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Vinte e cinco promessas que Doria já fez para a cidade de São Paulo

Prefeito eleito já prometeu uma série de projetos e iniciativas. Algumas são novas, outras nem tanto

Prefeito eleito, Doria faz sinal de acelera, símbolo de sua campanha
Prefeito eleito, Doria faz sinal de acelera, símbolo de sua campanhaStringer (Reuters)

Privatizar, concessionar, fazer parceria com o setor privado. Da administração de parques à manutenção de ciclovias, as propostas do prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), quase sempre passam por alguma das três iniciativas – que ao longo da campanha e na primeira semana pós-eleição se transformaram em um verdadeiro mantra do tucano. Abaixo você conhece 25 propostas de Doria que foram mencionadas no programa de Governo e em entrevistas para emissoras e jornais ao longo do último mês.

1. Parques privatizados

Dos 107 parques do município, ao menos três já têm destino certo. Ibirapuera, Aclimação e Carmo serão concedidos à iniciativa privada. Ainda não há mais detalhes sobre o programa, mas a ideia – que pode se estender a outras áreas verdes da cidade – é que as empresas lucrem com quiosques de alimentação, estacionamentos e produção de eventos em troca da manutenção e administração dos locais.

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2. Ciclovias com publicidade

“Onde as ciclovias funcionam bem, elas serão mantidas e preservadas. Onde ela não vai ser preservada é onde ela não funciona, onde você não tem ciclista, não há razão de você ter ciclovia”, disse Doria ao programa Café Com Jornal, da TV Band. Além disso, o prefeito eleito promete que a manutenção das vias exclusivas será feita por empresas que terão uma concessão para explora-las com publicidade “discreta” e que não fira a lei Cidade Limpa.

3. Domingo na Paulista

A Avenida Paulista continuará fechada para carros aos domingos. Segundo Doria, além da Paulista, a cidade ganhará mais vias de lazer que serão estimuladas com incentivo para “música e atividades culturais”. O fechamento de ruas e avenidas para lazer é uma das vitrines da gestão Haddad e conta com apoio da população.

4. Velocidade limite

Como tem afirmado desde o começo da campanha, Doria promete que irá retomar as velocidades limites anteriores das marginais Pinheiros e Tietê – 90 km/h na via expressa, 70 km/h na central e 60 km/h na local. Afirmou ao EL PAÍS, no entanto, que não descarta rever a ideia, se preciso. No resto da cidade, a promessa é que os novos limites serão mantidos, mas que os casos de cada rua serão estudados individualmente.

5. Indústria da multa?

Durante grande parte da campanha, Doria explorou o tema da chamada “indústria da multa”. Agora eleito, ele pretende tirar os guardas municipais da função de multar. Contudo, ao falar sobre os radares eletrônicos é evasivo. No programa Brasil Urgente, da TV Band, disse que “não pode jogar os radares fora, eles vão continuar existindo, mas sem essa volúpia de multar”. Não explicou como fará para controlar a “volúpia” do sistema eletrônico, mas disse que investirá em campanhas educativas no trânsito.

6. O crack e o centro

Em relação ao consumo de crack por dependentes químicos na região central da cidade, conhecida como cracolândia, Doria disse que acabará com o programa Braços Abertos, uma das principais apostas da gestão Haddad. O programa adotado para a região será o Recomeço, do Governo estadual, que estabelece internação compulsória para dependentes químicos.

7. Pichadores

O assunto veio à tona na reta final da campanha, quando o Monumento às Bandeiras e a estátua do Borba Gato foram pintados. Doria aproveitou para gravar um vídeo no local e depois afirmar em diferentes ocasiões que sua administração será dura contra pichadores. Segundo o prefeito eleito, eles serão tratados como vândalos e vão para a cadeia.

8. Enchentes

Durante o Programa do Ratinho, no SBT, Doria disse que combaterá as enchentes, um problema histórico da cidade, com a construção de 30 novos “piscinões” – reservatórios de água para represar a água da chuva e aumentar o escoamento das ruas. O plano, defendeu, deve ser integrado com o Governo do Estado e também vai prever o desassoreamento de rios e córregos, além de uma campanha de conscientização para que a população não jogue lixo nas ruas.

