UE quer evitar que carne brasileira sob investigação chegue à Europa
Autoridades não emitiram nenhum alerta, mas pedem aos Governos nacionais que fiquem atentos
A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, disse nesta segunda-feira que tomou medidas para impedir que os frigoríficos brasileiros acusados de fraudar fiscalizações forneçam seus produtos aos consumidores europeus. “Todas as empresas envolvidas nesta fraude suspenderão todas as suas exportações com destino à União Europeia", disse Enrique Brivio, porta-voz da Comissão. O escândalo sobre a comercialização de carne em mau estado, que afeta 29 empresas, é parte das revelações da Operação Carne Fraca, divulgada na sexta-feira passada pela Polícia Federal, tendo como alvo uma trama que, além de suspeitas de corrupção política, inclui acordos entre frigoríficos e fiscais agropecuários para autorizar a venda de produtos não aptos para o consumo, sendo alguns deles fora do prazo de validade ou estragados.
A resposta de Bruxelas busca tranquilizar os consumidores europeus, embora o porta-voz tenha observado que, por enquanto, não há nenhuma ordem para retirar a carne brasileira do mercado. “Não há nenhum alerta específico sobre a carne brasileira no mercado europeu, mas pedimos aos Estados membros que fiquem vigilantes e intensifiquem os controles sobre as carnes procedentes do Brasil”, salientou. Desde a divulgação do escândalo, as autoridades da UE estão em permanente contato com seus homólogos brasileiros. “Pedimos um esclarecimento dos fatos e que as autoridades brasileiras atuem”, afirmou o funcionário. As autoridades europeias ainda acham cedo para saber o impacto da fraude, que afeta sobretudo a carne de frango. “Estamos avaliando a situação”, afirmou.
Os intercâmbios entre o Brasil e a União Europeia são regidos pelas normas internacionais da Organização Mundial do Comércio, embora os sócios europeus negociem um acordo com os países do Mercosul, entre os quais se encontra o Brasil. A esse respeito, o porta-voz de Comércio da Comissão Europeia também comentou que a UE não permitirá que esse eventual acordo fragilize os critérios que o bloco exige em questões sanitárias. “O acordo de livre comércio vai reforçar, ao invés de debilitar, as nossas exigentes normas de qualidade e segurança alimentar”, afirmou. O funcionário europeu garantiu que “qualquer futura exportação terá que cumprir os altos critérios de qualidade alimentícia e os altos padrões da legislação europeia, além de passar por um sistema confiável de certificação e controle”.
Apesar da mensagem de calma lançada pelas autoridades da UE, as organizações de produtores que operam na Europa exigiram “proteger os padrões de segurança” e observaram que os países do Mercosul “não têm os mesmos padrões que nós”.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, e o quarto maior no segmento suíno. Esses três produtos representaram no ano passado 7,2% das exportações brasileiras, gerando 11,6 bilhões de dólares. No ano passado, o Brasil exportou para a UE 2,5 bilhões de dólares em carne bovina, frango e derivados. Nos dois primeiros meses de 2017, só as vendas de carne bovina chegaram a 42 milhões de dólares, segundo a associação de exportadores brasileiros. A cifra só é superada pelos envios à China (incluindo Hong Kong).
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