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Deputada britânica morre após ser baleada e esfaqueada na rua na Inglaterra

Jo Cox foi atacada por um homem quando participava de um ato político na cidade de Birstall Testemunhas dizem ter ouvido o assassino gritar “A Grã-Bretanha em primeiro lugar!”

A deputada laborista Jo Cox, o passado maio.
A deputada laborista Jo Cox, o passado maio.Yui Mok (AP)

A tensa campanha pela saída ou permanência do Reino Unido na União Europeia teve nesta quinta-feira um episódio chocante, com a morte da deputada trabalhista britânica Jo Cox, 41 anos. A parlamentar morreu após ser baleada e esfaqueada quando deixava um ato político na biblioteca de Birstall, na Inglaterra. Um homem de 52 anos, cuja identidade não foi revelada, foi detido, apontado como autor do ataque, cujas circunstâncias ainda são bastante confusas. Não se conhece a motivação do assassino, mas algumas testemunhas dizem tê-lo ouvido gritar “A Grã-Bretanha em primeiro lugar!” antes de avançar sobre a vítima — em inglês, "Britain first", que pode ser uma referência a um partido de extrema direita que defende a saída do bloco europeu. A polícia, no entanto, ainda não confirmou nem negou detalhes como esse.

O crime, que também deixou um homem de 77 anos ferido, ocorre em plena campanha para o referendo, que acontece no próximo dia 23 de junho. Jo Cox, uma deputada de 41 anos, mãe de dois filhos e exercendo o primeiro mandato, vinha participando ativamente nos eventos destinados a convencer o eleitorado trabalhista a respaldar a permanência na União Europeia. Após o atentado, o Partido Trabalhista decidiu suspender a campanha pela permanência, e os partidários do rompimento fizeram o mesmo.

Cox havia se reunido durante a manhã com eleitores na biblioteca pública de Birstall. Hithem Ben Abdallah, que mora perto dali e estava num bar em frente, relatou à BBC que ouviu gritos e saiu para a rua, deparando-se com dois homens engalfinhados numa luta. Um deles então tirou, de uma sacola, uma arma que parecia ser de fabricação caseira. A deputada interveio na briga e, segundo essa testemunha, foram ouvidos vários disparos, o que levou as pessoas ao redor a se protegerem. Quando voltaram a olhar, Cox estava caída no chão, ensanguentada, e com várias punhaladas visíveis.

Graeme Howard, também morador do bairro, disse ao jornal The Guardian que o agressor gritou “A Grã-Bretanha em primeiro lugar!” antes da agressão e também quando foi detido. A polícia está investigando esse detalhe, que poderia sugerir uma afiliação do detido a grupos de extrema direita.

A notícia sobre uma agressão cuja motivação ainda é muito confusa abalou a sociedade e a classe política britânicas, imersas numa campanha de ataques crescentemente duros por parte dos defensores da permanência e da saída da Grã-Bretanha da União Europeia.

Pelo Twitter, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, antes da confirmação da morte da parlamentar, se disse “muito preocupado com os relatos que nos chegam de que Jo Cox foi ferida. Nossos pensamentos e orações estão com Jo e sua família”. Ele anunciou também que decidiu suspender a viagem que faria na tarde desta quinta-feira a Gibraltar, para fazer campanha. Seria a primeira vez desde 1968 que um chefe de Governo do seu país viajaria a esse território britânico encravado no sul da Espanha.

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, manifestou sua comoção pelo ataque e se solidarizou com a vítima e sua família. Jo Cox, ex-diretora da ONG Oxfam, é uma europeísta convicta, que ao longo desta legislatura se afirmou também por suas reticências quanto a um maior envolvimento militar do seu país na Síria.

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