9. Ceagesp

Ideia levantada por diferentes administrações – e projeto da atual gestão Haddad –, a retirada do Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) do bairro da Vila Leopoldina é uma das promessas de Doria. Segundo ele, o local é inadequado e deverá ser transplantado para uma área próxima do Rodoanel Mário Covas. “No local atual, vamos criar uma área empresarial com foco na inovação. Quero ali empresas de alta tecnologia”, disse durante o Programa do Ratinho.

10. Pacaembu, Interlagos e Anhembi

Assim como os parques municipais, o autódromo de Interlagos e o Anhembi serão privatizados. Doria estima que a cidade arrecadara 7 bilhões de reais com a venda dos dois locais. Além deles, o Estádio do Pacaembu que hoje em dia está ocioso será concedido à iniciativa privada. O prazo de uso será de 15 anos.

Monumento às Bandeiras amanheceu pintado
Monumento às Bandeiras amanheceu pintadoZanone Fraissat (Folhapress)

11. Táxis e Uber

Os aplicativos continuarão a funcionar na cidade, mas durante o Brasil Urgente, da TV Band, o prefeito eleito promete rever taxas e modelo de táxi na cidade, a fim de equiparar as condições de trabalho de ambos os serviços.

12. Aterramento de fios

Segundo o prefeito eleito, os fios de alta tensão serão aterrados. Dória disse no programa Café Com Jornal, da TV Band, que o processo será simples já que a Eletropaulo é obrigada por lei a fazer o aterramento. Apesar da obrigação, a questão não é tão simples. Em 2015, por exemplo, depois da administração de Haddad tentar tirar a lei do papel, uma decisão da Justiça determinou que a Prefeitura não pode legislar sobre concessões federais – como é o caso do setor energético.

13. Calçadas

Durante a campanha, Dória disse que irá refazer as calçadas da cidade em busca de mais acessibilidade. Para ele, a obrigação de reforma-las não pode ser repassada para os donos dos imóveis, como acontece hoje. Apesar de não especificar quantos quilômetros de calçamento irá reconstruir, o prefeito eleito afirmou que buscará o apoio do setor privado para os melhoramentos.

14. Déficit de creches

São Paulo tem hoje um grande déficit de vagas em creches. Para resolver o problema, Doria diz que não construirá nenhuma nova instalação – por demorarem muito tempo para ficarem prontas e custarem muito para os cofres públicos –, mas que fará uma parceria com setor privado e terceiro setor, como associações e ONGs, para utilizar espaços já existentes. A gestão de Haddad já trabalha com um formato de parcerias para creches.

15. Saúde

Uma das principais propostas de Doria durante a campanha foi oferecer atendimento durante a madrugada para usuários do SUS em hospitais privados. O projeto, batizado de “Corujão da Saúde”, será, em sua opinião, responsável por zerar a fila de 100 mil pessoas esperando por exames. Além disso, o prefeito eleito prometeu contratar 800 médicos para atender na periferia, ampliar as Unidades Básicas de Saúde e tornar mais rápida a informatização de prontuários médicos.

16. Ônibus

Doria chegou a afirmar durante a campanha que não aumentaria a tarifa do transporte municipal “em hipótese alguma”. Contudo, já recuou no assunto e disse que manterá a tarifa congelada apenas durante 2017. Além do preço da passagem, o prefeito eleito afirmou que em até 18 meses todos os ônibus terão ar-condicionado, wi-fi, piso rebaixo e funcionarão com combustível renovável. Ele também afirmou que vai instalar o sistema BRT (Bus Rapid Transit) nos corredores de ônibus. Entre outras coisas, o sistema prevê que não haja cobradores dentro dos ônibus. Para Doria, a medida não causaria desemprego porque os cobradores seriam absorvidos em outras funções dentro das empresas. Não foi especificada a quilometragem de corredores de ônibus que receberão o novo sistema.

