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O que é o ‘Brexit’?

Todas as informações sobre o plebiscito que definiu a saída do Reino Unido da UE

Um ônibus com propaganda em favor da saída da UE passa por trás de partidários da permanência.
Um ônibus com propaganda em favor da saída da UE passa por trás de partidários da permanência.Niklas Halle'n (AFP)

O que significa Brexit?

Brexit é o termo usado normalmente como referência à saída do Reino Unido da União Europeia. É um acrônimo inglês formado pela união de Britain (Grã-Bretanha e, por extensão, Reino Unido) e exit (saída). A palavra segue a linha do Grexit, criada em 2012 por vários economistas do Citigroup para descrever o risco da saída da Grécia da zona do euro.

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Quando foi realizado?

O referendo aconteceu na quinta-feira, 23 de junho.

Por que haverá um referendo?

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou no início de 2013 que faria essa consulta se vencesse as eleições gerais de 2015. Cameron fez isso em resposta às pressões exercidas por parlamentares de seu partido e membros do UKIP (Partido pela Independência do Reino Unido), que argumentavam que os britânicos não haviam podido se pronunciar desde a consulta de 1975, na qual votaram –67% dos votos– em favor da permanência no bloco comunitário.

O que se perguntou?

“Deve o Reino Unido permanecer como membro da União Europeia ou deve abandonar a União Europeia?”. Os eleitores tiveram que escolher entre permanecer e abandonar. Não foi a primeira opção. A pergunta inicialmente proposta era: “Deve o Reino Unido permanecer como membro da União Europeia?” E as opções eram sim ou não. No entanto, a Comissão Eleitoral recomendou modificá-la por considerar que, do modo como fora formulada, poderia favorecer os partidários da permanência. O Governo aceitou a recomendação e alterou a pergunta.

Quem tem direito a voto?

O direito a voto segue o mesmo critério das eleições gerais, e não o das locais ou europeias. No entanto, foi exigido um registro prévio através de uma página na Internet habilitada pelo Governo. O prazo para realizar o registro teve que ser prorrogado por 48 horas em razão de a página ter entrado em colapso minutos antes da hora limite.

Puderam votar os britânicos maiores de 18 anos, os cidadãos irlandeses e da Commonwealth residentes no Reino Unido e os britânicos que vivem no estrangeiro há menos de 15 anos. Também os membros da Câmara dos Lordes e os cidadãos da Commonwealth residentes em Gibraltar, que não podem votar nas eleições gerais. Os cidadãos do bloco europeu residentes no Reino Unido não tiveram direito a voto –salvo os irlandeses, cipriotas e malteses.

Como se votou?

Os cidadãos registrados previamente receberam uma carta em seu domicílio na qual foi indicado o lugar em que exerceriam seu voto. No colégio eleitoral lhes foi entregue uma papeleta com a pergunta, que foi respondida em uma das cabines de votação. O eleitor marcou com um X a opção que apoiava. Também foi possível votar pelo correio, mas o prazo para solicitar essa opção se encerrou em 8 de junho. Quarta-feira foi o último dia para pedir o voto por delegação, ou seja, a possibilidade de que alguém autorize outra pessoa a depositar seu voto, como está explicado na página oficial do Governo criada para o referendo.

Quantos votos são necessários para a saída da União Europeia?

Basta uma maioria simples e não há participação mínima para que o resultado seja considerado válido. Todos os votos tiveram o mesmo valor.

Quem quer que o Reino Unido saia da UE?

O Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP) embasa seu programa político no distanciamento de Bruxelas. A legenda, liderada por Nigel Farange, venceu as eleições europeias de 2014 –que tiveram uma abstenção de 64%–, com mais de quatro milhões de votos (27% do total). Em torno da metade dos deputados conservadores –do partido no Governo– e cinco ministros do atual Gabinete se posicionaram em favor da saída. Deputados trabalhistas e unionistas também manifestaram apoio à saída da UE.

Quem quer que o Reino Unido permaneça na UE?

O primeiro-ministro David Cameron defendeu a todo o momento a permanência. O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, criticado por sua ambiguidade e perfil baixo nesta campanha, compareceu para insistir na permanência e alertar sobre “o risco grave” da saída, quando a poucos dias do referendo as pesquisas começaram a mostrar a vantagem do voto pelo abandono da UE. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e outros chefes de Governo de vários países do bloco europeu também argumentaram abertamente pela permanência do país.

O que acontece depois no Reino Unido?

O ministro das Finanças britânico, o conservador George Osborne, alertou os eleitores de que uma vitória da saída da UE obrigará o país a adotar importantes cortes. O Governo contempla um plano de ajuste de urgência, de 30 bilhões de libras (145 bilhões de reais) – a metade por meio de uma elevação de impostos e a outra metade por cortes de gastos públicos. Um grupo de 57 deputados do Partido Conservador –tories– anunciou que bloquearia o plano de ajustes mencionado por Osborne, mostrando a profunda divisão do partido governista.

O que acontece depois na União Europeia?

A cúpula do bloco comunitário (o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker; o do Conselho Europeu, Donald Tusk; o do Parlamento, Martin Schulz, e o primeiro-ministro holandês e presidente de turno da UE, Mark Rutte) se reuniu na manhã de 24 de junho para coordenar estratégias. Com a saída britânica, o Banco Central Europeu e o da Inglaterra preparam para esse mesmo dia uma resposta conjunta que garanta a liquidez do mercado.

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