Não importava nada se o indivíduo estava envolvido com o tráfico, roubo de carga ou assassinato de policial. Importava apenas se era jovem e negro de periferia. Esse era o alvo. O corpo matável
Em depoimentos na audiência de custódia, quatro presos relatam as agressões que sofreram da polícia civil ao serem detidos. “ [Eles queriam] pegar minha cara e tacar na tripa do moleque que tava pra fora”, diz um deles
EL PAÍS reconstrói com testemunhas o que aconteceu no massacre, o mais sangrento da história da cidade do Rio de Janeiro, que resultou na morte de 28 pessoas há uma semana
Grupo deverá apurar as denúncias de abuso policial. “Foi o batismo de fogo no bolsonarismo com um banho de sangue”, diz cientista social sobre apoio do governador Cláudio Castro à operação. Na polícia e na Promotoria, se acumulam sinais de desconforto com o STF
A dicotomia entre as duas é perversa porque autoriza a violência, coloca quem está contra como aliado da corrupção, e enganosa porque nada mais próximo da corrupção policial do que a repressão policial
A chacina nos lembra um país ainda preso num passado remoto, com uma parcela da população excluída dos benefícios do contrato social, para quem o Estado só aparece com o arbítrio e violência desmedida
Há 15 anos tive meu filho arrancado de mim pelo Estado, uma dor que se estende por toda a vida. Para nós, é uma data de muitas lembranças, sofrimento e luta contra o genocídio da juventude negra
Neste sábado, a Polícia Civil do Rio citava “28 criminosos”, além de um policial, ao atualizar o balanço da operação, mas voltou atrás posteriormente da informação de mais um óbito confirmado
Em depoimento ao EL PAÍS, advogado Joel Luiz Costa, morador do Jacarezinho e do Instituto de Defesa da População Negra (IDPN), relata o que encontrou após a chacina. “Qualquer execução em qualquer cenário é inadmissível vindo de um agente do Estado”
Massacre ocorre mesmo com resolução do STF que suspende operações na pandemia. Um policial civil morreu baleado na cabeça e duas pessoas ficaram feridas por tiros que chegaram a um vagão do Metrô
Desde aquele agora longínquo 17 de abril de 1996 não houve nenhum avanço significativo na reforma agrária, e na disputa pela terra continua-se país afora a matar desbragadamente
O Primeiro Comando da Capital, grupo mais poderoso do crime organizado do Brasil e América do Sul, trafica drogas, além de dominar prisões e favelas. Conta com 35.000 membros, rituais secretos e uma ‘justiça’ própria que proíbe matar sem licença