Protestos na Venezuela em meio ao impasse entre Maduro e Guaidó
OEA e ONGs de direitos humanos falam em 16 mortos e 278 presos desde segunda nos protestos. Governo repudia tentativa da oposição de assumir o poder, apesar do apoio dos EUA e Brasil

O impasse na Venezuela continua nesta quinta-feira, um dia após o líder da oposição, Juan Guaidó, mandatário da Assembleia Nacional, se autoproclamar presidente interino do país, e o presidente Nicolás Maduro afirmar que não se rende. Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em Caracas na quarta-feira, na mais volumosa manifestação contra o Governo venezuelano desde 2017. A Organização dos Estados Americanos fala em 16 mortos nos protestos desde a última segunda-feira, 21 de janeiro, enquanto o Observatorio Venezonalo de Conflictividad Social diz que 278 foram presos. A presidência interina e autoproclamada por Guaidó recebeu o apoio dos presidentes dos EUA, Donald Trump, e do Brasil, e Jair Bolsonaro. Mas México, Uruguai, em com certo matiz, a União Europeia, evitaram o endosso à oposição venezuelana. O país vive agora horas cruciais e aguarda os próximos passos de Maduro e da oposição.
Veja os destaques da cobertura:
- Quem é Juan Guaidó, líder da oposição que desafia Maduro
- 10 questões-chave para entender a crise no país caribenho
- ESPECIAL | Um retrato da diáspora venezuelana na América Latina
- A Crise na Venezuela, em imagens
Acompanhe em tempo real a cobertura da Venezuela:


Militares venezuelanos descartam apoiar Guaidó
O ministro de Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, afirmou nesta quinta-feira que o Governo jamais aceitará um golpe contra Nicolás Maduro.
"Não vamos tolerar atos de vandalismo nem de terrorismo", afirmou. "As Forças Armadas não aceitarão jamais um presidente imposto", declarou o ministro, em referência à Juan Guaidó.
O ministro leu um comunicado em que compara a autoproclamação de Guaidó como presidente interino à tentativa de golpe de Estado contra hugo Chávez em 2002.


O papa Francisco evitou se pronunciar sobre os acontecimentos que sacodem a Venezuela. Em seu discurso de abertura da Jornada Mundial da Juventude, na Cidade do Panamá, o pontífice falou sobre o combate à corrupção e os "direitos ao futuro" dos jovens. É a primeira vez que a JMJ acontece em um país da América Central.
Foto: Bienvenido Velasco / EFE.


As manifestações a favor de Nicolás Maduro na quarta-feira foram ínfimas se comparadas com os protestos organizados pela oposição. Diosdado Cabello, primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e um dos pesos-pesados do chavismo, chegou a pedir uma "vigília" em frente ao palácio presidencial em apoio a Maduro, mas, finalmente, isso não aconteceu.

Crise venezuelana expõe a divisão internacional
A autoproclamação de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela procovou uma onda de reações internacionais.
Estão a favor do opositor: o Brasil, os EUA, o Canadá e a Organização dos Estados Americanos.
Declararam apoio ao presidente Nicolás Maduro: China, Rússia e Turquia.
Os que defendem diálogo: a Organização nas Nações Unidas, a União Europeia e o México. A Espanha, por sua vez, defende que a oposição convoque novas eleições democráticas.
Leia mais na reportagem (em espanhol): http://cort.as/-EAmD

Comissão Europeia rechaça apoio explícito à oposição
Por outro lado, a Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, rechaçou reconhever explicitamente o líder opositor venezuelano como presidente interido do país. De acordo com a agência Reuters, a comissão defende que o impasse político na Venezuela evolua para "novas eleições livres". "Estamos com as forças democráticas do país", disse um porta-voz da Comissão.

Governo Espanhol defende novas eleições
Pedro Sánchez, presidente do Governo Espanhol, conversou por dez minutos por telefone com Guaidó, e afirmou que eleições democráticas e transparentes são a saída "idônea e natural", segundo informações da agência Efe. Sanchéz, que se encontra no Fórum Econômico Mundial em Davos, transmitiu o apoio da União Europeia à Assembleia Nacional Venezuelana (comandada por Juan Guaidó), cuja lejitimidade considera "indiscutível", de acordo com fontes do Governo.
Sobre isso, Guaidó disse:



Protestos deixam 278 presos, diz ONG
Já a ONG Observatorio Venezonalo de Conflictividad Social fala em 13 mortos por "impacto de bala", acusa as forças de segurança "e/ou grupos paramilitares" de atacar os manifestantes.
Gonzalo Himiob, diretor do Foro Penal Venezolano, afirma que 278 pessoas foram presas desde a última segunda-feira em decorrência das manifestações.



16 mortos em três dias de protestos na Venezuela
Retomamos a partir de agora a cobertura em tempo real dos protestos da oposição contra o Governo de Nicolás Maduro.
A situação na Venezuela continua tensa nesta quinta-feira. De acordo com relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em três dias de protestos ao menos 16 pessoas morreram.

Venezuela vai dormir com dois presidentes
Leia a reportagem completa da jornada e siga conosco nesta quinta com os desdobramentos da crise. Boa noite!

A crise e o tabuleiro diplomático do continente
No momento não há mudança de postura em relação à Venezuela, o México continua a reconhecer Nicolás Maduro como presidente do país”, disse a este jornal Jesús Ramírez, porta-voz do Governo López Obrador.
Veja a reportagem completa dos posicionamentos

Apoio dos bairros pobres de Caracas marca jornadas recentes de protesto contra Maduro
O apoio dos bairros mais pobres de Caracas às mobilizações da oposição é uma das notícias mais relevantes dos últimos dias. Embora seu apoio ininterrupto à causa de Chávez esteja perdendo força há anos, também nessas áreas, "o apoio tão veementemente demonstrado pelas favelas de Caracas nos últimos três dias é sem precedentes", aponta Hector Pereira, da agência EFE, em Caracas. "No entendimento oficial de que todos os pobres o apoiam, esses opositores excepcionais transgrediram a norma e impuseram sua marca em uma manifestação que, como sempre, teve maior participação nas áreas da classe média da capital da Venezuela, considerados bastiões do anti-Chávez. "

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