Mercado se agarra à promessa de estabilidade mínima de Temer
Bolsa reage com cautela à liberação da lista de Fachin, com novos investigados na Lava Jato
Logo após a divulgação da lista de Fachin, no final da tarde de terça, corretoras do mercado financeiro enviaram mensagens aos seus clientes com uma lembrança: no dia 13 de fevereiro, o presidente Michel Temer garantiu que só o ministro que virar réu será afastado. O objetivo das empresas era assegurar aos investidores que, apesar da abertura de investigações contra ministros e parlamentares pela Operação Lava Jato, esses políticos ainda não foram denunciados formalmente, por isso, uma pretensa normalidade do Governo seria mantida, sem prejuízo para as reformas prometidas.

A estratégia otimista deu certo e, ao menos por enquanto, a palavra de Temer continua com crédito junto aos investidores. A divulgação da Lista de Fachin foi recebida com cautela pelo mercado financeiro, mas sem grande furor. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em leva queda nesta quarta-feira. O Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, recuou 0,73%, a 63.893 pontos. O índice, no entanto, também estava sendo influenciado por outras variáveis, como o vencimento do papeis futuro (negociações das expectativas futuras do mercado de ações), a queda no preço do minério de ferro e a tensão geopolítica.
"Não era segredo, sabíamos que isso [a divulgação dos nomes] ia acontecer, mas o importante é que não atrapalhe a tramitação de reformas para destravar a economia", afirma Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor. Santos afirma que, paralelamente à crise política, o mercado financeiro vive a expectativa de bons resultados dos balanços das empresas abertas e, principalmente, a redenção da Petrobras. Nesta terça feira, a agência de risco Moody´s elevou a nota da estatal com perspectiva positiva, mas ela ainda está na categoria de especulação e cinco posições abaixo do selo de bom pagador, o grau de investimento.
O relatório da Eurasia Group aposta na lentidão dos processos do Brasil para que as reformas não sejam prejudicadas pelo clima político. "Embora seja difícil avaliar quanto tempo o Ministério Público vai fazer a denúncia, a julgar pelos inquéritos anteriores contra políticos, ele podem levar vários meses", afirma. Como exemplo, eles citam que foram necessários oito meses de investigações (de abril a dezembro de 2016) para o STF aceitar acusações contra o senador Renan Calheiros, na Operação Zelotes. Além disso, faz mais de dois anos que a primeira lista de nomes de Lava Jato foi enviada ao STF pelo Procurador-Geral Rodrigo Janot. E apenas cinco dos 50 políticos citados foram formalmente acusados. "Não achamos que a reação imediata dos políticos que estão sob investigação será para se opor à agenda de reforma do Governo", afirmou a Eurasia.
Em um relatório aos clientes, a Lerosa Investimentos afirmou que os "políticos vão tentar dar a resposta com ações e tentar mostrar à sociedade normalidade, mas o clima de ansiedade ainda é alto uma vez que detalhes das motivações das citações ainda estão por ser divulgados".
Banco Central acelera corte de juros
No fim do dia, o Banco Central (BC) anunciou o corte da taxa de básica de juros, a Selic, em 1 ponto porcentual, de 12,25% ao ano para 11,25%. Essa foi a quinta vez seguida que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu os juros. O movimento veio em linha com o aguardado pelo mercado financeiro em meio a queda da inflação e a cambaleante atividade econômica.
A notícia foi comemorada por Temer que afirmou que o novo corte da Selic vai ajudar a acelerar o crescimento econômico e gerar empregos. "A inflação em queda e a redução da taxa Selic vão estimular a economia, a produção industrial e o consumo interno. Com determinação para tocar as reformas que o País precisa, vamos colocando o Brasil no rumo certo", disse.
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