Os nossos botecos favoritos em São Paulo
O guia não oficial e incompleto dos melhores botecos paulistanos
Se você procurava por uma lista estrelada de lugares bem avaliados por críticos de gastronomia, é bom logo saber que caiu no link errado. O sistema de buscas do Google às vezes nos leva para as coisas mais surreais mesmo.
Mas, já que veio parar aqui, talvez possa encontrar boas dicas dos nossos repórteres, já que jornalismo e boemia é quase uma redundância. Não há classificações, tampouco resenhas gastronômicas descrevendo sabores indescritíveis de um prato elaborado. Apenas que estes são os lugares que sugerimos que preste atenção quando estiver em São Paulo:
Bar Boca de Ouro
Um lugar para se tomar uns bons drinques: Negronis, Cassinos, Hanky Pankys e outras delícias amargas são servidas no balcão do estreito salão do bar. Para que não se cometam injustiças, lá também se bebe cerveja – tem até algumas boas artesanais. Nas caixas de som Al Green, Art Blakey and The Jazz Messengers, Billie Holiday, John Coltrane e outras pepitas do jazz, funk e soul. Se você quer beber ouvindo música, chegue cedo ou vá na quarta-feira: quinta, sexta e sábado costuma ficar cheio e as notas se perdem no burburinho. Não deixe de provar o bolovo, tradicional bolinho de carne crocante por fora com um ovo de gema mole dentro. No andar de cima uma mesa de sinuca de uso gratuito está à disposição dos convivas. Rua Cônego Eugênio Leite, 1121, Pinheiros. GIL ALESSI
Izakayada
Neste boteco japonês, a melhor coxinha da cidade divide espaço no cardápio com os petiscos tipicamente de izakayas: acelga fermentada na pimenta, barriga de porco com caldo e arroz, costelinhas de porco marinadas no mel e laranja, iscas de frango marinadas no gengibre e lámens variados. A cerveja de garrafa é uma boa opção para acompanhar os pratos com pimenta, mas há também uísques e drinques feitos com saquê. O local é minúsculo, feito praticamente por um pequeno balcão e poucas mesas no fundo. Dentre as garrafas de bebidas, as prateleiras são amontoadas de bonequinhos de filmes e desenhos, como o Ultraman e Godzilla. A dica, além de pedir a coxinha, é chegar cedo. Não tem wi-fi: se o papo estiver chato, na tevê passam filmes e desenhos japoneses. Praça Carlos Gomes, 61, Liberdade. MARINA ROSSI
Bar do Gê
O Bar do Gê é um autêntico pé sujo, um resistente no meio do bairro de classe média de Perdizes. Por dentro, permanece praticamente igual há 45 anos. Por fora, é decorado pelo grafite de Carlos Marinho da Silva. O dono, Genildo, faz questão de manter a mesma atmosfera que recebeu de seu pai Geraldo, fundador do boteco. O ambiente, contudo, não tem nada a ver com os bares de sinuca onde só entram machões. Não. O público é o mais eclético possível: estudantes, frequentadores assíduos, senhores que jogam dominó. É um boteco, mas, dentro do possível, um boteco família! A ficha de sinuca custa 1,50 real, a cerveja fica por volta dos seis. Rua Caetés, 509. ANDRÉ DE OLIVEIRA
Cortás Pastéis e Espetos
Cerveja seriamente gelada, um ambiente e um cardápio sem afetação e uma localização a pouca distância de casa é o que, a meu ver, permite que um boteco ocupe um lugar cativo no coração de um paulistano. O Cortás Pastéis e Espetos tem todas essas vantagens reunidas para quem vive na região do Sumaré, sobretudo por prezar a simplicidade que um autêntico bar do povo deve ter. As mesas ocupam a calçada, onde alguns assistem a algum jogo de futebol no telão do boteco vizinho, outros têm discussões politizadas ou simplesmente sorriem de copo americano na mão. No menu, o bolinho de mandioca com recheio de chili e os pastéis com recheios variados são boas pedidas para acompanhar a cerveja. Avenida Professor Alfonso Bovero, 554. CAMILA MORAES
Mercearia São Pedro
Mercearia é o boteco do pastel vendido aos gritos, da alheira portuguesa e do balde de Original ou Serramalte no chão. Diziam que era o lugar dos profissionais liberais, jornalistas, escritores, cineastas... Mas na verdade ali vai todo mundo. É possível que, nos tempos em que a Mercearia era lugar de reunião da intelectualidade paulistana,o local tivesse um público mais ilustre e cativo, mas se falarmos de beber cerveja: os garçons continuam sendo queridos e atentos e sua calçada se mantém como templo da paquera. É o cantinho mais próximo ao conceito de bar de bairro que tenho da Europa, onde encontrar amigos e conhecidos sem precisar marcar, onde se sentir, mais ou menos, em casa. Um conceito sob risco de extinção. Rua Rodésia, 34, Vila Madalena. MARÍA MARTÍN
