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Coreia do Norte desafia Trump com disparo de um novo míssil balístico

O foguete atingiu altura recorde e caiu no Mar do Japão, no vigésimo teste desde o início do ano

J. M. AHRENS
Foto distribuída em 4 de julho pelo Governo da Coreia do Norte mostra o que supostamente seria um míssil intercontinental
Foto distribuída em 4 de julho pelo Governo da Coreia do Norte mostra o que supostamente seria um míssil intercontinentalAP
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Nada parece parar a Coreia do Norte: nem as oito rodadas de sanções da ONU nem o estrangulamento econômico ou as ameaças de destruição feitas pelos EUA. O regime de Pyongyang colocou fim a mais de dois meses de inatividade e lançou ontem um novo míssil que, após atingir uma altura recorde, terminou no Mar do Japão. O teste, o vigésimo do ano, arruinou as esperanças de uma abertura de negociações e retoma a retórica bélica que marcou esta disputa desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca.

A corrida é contra o relógio. Os especialistas da CIA acreditam que falta poucos meses para que a Coreia do Norte atinja seu objetivo: um míssil balístico intercontinental capaz de lançar uma bomba atômica em solo norte-americano. É o pior cenário, aquele que Trump colocou como linha vermelha irrenunciável. Se o tirano Kim Jong-un alcançar esse objetivo, ninguém se atreve a prever qual será a reação dos EUA.

“Não podemos aceitar que este grupo criminoso esteja armado com mísseis nucleares. Temos uma grande paciência, mas se formos obrigados a nos defender ou a nossos aliados, não teremos escolha a não ser destruir totalmente a Coreia do Norte. Já é hora de perceber que a desnuclearização é seu único futuro. O homem foguete está em missão suicida consigo mesmo”, disse Trump à Assembleia Geral da ONU.

Depois de suas palavras houve uma pausa nos testes. O último míssil tinha sido lançado em 15 de setembro, quatro dias antes da intervenção de Trump, e sobrevoou a ilha japonesa de Hokkaido, para terror de Tóquio. Embora o tom belicoso de Pyongyang não tenha diminuído, desde então as sanções foram aumentando, a China havia começado a participar de forma decisiva no estrangulamento econômico de seu antigo aliado e os Estados Unidos até chegaram a declarar a Coreia do Norte como “patrocinadora do terrorismo internacional”. Tudo isso levou a pensar que a pressão estava surtindo efeito e que a tirania poderia se inclinar a abrir negociações sobre seu programa nuclear e balístico.

Nada disso aconteceu. O Líder Supremo manteve a disputa e lançou ontem um novo foguete. O míssil caiu no Mar do Japão, a 200 milhas náuticas da costa japonesa. Tóquio afirma que o foguete voou por cerca de 50 minutos. Os Estados Unidos indicaram que se tratava de um míssil intercontinental, o terceiro lançado com sucesso por Pyongyang. Também afirmou que havia alcançado a maior altitude até agora. “Mas não significou um perigo para nosso território nem dos nossos aliados. Nosso compromisso de defender o Japão e a Coreia do Sul permanece inalterado. Estamos preparados para responder a qualquer ataque ou provocação”, disse o Pentágono.

Depois de ficar sabendo sobre o lançamento, Trump, que em outras ocasiões se dedicava a insultar Kim Jong-un, ficou estranhamente circunspecto. Disse que havia tomado nota e salientou que o teste não alterava a estratégia dos Estados Unidos. “Vamos resolver isso”, disse enigmaticamente. O secretário de Defesa, James Mattis, expressou-se em termos parecidos, mas observou que tinha sido um teste que mostrava certa evolução em comparação com os anteriores, especialmente pela altitude alcançada.

Com o lançamento, a estratégia de tensão voltou a ganhar a partida. Mais uma vez, fica claro que o hermético e asfixiante regime norte-coreano transformou a corrida nuclear em sua razão de ser. Não aceita nenhuma negociação e defende que o míssil é necessário para enfrentar a “ameaça constante dos Estados Unidos”. Um desafio suicida para um país muito pobre e submetido a uma tirania hereditária, que só consegue deixar Washington ainda mais mobilizado.

Nessa disputa, Washington encontrou um inimigo externo execrado por todos, mas também uma oportunidade para exibir a força de seu aparato militar. Desta forma, embora não tenha conseguido que Pyongyang diminua a tensão, Trump conseguiu fortalecer os laços com a Coreia do Sul e o Japão, mas acima de tudo obteve a cooperação da China. O grande rival comercial dos EUA, que o republicano demonizou na campanha eleitoral, virou seu aliado e, com seu controle sobre o comércio exterior da Coreia do Norte, é considerado o fator decisivo. A peça que pode acabar com a partida.

 

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