeias. Desde então, só um surto disparou os alarmes. Foi na cidade de Leicester, de 330.000 habitantes, no meio de uma das regiões mais pobres da Inglaterra, as Midlands. O Governo reimpôs ali um confinamento que, em todo caso, nunca teve o rigor do adotado em outros países, como a Espanha.
O primeiro-ministro Boris Johnson descartou em uma entrevista ao The Daily Telegraph a possibilidade de um novo confinamento no outono, contrariando o que havia dito na semana passada o cientista-chefe do Governo, Patrick Vallance.
Desde sábado, as autoridades locais receberam poderes extraordinários do Governo para reagir autonomamente perante possíveis repiques. Poderão proibir concentrações públicas e reuniões privadas com muitas pessoas, fechar locais, edifícios e até espaços ao ar livre.
Portugal. A situação não melhora
“Já se fala do próximo surto, mas ainda não saímos do atual”, afirmou na semana passada o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa. A cifra de contágios oscila entre 200 e 300 por dia, sem uma melhoria significativa desde o final de maio. O país registra ao todo mais de 48.000 casos, e quase 1.700 pessoas morreram por causa do coronavírus. Do ponto de vista da taxa de novos infectados por dia por 100.000 habitantes, seu desempenho só não é pior que os de Luxemburgo e Suécia ―que, durante o auge da crise, se negou a decretar o confinamento obrigatório.
A área metropolitana de Lisboa concentra a imensa maioria das novas infecções (quase 80%), sobretudo em bairros da periferia onde há aglomerações, alta densidade populacional e uso intensivo do transporte público. O aumento na frequência das rotas e o reforço dos esquadrões sanitários anunciado pelo Governo ainda não dão resultados evidentes.
França. Um olho na fronteira
O país vigia com um olho a sua fronteira com a Espanha, e com outro o seu próprio território. Embora a obrigação de usar máscara em espaços públicos fechados só entre em vigor nesta semana, muitos franceses ―até agora mais relaxados do que o necessário frente à ameaça da covid-19, que causou mais de 30.000 mortos no país desde o seu início― já começaram a usá-la. Não é para menos.
A França vive uma situação que, ainda sem fazer dispararem os alarmes, “chama a estarmos vigilantes”, como disse o primeiro-ministro Jean Castex na sexta-feira passada. Nos últimos dias se constatou uma aceleração da epidemia na França sobretudo na Bretanha, onde a taxa de reprodução é de 2,62 (cada pessoa contagiada infecta de média 2,62 outras por dia), embora as autoridades sanitárias locais assegurem que a situação “não é alarmante no momento”. Também cresceu no departamento de Mayenne, no noroeste do país, e inclusive na região de Paris, onde há “sinais fracos de repique”.
Itália. Estado de emergência
As autoridades sanitárias da Itália alertaram que nas últimas duas semanas houve um ligeiro aumento de novos contágios e pediram cautela. Nos últimos dias se registrou uma média de entre 180 e 200 novos contágios por dia. Ao todo, desde o início da pandemia, foram infectadas quase 250.000 pessoas, das quais mais de 35.000 morreram. Em alguns lugares, como Roma, surgiram focos relacionados a cidadãos procedentes do exterior, como Bangladesh, o que levou ao cancelamento de voos para esse e outros países.
O Governo italiano deverá decidir nos próximos dias se prolonga e até quando o estado de emergência, que permite a adoção de medidas extraordinárias e que expira em 31 de julho. O primeiro-ministro Giuseppe Conte anunciou há alguns dias que estava avaliando uma prorrogação até 31 de dezembro e recebeu críticas da oposição e de alguns sócios da coalizão.
Alemanha. Vírus sob controle
O país soma um total de 201.574 casos e 9.084 mortos, enquanto que cifra de pessoas recuperadas ascende a mais de 187.400. A Baviera é o Estado mais castigado, com 49.710 casos e 2.616 mortos. “Pode-se dizer que o vírus está sob controle na Alemanha”, afirmou o ministro-chefe da chancelaria, Helge Brauen, em uma entrevista ao jornal Bild am Sonntag. O político acrescentou que os grandes eventos culturais e os jogos de futebol com público poderiam ser autorizados no quarto trimestre e sentenciou que o uso obrigatório das máscaras teria que ser mantido até que uma vacina seja aprovada.
O ministro da Saúde, Jens Spahn, entretanto, advertiu em um pronunciamento público que não se pode baixar a guarda. “O perigo de uma segunda onda é real”, afirmou.
Países Baixos. Ruas fechadas em Amsterdã
O medo de uma segunda onda de coronavírus levou a Prefeitura de Amsterdã a fechar ruas e regular o fluxo de pedestres neste fim de semana no centro da cidade para reduzir o risco de propagação do vírus. No Bairro da Luz Vermelha, célebre pela prostituição nas vitrines e que foi reaberto em 1º de julho, pode-se circular em uma só direção.
Nos Países Baixos, cujas autoridades já vinham informando apenas uma vez por semana sobre a evolução do vírus, havia 51.146 casos e 6.135 mortes até 14 de julho. Outros 11.892 pacientes estão ou estiveram hospitalizados. Todas as pessoas com sintomas podem pedir um teste aos serviços municipais de saúde, e entre 1º de junho e 12 de julho foram feitos 369.287 exames: 1% deu positivo.
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Com informação de Pablo Linde (Madri), Rafa de Miguel (Edimburgo), Felipe Sánchez (Lisboa), Silvia Ayuso (França), Lorena Pacho (Roma), Enrique Müller (Berlim) e Isabel Ferrer (Haia).
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