Garagem da Pompéia
Bar de bairro tranquilo e bacanudo para comer e beber bem gastando pouco. A Garagem da Pompéia na verdade parece a sala de estar de uma casa de família, com sofás, mesas redondas e amplas, radiola, Atari e um pequeno quintal onde as crianças podem brincar com o cachorro dos proprietários - enquanto os pais aproveitam. Bruschettas, escondidinho de abóbora com carne seca, e os nossos favoritos: o dadinho de tapioca com geleia de pimenta para os adultos, e o falafel, o favorito do nosso bebê. Tudo acompanhado de bons drinks a preços justos ou cerveja gelada pra simplificar. Ideal para comemorar aniversários (aliás, é bom sempre consultar antes, porque quando tem, o bar lota), petiscar no fim do dia, ou almoçar no fim de semana. Rua Dr. Miranda de Azevedo, 585, Pompéia. ISABELA SPERANDIO
Quintal da Mooca
Fica no encontro das ruas Lituânia e Valentim Magalhães. O casarão tem as paredes tomadas por imagens de times da Mooca - como o Juventus, o bastião do futebol clássico e romântico para quem se opõe à esterilização dos clubes. Ali, no meio da bairro, são servidos pratos caprichados da culinária nordestina, além de petiscos de boteco em geral. Tem feijoada, baião de dois, carne de sol e mexido para quem estiver desesperado por comida (as porções são generosas). Se a proposta for beliscar, os caldos e a moela são as joias da casa. Não faltam opções de caipirinha. Rua Lituânia, 454, Alto da Mooca. KELLEN MORAES
A Juriti
Comparado ao carioca 'Adega Pérola', o A Juriti é um botecão do Cambuci à moda antiga - mas genuíno, nada de emular tradição. Autointitulado 'Rainha dos Aperitivos e Frutos do Mar', esse lugar despretensioso faz por merecer o rótulo. O balcão é uma vitrine de comidinhas deliciosas. A rã à milanesa, o bolinho de bacalhau e os rollmops (filé de arenque enrolado com cebola em conserva) são algumas das estrelas do cardápio. Rua Amarante, 31. KELLEN MORAES
Pirajá
Situado em uma esquina sempre animada do bairro de Pinheiros, o lugar é um pedaço do Rio de Janeiro fincado no coração de São Paulo. A decoração do interior é uma delícia, abarrotada de quadros e fotografias e garrafas e recortes de jornais enquadrados. A comida é decente: o bacalhau ao forno parece feito em uma boa tasca de Lisboa. O único defeito é que sempre está abarrotado de gente e encontrar um lugar numa sexta-feira no final da tarde é simplesmente um milagre. Mas tente. Vale a pena. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 64. ANTONIO JIMENEZ BARCA
Sotero
Caso você esteja marcando um happy hour depois do trabalho ou decida dar um passeio pelo Minhocão no domingo, não deixe de dar uma esticada até o Sotero, um bar/restaurante de comida baiana na parte mais hipster de Santa Cecília. Ali, no número 282 da rua Barão de Tatuí, quase na esquina com a alameda Barros, algumas dezenas de pessoas costumam se aglomerar na calçada para socializar enquanto tomam um chope ou uma garrafa geladíssima de Original, Heineken ou Serramalte. A casa também possui uma boa carta de drinques regionais ou tradicionais, cachaças e cervejas importadas ou artesanais. Mas o forte mesmo é a comida, simplesmente excelente. Se a ideia é apenas petiscar, não deixe de experimentar o delicioso acarajé da casa. Ou então opte pela tradicional e muito bem feita carne de sol com macaxeira ou uma casquinha de siri. Caso queira almoçar, o bar oferece pratos tradicionais como moquecas, ensopados, escondidinhos, feijoadas, entre muitos outros. Tudo muito bem servido. A ideia aqui é resgatar a culinária baiana, mas não se engane: o bar não tem nada de nostálgico. Oferece um ambiente contemporâneo – mas sem exageros, felizmente – e um atendimento bastante decente. O tradicional se mistura com o moderninho, como na hipster querida Santa Cecília. Rua Barão de Tatuí, 282. FELIPE BETIM
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