O poderoso discurso feminista de Ocasio-Cortez ante os insultos de um congressista republicano
Deputada argumenta contra a cultura da impunidade e a linguagem machista e sexista que é tolerada nos Estados Unidos
Alexandria Ocasio-Cortez fez um poderoso discurso feminista nesta quinta-feira no Congresso dos Estados Unidos. Nele, denunciou os insultos machistas que recebeu de um deputado republicano na segunda-feira, mas também falou sobre a ampla cultura da linguagem misógina nos Estados Unidos. A deputada democrata por Nova York afirmou que na segunda-feira o representante republicano da Flórida Ted Yoho gritou com ela nos corredores do Capitólio, depois de um acalorado debate sobre o aumento do crime e do desemprego em Nova York. Segundo o relato de Ocasio-Cortez, Yoho parou na frente dela, apontou para ela com o dedo e a chamou de “desagradável, louca e perigosa”. Depois, deu alguns passos para se afastar e, diante de vários jornalistas, lançou um grave xingamento machista contra ela.
Ocasio-Cortez fez uma ampla exposição sobre a normalização da cultura machista na sociedade norte-americana e entre a classe política de Washington. “Todas nós tivemos que lidar com isto de alguma maneira e em algum momento de nossas vidas”, disse ela. A congressista lembrou que outros membros do Partido Republicano fizeram comentários desagradáveis sobre ela e que até o presidente Donald Trump incentivou outros políticos a agredi-la verbalmente. “Isso não é novo, e esse é o problema. O problema é que não é apenas um incidente, é cultural. É uma cultura de impunidade, de aceitar a violência e a linguagem violenta contra as mulheres, e toda uma estrutura de poder que a sustenta”, acrescentou.
Após o incidente, o congressista Yoho justificou seu comportamento como resultante da intensidade do debate que o precedeu e argumentou que “tem esposa e duas filhas”. Ocasio-Cortez explicou que o fato de o congressista ter usado as mulheres de sua família como escudo para evitar assumir a responsabilidade por seu comportamento foi um estímulo para ela denunciar publicamente o incidente. “Eu não preciso que o deputado Yoho se desculpe comigo. Claramente ele não quer. Claramente, quando lhe é dada a oportunidade, ele não faz isso, e eu não vou ficar acordada até tarde da noite esperando um pedido de desculpas de um homem que não se arrepende de insultar mulheres e usar linguagem ofensiva com as mulheres”, disse ela.
A deputada, de origem porto-riquenha, disse que a normalização dos insultos contra as mulheres faz parte de um padrão e um comportamento generalizado em vários setores, nos quais homens com poder autorizam os demais a usar linguagem insultuosa. “Não foi apenas um incidente direcionado a mim, quando faz isso com qualquer mulher, o que o senhor Yoho faz é dar a outros homens permissão para fazer o mesmo com as filhas, a esposa e as mulheres da sua comunidade. E eu estou aqui para dizer que isso não é aceitável”, afirmou.
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