EUA pedem que grávidas não viajem a Brasil e outros 13 países onde há zika
Especialistas acham que vírus está ligado aos casos de nascimento de bebês com microcefalia

Os Estados Unidos passaram a recomendar às mulheres grávidas ou que pretendam engravidar que evitem viajar para 14 países da América Latina em que houve casos de doença provocada pelo vírus zika. O motivo é a crescente suspeita de vínculo entre o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, e um aumento fora do normal no número de bebês nascidos com microcefalia no Brasil.
A recomendação se aplica ao Brasil, à Colômbia, a El Salvador, à Guiana Francesa, à Martinica, à Guatemala, ao Haiti, a Honduras, ao México, ao Panamá, ao Paraguai, ao Suriname, à Venezuela e a Porto Rico. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) não incluem na lista Equador, Guiana e ilha de San Martín, que a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) considera afetados pelo vírus.
O alerta contra viagens emitido pelos CDC é de nível 2, o que significa tomar “precauções reforçadas”, não chegando a recomendar que sejam totalmente evitadas as viagens, o que seria o nível máximo de alerta, o 3. A agência norte-americana ressalta que a medida foi tomada “por excesso de precaução, até que se saiba mais” sobre a relação entre o zika e os casos de microcefalia, uma má-formação do cérebro —que fica com tamanho menor que o normal—, que dispararam no Brasil: entre novembro e janeiro foram notificados 3.530 casos, um aumento de 377%.
De acordo com os CDC, cientistas da instituição analisaram as amostras enviadas pelas autoridades brasileiras das gravidezes que resultaram em aborto e de dois bebês nascidos com microcefalia que morreram pouco depois do parto. Nesses últimos dois casos, as análises mostraram que havia o vírus zika nos cérebros. Além disso, o exame de sequências genéticas mostrou que nos quatro casos se tratava da mesma cepa de zika que atualmente é encontrada no Brasil. As quatro mães infectadas declararam que tiveram durante a gravidez sintomas condizentes com a doença provocada pelo vírus zika.
Um dos problemas do zika é que muitas pessoas nem chegam a saber que têm o vírus porque não apresentam os sintomas (febre leve e erupções cutâneas são os mais comuns). Segundo a Opas, apenas 1 em cada 4 pessoas desenvolve os sintomas da infecção por zika.
Para as mulheres grávidas ou que planejam a gravidez que não possam adiar a viagem aos países listados, os CDC, assim como a Opas (braço da Organização Mundial de Saúde), recomendam uma consulta médica antes de embarcar e a adoção de todas as medidas possíveis para evitar picadas de mosquito.
A Opas, que também faz análises para confirmar a relação entre o zika e enfermidades congênitas como a microcefalia, não emitiu por enquanto nenhum alerta de viagem, embora recomende encarecidamente que sejam adotadas precauções para evitar picadas —de usar manga comprida a repelentes—, especialmente para as grávidas. Lembra ainda que tudo aponta a que o vírus vai se estender "até alcançar todas as áreas que foram afetadas pelos surtos de dengue e chikungunya nos últimos anos".
Em 3 de março de 2014, o Chile notificou à Opas a confirmação de um caso de transmissão autóctone de febre pelo vírus zika na Ilha da Páscoa. A presença do vírus foi detectada até junho daquele ano na região, segundo a Opas. Em maio de 2015, as autoridades de saúde pública do Brasil confirmaram a transmissão do vírus zika no Nordeste do país. Desde outubro de 2015 até agora, outros países e territórios das Américas relataram a presença do vírus, segundo a agência EFE.
É um vírus novo na região, e até o momento tinha tido uma distribuição geográfica e demográfica muito limitada, sem prova de letalidade. Mas foram notificados casos esporádicos de pacientes com doenças ou condições pré-existentes nos quais as manifestações e complicações poderiam ser mais graves, levando à morte.