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Estudo revela que zika mata células decisivas para desenvolvimento do feto

A pesquisa, realizada por três equipes nos EA, reforça conexão entre o vírus e a microcefalia

María R. Sahuquillo
Pesquisador trabalha sobre um possível repelente contra o zika, em 4 de março, em Santiago do Chile.
Pesquisador trabalha sobre um possível repelente contra o zika, em 4 de março, em Santiago do Chile.IVAN ALVARADO (REUTERS)

O vírus do zika infecta e destrói as células que formam o córtex cerebral e interfere em seu desenvolvimento, podendo até mesmo paralisá-lo. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada por um grupo de pesquisadores das universidades norte-americanas John Hopkins, Florida State e Emory. Suas conclusões ajudam a esclarecer a relação existente entre o vírus e a microcefalia. Os autores do estudo as atenuam, porém, dizendo que ele não significa uma prova contundente de que o zika – transmitido pelo mosquito Aedes aegypti – provoca essa má formação grave. O aumento dos casos de microcefalia possivelmente vinculados ao zika levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a decretar meses atrás um alerta global.

Para realizar o estudo, publicado nesta sexta-feira na revista Cell Stem Cell, os pesquisadores utilizaram três tipos de células cultivadas em laboratório e comprovaram que o vírus do zika afeta de forma seletiva as células-mãe, essenciais para a formação do córtex cerebral do feto. Segundo o estudo indica, lhes retira a capacidade de se dividir, produzir novos neurônios, além de torna-las mais suscetíveis à morte. Isso faz com que o córtex cerebral não se forme adequadamente ou não se regenere. A infecção, além disso, acontece muito rapidamente: os pesquisadores descobriram, que três dias depois da exposição ao vírus, 90% das células neuronais do córtex já estavam infectadas.

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“Essas descobertas podem ter uma relação com a alteração no desenvolvimento cerebral, mas é mais provável que a prova direta da ligação entre o zika e a microcefalia apareça nos estudos clínicos”, esclareceram os autores do estudo. “Estamos tentando preencher o vazio de conhecimento quanto à relação entre a infecção e os distúrbios neurológicos. Esse estudo é um passo ainda muito inicial, mas já responde a uma pergunta chave. Ele nos permite focar a nossa investigação. Agora, podemos estudar o vírus, testar medicamentos e estudar a biologia do tipo correto de célula”, afirma, em nota, um dos autores principais da pesquisa, Hengli Tang, professor de ciências biológicas na Universidade Estadual da Flórida.

Mais perto da vacina

Segundo os dados da OMS, a presença do vírus foi registrada em 47 países, sendo o Brasil o mais afetado. Foram confirmados no país, além disso, 583 casos de microcefalia. O vírus também pode estar vinculado a um aumento dos casos d a síndrome de Guillain-Barré em seis países: Brasil, Polinésia Francesa, El Salvador, Colômbia, Venezuela e Suriname.

Não há tratamento nem vacina contra o zika. No entanto, a imunização pode estar próxima. O diretor do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, Anthony Fauci, anunciou nesta sexta-feira que a vacina poderia estar pronta para teste em humanos em setembro. “Depois de testá-la para comprovar se é segura, poderemos prever se conseguirá imunizar ou não”, afirmou ele.

O Comitê de Emergências da OMS se reunirá na próxima terça-feira para decidir se mantém o estado de alerta devido à possível relação entre o zika e a microcefalia. Além disso, serão revistas e atualizadas as recomendações referentes a viagens e transporte de bens divulgadas por ocasião da entrada em vigor do estado de alerta.

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