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Johnson elimina o confinamento em restaurantes e pubs para resgatar a economia do Reino Unido

Governo britânico anuncia que o fim parcial das restrições começa em 4 de julho

Rafa de Miguel
Os pubs poderão reabrir a partir de 4 de julho. Na foto, um estabelecimento em Londres nesta terça-feira.
Os pubs poderão reabrir a partir de 4 de julho. Na foto, um estabelecimento em Londres nesta terça-feira.ANDY RAIN (EFE)
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TOPSHOT - A surgeon checks the intravenous drip of one of his COVID-19 patients, at the Oceanico hospital in Niteroi, Rio de Janeiro on June 22, 2020, during the coronavirus pandemic. (Photo by CARL DE SOUZA / AFP)
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Boris Johnson foi o último a reagir a um vírus selvagem e também será o que mais tarde tirou o pé do freio, mas ele também não foi capaz de resistir ao clamor dos que exigem que a economia seja ressuscitada, depois de três meses em coma induzido. O Governo britânico anunciou o fim da regra dos dois metros de distanciamento social a partir de 4 de julho. O novo critério será o do One Meter Plus (mínimo de um metro), para permitir que hotéis, restaurantes e pubs retomem suas atividades e, assim, salvar a temporada de verão.

O anúncio de Johnson foi recebido com gritos de “Aleluia!” em um Parlamento semivazio, mas o tom cauteloso, quase temeroso, do primeiro-ministro mostrou que a pandemia conseguiu mudar até a personalidade do político mais temerário nas últimas décadas. “Ir ao pub é uma grande instituição britânica. Anima-se a convocar para 4 de julho todos os cidadãos a expressarem seu patriotismo e ir aos pubs?”, desafiou o deputado conservador Gareth Johnson, dirigindo-se a Johnson. “Estou tão feliz como sua senhoria porque as pessoas vão conseguir recuperar algumas de suas liberdades, mas continuo pedindo a todos que ajam de maneira responsável”, respondeu Johnson, sem cair na provocação.

Um dia antes do anúncio, a média do número de mortes por covid-19 no Reino Unido era de 130 pessoas. Muito longe do pico de 943 em 14 de abril, mas não baixo o suficiente para tranquilizar uma parte da comunidade científica que não acredita que chegou a hora de baixar a guarda. “Hoje podemos dizer que nossa longa hibernação nacional começa a chegar ao final e que a vida retorna às nossas lojas, ruas e casas. Um novo otimismo, embora cauteloso, é palpável, mas ainda é bem possível a queda de outra nevasca. Por isso, confiamos em que o senso comum e o espírito comunitário do povo britânico prevalecerão, e as recomendações serão obedecidas”, implorou Johnson.

Não é a primeira vez que ele apela ao bom senso para que sejam cumpridas normas que, durante os três meses em que o confinamento durou, careceram de clareza e detalhamento, e não foram impostas com a rigidez observada em outros países europeus. Isso podia ser visto em parques e praias do Reino Unido quando, em teoria, não mais que seis pessoas poderiam se reunir ao ar livre.

A partir de 4 de julho, pubs, restaurantes e cabeleireiros reabrirão as portas sob rígidas medidas que ainda serão finalizadas. As normas vão requerer mesas em que os clientes fiquem de costas uns para os outros, impedirão que os clientes permaneçam de pé e definirão turnos rigorosos de trabalhadores, além de telas de proteção em espaços que, em circunstâncias normais, já possuem uma margem de mobilidade quase impossível.

Até essa data, permanecem as chamadas “bolhas de apoio” estabelecidas na primeira fase da redução das restrições. Em teoria, reuniões dentro de uma casa só são possíveis entre dois núcleos familiares ―sempre os mesmos― e um deles deve consistir de um único habitante ou um adulto com menores sob seus cuidados. Era a maneira de relaxar um confinamento que havia separado pais e avós de filhos e netos ou casais que não viviam sob o mesmo teto. A partir de 4 de julho, não haverá mais um limite para o número de pessoas se reunirem em ambientes fechados, embora permaneça a restrição de apenas dois núcleos familiares.

O relaxamento também incluirá academias ao ar livre, playgrounds, cinemas, museus, galerias, parques temáticos, bibliotecas e locais de culto religioso. E, claro, os clubes sociais, que compõem a essência britânica. Todos os locais em que o Governo considera viável respeitar a norma de um metro de distância ou onde a possibilidade de transmissão do vírus possa ser mais controlada. Ainda não há data definida para a reabertura de casas noturnas, academias de ginástica cobertas, piscinas, parques aquáticos, boliches ou spas.

Os hotéis também podem abrir as portas e, portanto, os cidadãos poderão passar a noite fora de casa. Até 29 de junho, a quarentena imposta a viajantes estrangeiros continuará em vigor. O Governo anunciou a revisão desta medida, severamente criticada pela indústria do turismo, enquanto negocia bilateralmente com países com intenso intercâmbio no verão, como França, Itália ou Espanha, o estabelecimento de "corredores aéreos" que eliminem  na prática a restrição.

Johnson tem contado com o apoio construtivo do líder da oposição, Keir Starmer, que festejou o anúncio e acrescentou que estudará com cuidado os detalhes da nova fase. "Acho que o Governo está fazendo a coisa certa e terá nosso respaldo", disse Starmer.

As medidas anunciadas, o “SuperSábado” ―como a mídia britânica já apelidou a novidade― serão impostas apenas na Inglaterra. As demais regiões autônomas do Reino Unido ―Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte― mantêm seu próprio ritmo de desaceleração e, por enquanto, não abandonarão a regra dos dois metros de distância. “É responsabilidade deles, e eles responderão em seu próprio ritmo ao critério unificado de nossos consultores médicos”, reconheceu Johnson. O atrito entre as diferentes administrações ―especialmente entre Londres e Edimburgo― se agravou à medida que a pandemia se tornava mais intensa.

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