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Governo vai reforçar agenda no exterior para reabrir mercados da carne

Ministério da Agricultura divulga resultado de auditoria em amostras de 21 frigoríficos suspeitos

Açougue em supermercado de Brasília.
Açougue em supermercado de Brasília.Edilson Rodrigues (Ag. Senado - Arquivo)

Representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento devem iniciar na segunda quinzena de abril uma série de viagens internacionais para tentar melhorar a imagem dos setores de produção de carnes do país após o escândalo da Operação Carne Fraca. No mês passado, uma investigação da Polícia Federal apontou fraudes em ao menos 21 dos 4.837 frigoríficos brasileiros. Todos onde foram encontradas irregularidades acabaram interditados e, nesta semana, três deles iniciaram o processo de reabertura e autorização para exportação. Nesta quinta-feira, a pasta divulgou os primeiros resultados da auditoria das unidades sob investigação e disse quem em 10% do material analisado havia descumprimento de regras e que em 2,6% havia problemas que podem afetar a saúde pública.

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De acordo com o secretário-executivo do ministério, Eumar Novacki, as viagens acontecerão para Irã, Egito, Argélia, China, Hong Kong, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e países da Europa ainda a serem definidos. “Queremos demonstrar a robustez do sistema e que o produto é confiável”.

A principal preocupação com relação ao mercado internacional é a liberação para a exportação para a União Europeia. Todos os países do bloco europeu importam juntos cerca de 1,7 bilhão de reais anuais em carnes. A restrição, contudo, atinge somente os 21 frigoríficos onde foram encontradas irregularidades. Na primeira semana após a Operação Carne Fraca, o Governo registrou uma queda vertiginosa na venda de carne de bovino, suíno e de frango. No dia 23 de março, por exemplo, foram vendidos 74.000 dólares em carnes, quando a média diária é de 63 milhões de dólares. O balanço do mês de março, porém, foi melhor do que o esperado. De acordo com o jornal Valor Econômico, a receita com exportações das carnes de frango, bovina e suína cresceu 9% ( 1,1 bilhão de dólares no total) em março frente ao mesmo mês de 2016.

Além da suspensão temporária da importação ou aumento da fiscalização do produto brasileiro por ao menos 50 países, além da União Europeia. Nas últimas semanas, 34 reabriram seus mercados, entre eles a China. O mais recente foi a Jamaica e Barbados, que anunciaram a sua reabertura nesta quinta-feira.

Irregularidades e novas medidas

Quando o esquema veio à tona, as empresas foram acusadas de vender carne estragada, maquiando seu aspecto com o uso de produtos químicos. Para que isso fosse possível, fiscais agropecuários recebiam subornos para liberarem a produção. Ao menos 33 pessoas foram investigadas por essas irregularidades.

Uma força-tarefa para auditar os frigoríficos foi formada e até agora investigou 302 amostras de produtos dessas 21 plantas frigoríficas que estavam sob suspeita. A primeira conclusão, divulgada nesta quinta-feira, foi a de que 31 laudos apontaram irregularidades econômicas e em outros oito, fraudes que podem afetar a saúde pública. No primeiro caso, as ilegalidades tratavam de excesso de amido na salsicha ou de água no frango. No segundo, o que é mais grave, segundo o secretário Novacki, foi constatada a bactéria salmonela em sete lotes de hambúrgueres produzidos pela empresa Transmeat e da bactéria estafilococos em uma linguiça cozida da empresa FrigoSantos. Se consumidas, ambas podem acarretar em diarreia e vômito. Os produtos serão descartados, conforme o Ministério da Agricultura, e as empresas ainda seguem sob investigação.

Três plantas frigoríficas também terão seus pedidos de cancelamento de produção apresentados pelo ministério por recorrentes irregularidades encontradas. Os pedidos referem-se a duas unidades da Peccin, em Jaraguá do Sul (SC) e em Curitiba (PR), e a uma da Centra de Carnes, em Colombo (PR). Por outro lado, a gestão federal quer autorizar os frigoríficos Argus, da cidade de São José dos Pinhais (PR), Madero, de Ponta Grossa (PR) e Breyer e Cia, de União da Vitória (PR), a voltar a funcionar.

Ao mesmo tempo em que amplia as apurações, o Governo diz que poderá fazer uma série de trocas em superintendências da agricultura em ao seis Estados: Pernambuco, Bahia, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Tocantins.

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