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Pandemia de coronavírus
Tribuna
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Trabalhando juntos pela recuperação mundial

Não estaremos completamente seguros até que todos os povoados, cidades, regiões e países estejam

Profissionais de saúde de Madri agradecem, em 20 de abril, os aplausos populares por seu trabalho na luta contra o coronavírus.
Profissionais de saúde de Madri agradecem, em 20 de abril, os aplausos populares por seu trabalho na luta contra o coronavírus.Fernando Villar (EFE)

“A sorte sorri para as mentes preparadas”. Era um lema de Louis Pasteur, um dos cientistas mais importantes do mundo, a quem devemos vacinas e avanços que já salvaram milhões de vidas ao longo de três séculos.

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Como nos tempos de Pasteur, o mundo enfrenta hoje um vírus que assola países e continentes, invadindo nossos lares e nossos corações. Um vírus que provoca devastação e dor em todos os cantos do mundo, impedindo-nos de tocar as pessoas que amamos, desfrutar dos prazeres simples do dia a dia e visitar os lugares de que gostamos.

Esse sacrifício, e os esforços heroicos do pessoal de saúde e assistência em todo o mundo, ajudaram-nos a reverter a tendência em muitas partes do mundo. Enquanto alguns saem cautelosamente do confinamento, outros continuam isolados e com restrições rigorosas sobre sua vida social e sua atividade trabalhista. As consequências podem ser especialmente dramáticas na África e no sul global como um todo.

Mas há algo que nos afeta a todos por igual: nenhum de nós pode imaginar ou prever com certeza suficiente o que a evolução da pandemia realmente nos reserva.

Por esse motivo, esta crise nos afeta a todos. Nenhum de nós é imune à pandemia e nenhum pode derrotar o vírus por conta própria. De fato, não estaremos completamente seguros até que todos estejamos seguros; em todos os povoados, cidades, regiões e países do mundo. Em nosso mundo interconectado, a medida da força do sistema mundial de saúde é dada por sua parte mais fraca. Temos de proteger os outros para proteger a nós mesmos.

Isso nos apresenta um desafio único e verdadeiramente global, e nos coloca diante do imperativo de superá-lo, reunindo os melhores cientistas do mundo, os mais preparados para encontrar as vacinas, os tratamentos e as terapias de que necessitamos para que nosso planeta volte a ser um lugar saudável, e fortalecendo ao mesmo tempo os sistemas de saúde para que essas conquistas possam chegar a todos, dedicando atenção especial à África.

Estamos avançando no compromisso dos líderes do G20 de desenvolver uma resposta massiva e coordenada ao vírus. Apoiamos o pedido de ação conjunta da Organização Mundial da Saúde e de outros organismos globais do setor da saúde. Para isso, lançamos recentemente um “acelerador” para o acesso a ferramentas e recursos sobre a covid-19: uma plataforma mundial de cooperação para agilizar e ampliar a pesquisa, o desenvolvimento, o acesso à vacina e sua distribuição equitativa, e outros tratamentos terapêuticos e diagnósticos vitais. Essa plataforma lançou as bases de uma verdadeira aliança internacional para combater a covid-19.

Estamos decididos a trabalhar juntos, com todos os que compartilham nosso compromisso com a cooperação internacional. Estamos preparados para liderar e apoiar a resposta global.

Nosso objetivo é claro: em 4 de maio, na conferência online de doadores que convocamos, queremos conseguir um montante inicial de 7,5 bilhões de euros [45,6 bilhões de reais] para compensar o déficit de financiamento global estimado pelo Conselho de Monitoramento da Preparação Global e outras instituições.

Temos a satisfação de reunir interlocutores de todo o mundo. Todos nós colocaremos nossos aportes sobre a mesa e os fundos que arrecadarmos impulsionarão uma cooperação global sem precedentes entre cientistas e reguladores, indústria e Governos, organizações internacionais, fundações e profissionais da saúde. Apoiamos a Organização Mundial da Saúde e temos o prazer de unir forças nesta tarefa com organizações experientes, como a Fundação Bill e Melinda Gates e o Wellcome Trust.

Cada euro ou dólar que reunirmos juntos será canalizado, principalmente, por organizações de saúde mundiais de reconhecido prestígio, como a CEPI, a Aliança Global para Vacinas e Imunização, com o apoio do Fundo Mundial e da Unitaid, para ajudar o mundo a superar a pandemia desenvolvendo diagnósticos, tratamentos e vacinas, e generalizando sua administração o mais rápido possível. Se pudermos desenvolver uma vacina produzida graças à colaboração mundial e para o mundo todo, teremos obtido um bem público global único do século XXI, que colocaremos à disposição de todos, de maneira acessível, com a ajuda de nossos parceiros.

É um dever da nossa geração e sabemos que podemos torná-lo realidade. As tecnologias sanitárias de baixo custo e alta qualidade não são uma quimera. Nas duas últimas décadas, já vimos como a colaboração público-privada conseguiu fazer chegar às pessoas mais pobres as vacinas que salvam vidas.

Sabemos que esta corrida será longa. A partir de hoje, correremos em direção ao nosso primeiro objetivo, mas em breve estaremos preparados para uma maratona. Com o objetivo atual só serão atendidas as necessidades iniciais. A produção e entrega de medicamentos em escala mundial exigirão recursos muito superiores aos deste objetivo.

Juntos, devemos garantir que sejam mobilizados recursos suficientes e que se avance rumo ao acesso universal à vacinação, aos tratamentos e aos testes.

Este é um momento decisivo para a humanidade. Ao nos unirmos hoje em torno da ciência e da solidariedade, estamos plantando as sementes de uma maior unidade amanhã. Com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em mente, podemos redefinir o poder da comunidade, da sociedade e da colaboração mundial para garantir que ninguém seja deixado para trás.

O mundo inteiro se ergueu contra a covid-19. Juntos venceremos.

Giuseppe Conte é o primeiro-ministro da Itália; Emmanuel Macron, presidente da França; Angela Merkel, chanceler da Alemanha; Charles Michel, presidente do Conselho Europeu; Erna Solberg, primeira-ministra da Noruega; Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

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