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Republicanos iniciam investigações sobre o trabalho do filho de Joe Biden na Ucrânia

Senado dos EUA, de maioria conservadora, autoriza intimações para investigar os negócios de Hunter Biden, filho do candidato democrata à presidência

Amanda Mars
O senador republicano Ron Johnson, presidente do Comitê de Segurança Interna do Senado, ao chegar ao Capitólio na quarta-feira.
O senador republicano Ron Johnson, presidente do Comitê de Segurança Interna do Senado, ao chegar ao Capitólio na quarta-feira.MICHAEL REYNOLDS (EFE)

O impeachment de Donald Trump pelo escândalo da Ucrânia foi seguido por um particular epílogo. No início do ano o magnata foi submetido a um julgamento político –o terceiro de um presidente na história dos EUA– por suas manobras para que a Ucrânia anunciasse investigações contra o democrata Joe Biden e seu filho, Hunter, sobre os negócios deste último naquele país, quando o pai era vice-presidente de Barack Obama. O processo contra Trump, acusado de obstrução ao Congresso e abuso de poder em busca de benefício eleitoral, terminou em 5 de fevereiro com a absolvição graças à maioria republicana no Senado, que votou o veredicto. Agora, três meses e duas semanas depois, essa mesma maioria na Câmara Alta promove uma investigação sobre o trabalho de Biden filho na Ucrânia, embora em um novo cenário: o pai já é o candidato à presidência in pectore e falta apenas meio ano para as eleições.

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15/04/2020
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O Comitê de Segurança Interna do Senado votou na quarta-feira, de forma perfeitamente alinhada por partidos, a favor de exigir depoimentos e documentos de uma consultoria de Washington chamada Blue Star Strategies, que representa desde 2015 a empresa ucraniana para a qual Hunter Biden trabalhou, a companhia de gás Burisma Holdings. A empresa de lobby Blue Star Strategies teve entre seus funcionários um ex-diplomata ucraniano, Andrii Telizhenko, que os republicanos também tentaram intimar recentemente, mas a votação foi cancelada. Agora pedem o depoimento da presidenta-executiva, Karen Tramontano, que na quarta-feira manifestou disposição de cooperar. Outros comitês controlados pelos republicanos iniciaram inquéritos, mas este é o primeiro a votar uma intimação.

Hunter Biden, sem nenhuma experiência digna de nota no setor de gás, aceitou um posto no conselho da Burisma Holdings com um salário de cerca de 50.000 dólares (aproximadamente 284.640 reais) pouco tempo depois de o vice-presidente Joe Biden ter iniciado uma missão diplomática no país. Biden viajou várias vezes para Kiev e colaborou com outras figuras internacionais para apoiar o Governo que surgiu depois da revolução de Maidan, com especial atenção na luta contra a corrupção. O caso de Hunter foi uma nomeação controversa, não apenas por causa do possível conflito de interesses, mas também pelas relações do proprietário da empresa, o oligarca Mikola Zlochevski, com o ex-presidente pró-russo Viktor Yanukovych.

Apesar da polêmica em torno do posto, a Ucrânia nunca encontrou indícios de irregularidades. Durante o próprio processo de impeachment, os republicanos também interrogaram sobre esse assunto testemunhas familiarizadas com as relações entre os EUA e a Ucrânia, mas nenhuma declarou conhecer qualquer ação ilegal do ex-vice-presidente Biden para ajudar o filho.

Os democratas criticaram a abertura dessa investigação agora. “Em um momento em que os norte-americanos precisam trabalhar juntos, esta investigação incrivelmente partidária está nos demolindo”, disse o senador do Michigan, Gary Peters, o democrata de mais alto escalão nesse comitê de maioria republicana. Seu presidente, o senador do Wisconsin Ron Johnson, perguntou: “Por que todo mundo está preocupado? Se não houver nada, descobriremos que não há nada. Mas se houver algo, o povo norte-americano precisa saber”. A votação de quarta-feira aconteceu depois que Johnson cancelou uma prevista para março devido à crise do coronavírus.

Os republicanos avançam nessa frente ao mesmo tempo em que Donald Trump também redobrou sua ofensiva contra o ex-presidente Obama e seu número dois, levantando acusações de corrupção sem base, gritando Obamagate no Twitter. O procurador-geral escolhido pelo próprio presidente, William Barr, esfriou esse ataque na segunda-feira ao apontar à imprensa que não previa nenhuma investigação criminal sobre eles. As perguntas sobre Hunter Biden também podem não dar em nada, mas respingarão na campanha.

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