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Temer abre cofre e corteja até ‘infiéis’ para tentar votar reforma da Previdência ainda neste ano

Bancadas e Estados cobram a fatura. Partidos governistas prometem punir desertores

O presidente Temer no Palácio do Planalto.
O presidente Temer no Palácio do Planalto.ADRIANO MACHADO (REUTERS)
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Um dia eram aliados. No outro, traidores. Semanas depois, voltam a ser cortejados e têm grandes chances de reatarem o relacionamento. O Governo Michel Temer (PMDB) colocou em seu radar cerca de 30 deputados federais que devem ser agraciados com cargos para votarem a favor da reforma da Previdência. A maioria desse grupo é formada por parlamentares que são de partidos da base governista, mas que acabaram votando contra Temer em ao menos uma das duas denúncias criminais contra ele que foram barradas na Câmara.

A estratégia de comunicação e de convencimento do Governo para conquistar entre 50 e 70 votos não deu certo até agora. O objetivo é atingir uma margem de 320 votos, 12 a mais do que o mínimo para aprovar a proposta de emenda constitucional 287, que muda as regras de aposentadoria. No início da semana, depois de várias reuniões entre líderes de bancadas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sinalizou que poderia pautar a votação da reforma da Previdência para a semana entre os dias 11 e 15. Mas a falta de apoio explícito dos legisladores fez com que ele mudasse de ideia. Agora, trabalha para levar a proposta a voto na última semana do ano parlamentar, entre os dias 18 e 22, quando Brasília já começa a ficar esvaziada. O problema dessa votação ocorrer nesse momento é que também poderá haver um conflito com a votação da peça orçamentária de 2018. Se não a votarem, os congressistas não entram oficialmente em recesso.

“Fizemos por prudência a avaliação de termos mais uma semana para que possamos consolidar esse ambiente favorável e submeter à votação”, afirmou o líder do Governo na Câmara, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Além de devolver os cargos aos traidores, a gestão Temer iniciou uma abertura dos cofres. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, anunciou a três governadores do Centro-Oeste a liberação para os Estados de 1,9 bilhão de reais do fundo de exportações, dinheiro que estava represado há meses. O presidente também entrou em acordo com a bancada mineira, a liberar 250 milhões de reais para área de saúde e mais 350 milhões de reais para a conclusão de obras na rodovia BR-381, que corta os Estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais.

Aos prefeitos, já garantiu a liberação de 2 bilhões de reais como auxílio financeiro por meio do Fundo de Participação dos Municípios. Ainda promete mais 3 bilhões caso para 2018, caso a reforma seja aprovada. O presidente vê nos chefes dos executivos municipais uma espécie de cabos eleitorais, capazes de ajudá-lo a convencer os deputados.

Sobre a abertura da torneira orçamentária, Aguinaldo Ribeiro minimizou seus impactos. Diz que a liberação de recursos é uma praxe nesse período do ano, quando se encerra a execução orçamentária anual. “É normal nesse fim de ano”, afirmou.

Em outra linha de ação, as executivas dos partidos aliados estudam “fechar questão” sobre a votação da Previdência. Ou seja, os parlamentares serão orientados a votar a favor da reforma. Caso não o façam, podem ser punidos com sanções internas ou até a expulsão da legenda. Quem puxou a fila, foi o PMDB, do próprio presidente Temer, que tem 60 parlamentares. Depois, foi o PTB que decidiu punir os divergentes. São mais 16 votos. O PSDB, que está prestes a entregar dois de seus três ministérios, orientou seus 42 parlamentares a aprovarem a proposta, mas não definiu sanções. O PP também deve fechar questão nos próximos dias.

Na teoria, a oposição teria pouco mais de 110 votos para derrubar a reforma de Temer. Na prática, contudo, conta com a adesão ao seu grupo de parlamentares do próprio PMDB, do PSDB, do PR e do PSD. Todos da base de Temer. Uma das estratégias dos opositores é tentar empurrar a votação para o ano que vem, quando ocorrerão eleições e, dificilmente, a Câmara conseguiria analisar a proposta. Se aprovada na Câmara, o Governo quer que o projeto seja votado no Senado no máximo até o fim de março, exatamente para evitar uma possível contaminação da votação pelas campanhas eleitorais.

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