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A incrível virada que levou o Atlético-MG a reconquistar o Brasileirão depois de 50 anos

Título que acaba com o jejum do Galo veio com uma virada improvável contra o Bahia, em Salvador, na noite desta quinta-feira, e consagrou Keno e Hulk como os heróis do time

Hulk, com o punho erguido, é abraçado por Keno enquanto comemora gol contra o Fluminense.
Hulk, com o punho erguido, é abraçado por Keno enquanto comemora gol contra o Fluminense.Pedro Souza/Atletico
Diogo Magri

A confirmação do título veio da forma mais emocionante possível. Até os 28 minutos do segundo tempo, o Atlético-MG estava perdendo por 2 a 0 para o Bahia, em Salvador, pela 36ª rodada do Brasileirão. Mas, em cinco minutos, um gol de Hulk e dois de Keno viraram o jogo: 3 a 2. Com a vitória, o líder do campeonato chegou aos 81 pontos e não pode ser alcançado por mais nenhum adversário. De forma incontestável, o Galo é o campeão brasileiro de 2021. Uma conquista marcada por um aporte milionário que garantiu ao clube o melhor elenco de jogadores do país, mas sobretudo pelo sucesso em encaixar um time cheio de estrelas. Também é o segundo título do campeonato brasileiro para a equipe mineira, e acontece no mês em que o primeiro vencido, em 1971, completa 50 anos.

Depois de muita agonia, a espera da torcida atleticana por outra conquista nacional chegou ao fim. A cautela ficou clara a cada vitória em que a torcida se negou a antecipar o grito de “é campeão”, apesar da larga vantagem na ponta da tabela. O mesmo foi reforçado pelo treinador Cuca: “Não acabou a corrida. Campeão é só quando der a bandeirada”, disse depois de derrotar o Juventude na 34ª rodada. É uma preocupação compreensível para quem viu o Galo chegar tão perto e falhar nas cinco décadas de jejum. Depois da confirmação matemática, veio o desabafo do treinador: “Ser campeão dessa forma aqui era tudo que a gente queria nesse ano. Era meu sonho”.

Mas quem acompanhou o Brasileirão percebeu há meses que o título ficaria com o Atlético. Depois de um começo atrapalhado, com três derrotas em sete rodadas, o Galo disparou frente aos seus concorrentes ainda na primeira metade de competição. Foram nove vitórias seguidas e 18 jogos sem perder entre julho e outubro. Depois de mais dois tropeços, o time mostrou que não perderia fôlego ao vencer sete dos últimos oito jogos. Chegou à 36ª rodada, onde é decretado o campeão, com a melhor defesa e o segundo melhor ataque entre as 20 equipes.

E a superioridade só foi possível graças ao estrelado elenco atleticano, apontado como o melhor do país. Vencer um torneio com a extensão e o calendário do Brasileirão desta forma aconteceu porque o time conta com várias opções em todos os setores do campo. Desde a defesa, liderada pelo goleiro Éverton e jogadores como Nathan Silva, Junior Alonso e Guilherme Arana. Passando pelo meio, que tem Allan, Jair, Tchê Tchê e a dupla argentina Nacho Fernandéz e Matías Zaracho. E chegando ao ataque, recheado de alternativas. Seja pelos lados, com os rápidos Keno e Savarino, ou pelo meio, com os artilheiros Diego Costa e Eduardo Vargas.

Por fim, o Hulk. Se o título atleticano tem um destaque, ele é o super-paraibano, jogador de Copa do Mundo em 2014, que foi contratado do futebol chinês no começo de 2021. Hulk é o artilheiro do Brasileirão, com 18 gols, referência do Galo campeão e provável melhor jogador do torneio. Até voltou à seleção brasileira.

Ele também protagonizou um momento emocionante ao se encontrar com Reinaldo, o maior ídolo da história do Atlético. Quando Hulk marcou contra o Fluminense, em 28 de novembro, homenageou o ex-craque ao comemorar com os punhos fechados erguidos para o alto, como Rei fazia. “Tenho que agradecer por tudo o que você fez pelo Galo. Você sempre estará nos nossos corações. Você é nosso ídolo. E foi a melhor contratação que fizeram nos últimos anos. Não sou eu quem estou te abraçando, é a massa do Galo todo. Você estará eternamente em nossos corações. Nós te amamos”, respondeu o emocionado Reinaldo.

Torcida atleticana recebe o time campeão em Belo Horizonte, na madrugada desta sexta.
Torcida atleticana recebe o time campeão em Belo Horizonte, na madrugada desta sexta.Pedro Souza/Atletico

Quem comandou a equipe foi o treinador Cuca, que assumiu em fevereiro de 2021. O experiente treinador de 58 anos soma a conquista ao título brasileiro de 2016, vencido com o Palmeiras, e à Libertadores de 2013, conquistada com o próprio Atlético. Ele se torna, assim, um dos protagonistas na história atleticana. E emenda outro bom trabalho no futebol brasileiro após o sucesso no Santos, mas ainda convive com a mancha de uma condenação por estupro de uma menina de 13 anos quando era jogador de futebol, na década de oitenta.

Contratações como Hulk e outros craques só foram possíveis no Atlético graças ao aporte financeiro do empresário Rubens Menin, fundador da construtora MRV, do banco Inter, da CNN Brasil e atleticano fanático. Menin ajudou o clube a investir mais de 300 milhões de reais em reforços entre 2020 e 2021, além de auxiliar no pagamento de mais de 70 milhões de reais em dívidas, segundo divulgado pelo clube. É um mecenato, como outros recentes no Brasil, que está se consolidando com a construção de um estádio próprio para o Atlético. A Arena MRV tem previsão de inauguração para maio de 2023.

O grito de campeão saiu da boca do atleticano na noite desta quinta, em comemorações que lotaram as ruas e a praça Sete de Setembro, no centro de Belo Horizonte. A multidão recebeu a delegação que voltou de Salvador na madrugada e estendeu as comemorações até a manhã desta sexta. Ainda deve reforçar a festa no domingo que vem, 5 de dezembro, quando o Atlético recebe o Red Bull Bragantino no Mineirão. Com capacidade para 62.000 pessoas, o estádio deve ficar pequeno para o reencontro do time e torcida com a taça mais desejada do país depois de 50 anos separados.

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