Trump levanta a possibilidade de adiar as eleições presidenciais de novembro nos EUA, sem ter competência para fazê-lo
Em uma série de tuítes, presidente afirma que votar pelo correio em tempos de pandemia de coronavírus não é seguro
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou nesta quinta-feira uma série de tuítes em que levanta a possibilidade de se adiar as eleições presidenciais de 3 de novembro, alegando as circunstâncias atuais relacionadas à crise do coronavírus. É a primeira vez que o presidente aponta essa possibilidade, algo que os democratas temiam desde o início da pandemia.
A data da eleição presidencial é estabelecida por lei federal, e o presidente não tem o poder de alterá-la unilateralmente. Uma reforma da lei, com a Câmara baixa do Congresso nas mãos dos democratas, seria pouco menos que impossível e também poderia ser contestada em tribunal. A margem de manobra, em qualquer caso, também não seria muito ampla, pois a Constituição estabelece que o novo Congresso (também existem eleições legislativas na mesma data) deve ser constituído em 3 de janeiro e o mandato do presidente deve começar no dia 20 desse mesmo mês.
Mas o simples fato de sugerir um adiamento constitui uma ação insólita para um presidente e abre a possibilidade de que o próprio Trump ou seus seguidores mais leais questionem a legitimidade de uma eleição em que, já faz algumas semanas, as pesquisas dão uma clara vantagem para o seu rival democrata, Joe Biden.
“Com o sistema universal de voto por correio [...], as eleições de 2020 serão as mais fraudulentas e imprecisas da história. Seria uma grande vergonha para os Estados Unidos. Adiamos as eleições até que as pessoas possam votar de forma adequada e segura ???”, tuitou.
With Universal Mail-In Voting (not Absentee Voting, which is good), 2020 will be the most INACCURATE & FRAUDULENT Election in history. It will be a great embarrassment to the USA. Delay the Election until people can properly, securely and safely vote???
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 30, 2020
Sua gestão caótica da crise dos coronavírus, a deterioração da economia e sua impermeabilidade ao clamor por justiça racial que varreu o país desde a morte do afro-americano George Floyd nas mãos da polícia no final de maio, corroeram substancialmente a popularidade do presidente. Há semanas, Biden vem aumentando sua vantagem sobre Trump nas pesquisas. A média preparada pelo portal Real Clear Politics indica 8,4 pontos percentuais de vantagem média nacional para o ex-vice-presidente de Barack Obama. Biden prevalece nas pesquisas não apenas no nível nacional, mas em alguns dos estados chamados a ser decisivos nas presidenciais.
Trump, no entanto, garantiu que o voto não presencial constitui “o maior risco” para sua reeleição. Em seus tweets nesta quinta-feira, ele afirma que o voto pelo correio “está se mostrando um desastre catastrófico” e acusa os democratas de agitar o espectro de interferências estrangeiras nos processos eleitorais nos Estados Unidos, mas sem querer enfrentar esse problema. Não há dados para apoiar as suspeitas levantadas pelo presidente de que votar pelo correio implica fraude. No entanto, no processo das primárias presidenciais realizadas durante estes meses de pandemia, constatou-se que nos Estados onde a votação por correio foi facilitada a participação foi consideravelmente maior do que naqueles em que houve votação apenas pessoalmente. O contraste das críticas de Trump ao voto pelo correio com a atitude dos democratas de incentivar seus eleitores a solicitá-lo já produziu, de acordo com especialistas, uma vantagem para os democratas nessa modalidade de voto.
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