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Vídeo de estupro coletivo de jovem deficiente em ônibus abala o Marrocos

Violência praticada por seis menores aconteceu à luz do dia, sem qualquer reação dos passageiros

Francisco Peregil
Imagem do vídeo gravado por um dos agressores
Imagem do vídeo gravado por um dos agressores

Seis adolescentes com idades entre 15 e 17 anos foram presos no Marrocos sob a acusação de estuprar uma jovem com deficiência dentro de um ônibus público em Casablanca. O vídeo de 50 segundos que eles mesmos gravaram e que veio a público no último domingo mostra a ação do grupo contra a vítima de 24 anos. Ela grita enquanto os agressores arrancam suas roupas e praticam o estupro sem que qualquer passageiro tente defendê-la.

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A gravação mostra os menores sem camisa tocando, em meio a risadas, as partes íntimas da jovem, enquanto ela chora apavorada e angustiada. A agressão gerou uma onda de indignação nas redes sociais e nos veículos de comunicação marroquinos, seja pela violência das imagens, seja por ter ocorrido em plena luz do dia, em um ônibus circulando sem que o motorista ou os demais passageiros interviessem para ajudar a jovem.

A empresa de transporte M’dina Bus, responsável pelos ônibus na cidade, defendeu o motorista em uma nota alegando que ele não pôde reagir em um tempo tão breve e que “os motoristas são diariamente alvo de agressões e ameaças. Eles vivem discutindo com grupos de criminosos e malfeitores e nunca hesitam em se arriscar para garantir a segurança dos passageiros”, afirma a empresa, segundo declarações dadas à agência AFP.

De acordo com a empresa, a agressão, que não foi denunciada pela vítima nem pelo motorista, se deu no dia 18 de agosto. A polícia, porém, afirma que teria acontecido há três meses. A data é uma informação crucial para a investigação, porque, segundo o porta-voz da empresa Youssef El Ouedghiri Idrissi declarou ao Huffpost, os ônibus têm até quatro câmeras de segurança que poderiam ter gravado a ação. Mas as imagens só ficam disponíveis por um período de três meses.

A blogueira e estudante de Comércio Ghita el Bouamri escreveu uma coluna no Huffpost na qual questiona: "Onde estão os nossos homem e mulheres da política? Onde estão os porta-vozes do Governo que deveriam condenar essa ação imunda?" Bouamri chama a atenção para um internauta que, com nome e sobrenome, escreve: "Ao contrário, eu penso que a vítima deveria ser apresentada à Justiça, já que se vestia de forma provocativa. O que ela fazia com um grupo e garotos nos fundos de um ônibus?"

Ghita el Bouamri está convencida de que esse internauta não é o único, nem o primeiro, nem o último a fazer apologia à violação. "Mas já é hora de condenar essas declarações e comportamentos que não fazem mais que perpetuar a cultura do estupro. O estupro não é, e jamais será, responsabilidade da vítima".

A imprensa local noticiou o fato com os seguintes títulos: “Terror em Casablanca” e “Monstros cometem crime atroz”. Nas redes sociais, foi convocada uma manifestação para esta quarta-feira em Casablanca para se expressar o repúdio ao acontecido. O episódio ocorreu duas semanas depois da divulgação das imagens de uma perseguição feita a uma mulher em Tanger e que causaram enorme polêmica no país. Andar sozinha pelas ruas no Marrocos pode ser perigoso. Segundo dados oficiais, duas de cada três mulheres marroquinas são vítimas de agressões, principalmente em locais públicos.

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