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O ‘crime de honra’ que comoveu o Reino Unido

Muçulmana indiana foi estuprada e morta por ter relação com muçulmano árabe, segundo promotores

El País
Celine Dookhran, em uma imagem de sua conta no Twitter
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Uma adolescente britânica, muçulmana e de origem indiana, foi sequestrada, violada e assassinada em um suposto crime de honra depois de iniciar uma relação com um muçulmano árabe, segundo a mídia britânica. Celine Dookhran tinha 20 anos e foi encontrada no dia 19 com o pescoço cortado na geladeira de uma luxuosa casa de Kingston-upon-Thames, no oeste de Londres, que estava em obras e na qual não vivia ninguém. Dois homens foram detidos pelo assassinato e estão em prisão preventiva à espera de julgamento.

A descoberta do cadáver ocorreu horas após a adolescente ter sido declarada desaparecida − depois que uma segunda mulher, também atacada e esfaqueada várias vezes, conseguiu escapar e alertar a polícia no hospital, detalhou a BBC. Dookhran foi sequestrada e amordaçada em sua própria casa quando estava tomando banho. Seus captores, dois homens com o rosto coberto com toucas ninja e armados com uma arma de choque, levaram também sua amiga de 21 anos, cuja identidade não foi divulgada.

A sobrevivente, que permanece internada em estado grave, contou que escutou sua amiga gritar no banheiro antes de ser dominada com a arma de choque. Os homens taparam a boca das vítimas com meias, colocaram-nas em um carro e as levaram até uma casa de 1,5 milhão de euros (5,5 milhões de reais) situada a oito quilômetros dali, onde foram violadas.

O corpo de Dookhran foi identificado formalmente no dia 24. A autópsia confirmou que a causa da morte foi um “ferimento profundo no pescoço”. Como autor do crime foi detido Mujahid Arshid, de 33 anos, que compareceu ante a Justiça na quarta-feira para uma audiência preliminar. Ele foi indiciado pelo sequestro, violação e homicídio de Dookhran e pelo sequestro, violação e tentativa de homicídio da outra jovem. Vincent Tappu, de 28 anos, foi detido como coautor do crime e indiciado pelo sequestro das duas mulheres.

A procuradora Binita Roscoe explicou que Dookhran “mantinha uma relação com um muçulmano árabe e alguns membros da família não aprovavam esse amor porque são muçulmanos indianos”. A jovem planejava se casar, o que enfureceu esses familiares. “Seu rosto e sua boca estavam cobertos com fita adesiva. Suas mãos estavam amarradas com fios e seus pés, com corda”, disse a procuradora sobre o estado do cadáver. Os acusados, segundo o jornal The Independent, não fizeram nenhuma alegação. Os dois, que estão em prisão preventiva, serão julgados em janeiro de 2018.

Dookhran era a mais velha de três irmãos e cresceu no sul de Londres. Seus perfis na Internet foram removidos, mas, segundo a BBC, “ela era apaixonada por maquiagem e dava conselhos sobre cosméticos a seus seguidores nas redes sociais”. Em suas mais de 3.500 mensagens numa rede social, falava de festas religiosas e do jejum no mês do Ramadã.

O crime causou comoção no Reino Unido, e muita gente a homenageou no Twitter. “RIP Celine, você não merece o que aconteceu, que Alá te conceda um lugar no paraíso”, escreveu um usuário da rede social. “Você era muito linda. Nunca será esquecida”, acrescentou outro. A própria jovem publicou, oito dias antes de sua morte, uma mensagem na qual dava graças a Deus por “tudo”.

Seus amigos se lembram dela como “uma alma linda e inteligente”. Seus pais a descreveram como uma “filha talentosa, inocente e carinhosa” que lhes trouxe “alegria e felicidade”. “Estamos orgulhosos de Celine por tudo o que tinha conseguido”, declarou sua família em um comunicado reproduzido pela BBC, acrescentando que esperavam vê-la “desenvolver todo seu potencial” e deixá-los ainda mais orgulhosos.

“Temo a crença sincera e a plena confiança de que os indivíduos vis envolvidos nesse crime enfrentarão todo o peso da lei. Pedimos a todos que rezem pelas vítimas e por suas famílias”, acrescenta a nota da família. A jovem, empregada em um pequeno comércio perto de sua casa, tinha trabalhado como maquiadora em um filme.

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