17. Subprefeituras

Com a proposta de descentralizar a administração da cidade, Doria pretende transformar as subprefeituras em prefeituras regionais. “Elas serão polos descentralizados de gestão. Ao contrário do que faz a prefeitura hoje, que centraliza, nós vamos descentralizar. Vamos dar orçamentos, bons gestores e eficiência capilarizada nos bairros”, disse durante evento de sua campanha.

18. Habitação

Para resolver o problema do déficit habitacional em São Paulo, Doria disse que vai acelerar o processo de construção de casas populares ao adotar um programa similar ao Casa Paulista, do Governo Alckmin. Em entrevistas, afirmou também que irá construir moradias populares com dois andares, elevador e comércio. “A população tem o direito também ao nível de conforto adequado”, disse. O prefeito eleito também afirmou que não será condescendente com grupos que “teimam em ficar ocupando” locais, como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

19. Empreendedorismo

Para fomentar o empreendedorismo e facilitar a criação de empresas, Doria pretende criar o “Empreenda SP” e o “Poupatempo Empreendedor”. O primeiro pretende fazer uma ponte entre empresários locais, universidades, sociedade civil, integrantes do sistema S e entidades do Comércio e Indústria. O segundo, que já foi apresentado em moldes semelhantes como projeto da gestão do ex-governador José Serra (PSDB), visa desburocratizar o processo de abertura de empresas.

20. Secretarias

Durante a campanha, Doria disse que reduziria o número de secretarias de 27 para 20, extinguindo, por exemplo, as pastas de LGBT, Mulheres e Igualdade Racial. O motivo alegado para os cortes é a contenção de gastos. Por outro lado, segundo a Folha de S. Paulo, o prefeito eleito criará duas secretarias: uma dedicada a PPPs (parcerias público-privadas) e outra dedicada à digitalização de serviços públicos e ampliação de acesso à internet. A atual administração de Haddad criou a SP Negócios, uma empresa pública que tem um caráter semelhante à proposta de Doria para uma pasta voltada para PPPs.

21. IPTU

Em diversas vezes ao longo da campanha o prefeito eleito prometeu não aumentar nenhum imposto no primeiro ano de mandato. Contudo, em entrevista para ao R7 admitiu que haverá reajuste de acordo com a inflação em 2017. A correção do IPTU é prevista por lei. Doria se defendeu do recuo dizendo que o prometido foi não fazer aumento real, ou seja, acima da inflação.

22. Moradores de rua

São Paulo tem hoje cerca de 16 mil moradores de rua. Para atendê-los, Doria propõe conveniar igrejas e organizações sociais que já fazem um trabalho com essa população. “Tem muita gente voluntária, mas sem a liderança da Prefeitura”, disse em entrevista à rádio Jovem Pan. O prefeito eleito também disse que criará canis e gatis nos abrigos. Uma das principais queixas dos moradores de rua é que eles não podem entrar com gatos e cachorros nos abrigos.

23. Combate ao racismo

O programa de Governo fala sobre a implantação de um Plano Municipal de Ações Afirmativas e Combate ao Racismo. Sem entrar em detalhes de como funcionará, o plano prevê a garantia da “representatividade e a diversidade étnica no Governo, na comunicação e nas propagandas governamentais”. No mesmo tópico do programa, Doria garante que através de um grupo de trabalho incentivará a liberdade religiosa.

24. Diversidade de gêneros

Apesar de ter anunciado o fim da secretaria de Coordenação de Políticas para LGBT, Doria propõe em seu plano de Governo a ampliação do Programa Transcidadania, que, criado na atual gestão, trabalha com a reintegração social de transexuais e travestis. Além disso, o prefeito eleito também garante a continuidade e aumento dos Centros de Cidadania LGBT, que fazem atendimento direto para esta população.

25. Manifestações

Em uma cidade com protestos de rua constantes, Doria garante que lidará bem com manifestantes desde que não haja depredação, interrupção das vias públicas e ocupação de espaços públicos. Também propõe criar um espaço na mídia para que todas as manifestações tenham voz. “O que o manifestante quer? Mídia. Se essa é a intenção, vamos criar esse espaço”, disse em entrevista ao jornal JR, da Record News, sem especificar como a ação funcionaria.

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