Detidos dois sócios do advogado de Trump envolvidos no escândalo da Ucrânia
Dois empresários da Flórida nascidos na antiga União Soviética fizeram doações à campanha da reeleição, mas o dinheiro foi usado para investigar Joe Biden


Dois empresários vinculados a Rudy Giuliani, o advogado pessoal de Donald Trump, foram detidos na noite de quarta-feira no aeroporto Dulles, perto de Washington, quando tentavam deixar o país com destino a Viena, informam a agência Reuters e o diário The Wall Street Journal. Os detidos, o empresário de origem ucraniana Lev Parnas e o investidor imobiliário bielorrusso Igor Fruman, fizeram doações financeiras a um comitê que arrecada recursos para a campanha de Trump à reeleição. Essas doações, no entanto, foram utilizadas no escândalo de Ucrânia, em que Giuliani supostamente orquestrou uma investigação contra Joe Biden e seu filho, exercendo uma pressão sobre Kiev que levou à abertura de um processo de impeachment do presidente.
Parnas e Fruman seriam duas importantes testemunhas na CPI da Câmara de Representantes (deputados) que precede ao impeachment. O primeiro deveria depor nesta quinta-feira às comissões da Câmara e, o segundo nesta sexta, embora não se esperasse que nenhum o fizesse de forma voluntária.
Segundo o Journal, os dois indivíduos são acusados de terem violado as regras de financiamento de campanhas. A peça da acusação afirma que eles teriam participado de uma trama para "canalizar dinheiro estrangeiro a candidatos a cargos federais e estaduais". Uma das atividades que relaciona Parnas e Fruman a Giuliani é a bem-sucedida manobra para retirar do seu cargo a então embaixadora dos Estados Unidos em Kiev, Marie Yovanovitch. Com a diplomata fora do jogo, supostamente Giuliani poderia pressionar, em nome de Trump, os promotores ucranianos a conseguirem informações que manchasse a reputação de Joe Biden e seu filho. No sumário de um telefonema de Trump ao presidente de Ucrânia que foi tornado público, o presidente dos EUA menciona a embaixadora demitida do seu cargo.
Os dois empresários teriam agido na Ucrânia como emissários de Giuliani quando este buscava informações que prejudicassem Biden, pré-candidato democrata à Casa Branca em 2020. Parnas conhecia Giuliani havia muitos anos e teria ajudado o ex-prefeito de Nova York a obter informação dos promotores ucranianos a respeito do democrata e seu filho, Hunter Biden, segundo o The New York Times.
Lev Parnas e Igor Fruman nasceram na antiga União Soviética, naturalizaram-se norte-americanos e hoje atuam como empresários na Flórida. Em maio, Giuliani identificou-os como seus clientes.
Ambos são executivos de uma companhia energética que em 2018 doou 325.000 dólares (1,33 milhão de reais, pelo câmbio atual) a um supercomitê de ação política de Trump. Esta doação desatou uma denúncia à Comissão Federal Eleitoral por parte de um órgão que vigia o financiamento de campanhas. Segundo o Times, no mês passado Giuliani minimizou a importância da investigação sobre seus dois colaboradores. “Eles têm um assunto de financiamento de campanha”, disse o advogado, acrescentando que havia encaminhado o caso a um especialista em campanhas que já o tinha “praticamente resolvido”.