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Sete países amazônicos acertam uma agenda contra a crise ambiental

Os signatários combinam a criação de uma rede de cooperação contra os desastres naturais. Bolsonaro manda mensagem por vídeo defendendo soberania do continente sobre a Amazônia e reclama de excesso de terras indígenas

O presidente colombiano, Iván Duque, com líderes indígenas antes do encontro presidencial.
O presidente colombiano, Iván Duque, com líderes indígenas antes do encontro presidencial.RAUL ARBOLEDA (AFP)
Francesco Manetto

Sete países da bacia do Amazonas acertaram na sexta-feira uma agenda para melhorar a coordenação regional e prevenir as crises ambientais como a que nas últimas semanas reduziu a cinzas milhares de hectares de selva, principalmente no Brasil e na Bolívia. Em meio à emergência dos incêndios florestais se encontraram às portas da região, na cidade colombiana de Leticia, presidentes e representantes do Peru, Equador, Bolívia, Brasil, Suriname, Guiana e do país anfitrião.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, muito criticado pela gestão da emergência, não viajou a Leticia porque terá de se submeter a uma cirurgia neste domingo para a retirada de uma hérnia, e participou por videoconferência. Fez um discurso que reivindica a soberania da região amazônica, entre críticas ao presidente francês, Emmanuel Macron, e afirmando que “a crise está sendo utilizada como propaganda contra o Brasil”.

Com a falta de objetividade sobre as medidas adotadas e das evidentes discrepâncias ideológicas, principalmente entre Morales e Bolsonaro, os participantes afirmaram que é oportuno um entendimento a longo prazo. Esse é o primeiro passo, batizado como Pacto pela Amazônia, e procura se transformar em uma direção à salvaguarda de uma região que abarca mais de 25% da superfície do continente americano.

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Todos assinaram um acordo de 16 medidas, ainda difusas, que substancialmente procura “fortalecer a ação coordenada para a valorização das florestas e da biodiversidade, assim como para lutar contra o desmatamento e degradação florestal”. Para isso, os participantes acertaram “estabelecer mecanismos de cooperação regional e de intercâmbio de informação que permitam combater as atividades ilegais que atentam contra a conservação da Amazônia”. O texto contempla criar uma “Rede Amazônica de Cooperação contra desastres naturais [...] para coordenar e articular os sistemas nacionais de emergências de impacto regional, como incêndios florestais de grande escala”. Também pede o aumento “da participação dos povos indígenas e tribais e das comunidades locais no desenvolvimento sustentável”.

Apesar das notáveis diferenças políticas entre esses Governos, a minicúpula teve um consenso unânime. “Sempre somos capazes de entrar em acordo nos assuntos de maior importância”, disse Iván Duque, presidente da Colômbia. O objetivo do encontro era ir além dos tratados bilaterais existentes. Assim, em questão de dias começou uma negociação a toque de caixa entre os países da região. Além de Duque, participaram o mandatário equatoriano, Lenín Moreno; o peruano, Martín Vizcarra; o boliviano, Evo Morales; o vice-presidente do Suriname, Michael Ashwin Adhin: e o ministro dos Recursos Naturais da Guiana, que chegou no último momento. Todos concordaram com a necessidade de se estabelecer uma agenda comum e de sincronizar as propostas.

O anfitrião incidiu na importância dos recursos financeiros e anunciou que solicitará uma colaboração do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Vizcarra afirmou que a proteção da Amazônia precisa de uma mudança de estratégia. “Não podemos somente ficar em declarações de boa vontade. Temos que ir muito mais além”, afirmou. Morales criticou a exploração maciça dos recursos naturais e exigiu a incorporação da Venezuela ao pacto, apesar do Governo de Nicolás Maduro precisar lidar com uma emergência social e econômica sem precedentes e ter rompido relações com a maioria da comunidade internacional.

“Excesso” de terras indígenas na Amazônia

Jair Bolsonaro aproveitou a participação a distância na cúpula para reforçar seu discurso sobre o “excesso” de demarcações de terras indígenas, segundo ele. O brasileiro nunca escondeu sua intenção de favorecer a exploração de minério em áreas de reservas brasileiras, hoje garantidas pela Constituição. Mas, relacionou o conceito de soberania à necessidade de controle do território. "Sim, pensamos no índio, pensamos no meio ambiente, no mosquitinho, pensamos na cobra, no peixe, em tudo isso, mas o que outras pessoas do mundo querem,  na verdade, é se apoderar dessas riquezas, desses recursos e minerais que não existem mais em abundância ou com tanta sobra em outros países”, afirmou. Ele destacou a necessidade de união do grupo de países amazônicos “sem nenhum momento ceder a qualquer tentação externa de deixar sob adminsitração de terceiro a nossa área”, completou.

Apesar do discurso, Bolsonaro é acusado de incentivar ações que reduzam a proteção ao meio ambiente. No início de agosto, foi promovido o chamado Dia do Fogo, em Altamira e Nova Progresso, no Pará, onde produtores se sentiram encorajados pelas palavras do presidente a promover grandes queimadas que ganharam repercussão internacional. (com informações da Agência Brasil)

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