_
_
_
_
_

Siga as regras. Não por você, mas pelos mais frágeis

“Eu fico em casa”, campanha iniciada na Itália e agora adotada na Espanha, mostra importância de evitar aglomerações contra o coronavírus. Brasil adota medidas restritivas

#YoMeQuedoEnCasa saiu das redes e virou campanha nas ruas de Madri, na Espanha, neste sábado.
#YoMeQuedoEnCasa saiu das redes e virou campanha nas ruas de Madri, na Espanha, neste sábado.SERGIO PEREZ (REUTERS)
Mais informações
La ciudad de Madrid, prácticamente vacía por el cierre de tiendas y servicios de hostelería por el coronavirus.
Condutas individuais contra coronavírus podem ser mais importantes do que ação dos Governos
A woman, wearing a face mask, walks past a sign guiding people to the entrance of a corona testing station at the Vivantes Wenckebach hospital in Berlin on March 13, 2020. - German Chancellor Angela Merkel called on organisers of non essential events gathering hundreds of people to cancel them to help slow the spread of coronavirus. The regional governments of Germany's 16 states will decide if they want to shutter school gates according to the local situation, Merkel said on March 13, 2020, adding that an option could be to bring forward April's Easter school holidays. (Photo by Odd ANDERSEN / AFP)
Conduta do vírus no calor é chave para seu controle

Milhares de pessoas nas redes sociais pedem calma apesar da expansão do coronavírus pela Espanha, que decretou estado de alarme nesta sexta-feira para restringir a circulação nas ruas. Com o uso das hashtags #YoMeQuedoEnCasa (Eu fico em casa) e #FrenarLaCurva (Frear a curva, em referência à curva de crescimento da propagação do vírus) usuários pedem que as pessoas sejam responsáveis e não saiam às ruas para evitar que os contágios aumentem. O objetivo desses dias, em que o trabalho remoto em casa é incentivado, é que o número de infectados não cresça descontroladamente e alcance um pico tão acentuado como na Itália, o país da Europa com mais casos (acima de 17.000) até agora. A Europa tornou-se nesta semana o epicentro da pandemia, segundo a Organização Mundial da Saúde, mas o Brasil também começa a endurecer as medidas para enfrentar a propagação da doença.

Foi na Itália que surgiu a primeira amostra dessa campanha nas redes sociais. Através do #IoRestoACasa (Eu fico em casa) os italianos pedem que ninguém abandone suas residências. Alguns famosos como Laura Pausini, Paolo Sorrentino, Tiziano Ferro e Chiara Ferragni publicaram em seus perfis fotos e vídeos cobrando responsabilidade dos cidadãos.

Na Espanha, em apenas 24 horas, foram publicados mais de 31.000 tuítes utilizando a hashtag #YoMeQuedoEnCasa para conscientizar sobre a importância de ser responsável e ficar em casa mesmo não sendo proibido. A outra hashtag, #FrenarLaCurva, apareceu em quase 60.000 publicações. Também foram utilizadas outras expressões com a mesma intenção, como #YoElijoSerResponsable (Eu escolho ser responsável), #YoElijoSalvarVidas (Eu escolho salvar vidas) e #QuédateEnCasa (Fique em casa, esse último acompanhado por um vídeo em que aparecem profissionais da área da saúde).

“Frear a curva” é o principal mantra para conter a epidemia. E isso implica em um pacto coletivo incondicional, que também vale para o Brasil, onde, nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde recomendou o cancelamento ou a realização sem público de grandes eventos como partidas de futebol. Quanto maior a curva de infectados pela doença, mais chances de o sistema de saúde entrar em colapso por falta de estrutura para atender tantos casos em um curto espaço de tempo, principalmente pelo fato das infecções pelo covid-19 demandarem cerca de 60 vezes mais internações hospitalares que a gripe comum.

A China, onde o novo vírus se originou, tem colhido bons resultados na força-tarefa para deter a curva com medidas de quarentena e distanciamento social. O país detectou somente 15 novos casos na última quinta-feira, enquanto o resto do mundo registrou mais de 4.100 infectados nesse mesmo intervalo de 24 horas.

Imagem que circula nas redes sociais com a hashtag #YoMeQuedoEnCasa
Imagem que circula nas redes sociais com a hashtag #YoMeQuedoEnCasa

Na pior das hipóteses, de acordo com estimativas de pesquisadores e médicos sanitaristas, o coronavírus pode afetar 60% da população mundial. Os números atuais indicam que 80% dos casos seriam leves ou até mesmo assintomáticos, mas haveria outros 15% em estado mais grave, que exigiram oxigênio, e outros 5% em situação crítica, com necessidade de entubação em UTI. As mortes giram entre 0,3% e 1% dos afetados, em que boa parte deles se encaixa nos grupos de risco, a exemplo de idosos, hipertensos e diabéticos.

Entretanto, mesmo que apresente bom estado de saúde e não integre nenhuma faixa vulnerável, é preciso que cada cidadão assuma a responsabilidade de proteger as pessoas mais frágeis e adote o compromisso, por meio de ações individuais, de se precaver da exposição ao vírus não só para resguardar os grupos de risco, mas também para evitar a sobrecarga do sistema de atendimento nos hospitais diante do surto de infectados.

Para isso, é fundamental lavar as mãos frequentemente, com água e sabão ou álcool gel, evitar aglomerações, tentar trabalhar de casa sempre que possível e manter distância das demais pessoas, sobretudo das que apresentam tosse ou febre. Lembre-se: não é por você, mas pelos outros, especialmente os mais vulneráveis. Faça sua parte para “frear a curva”.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_