_
_
_
_
_

Merkel apela a cidadãos e chama coronavírus de “maior desafio desde a Segunda Guerra Mundial”

Pela primeira vez em seus 14 anos de mandato a chanceler alemã fez um discurso televisionado para além dos tradicionais de Ano Novo para enfatizar a gravidade da epidemia

Alemão assiste a Merkel falar na TV.
Alemão assiste a Merkel falar na TV.Fabian Strauch (AP)

A chanceler alemã, Angela Merkel, se dirigiu à nação nesta quarta-feira em um discurso solene em que explicou que a luta contra o coronavírus só será bem-sucedida se os alemães compreenderem que este é um desafio coletivo. Pediu-lhes que cumpram as restrições impostas porque “isso é sério”. “Levem isso a sério”, insistiu aos cidadãos sobre a gravidade da situação. “Desde a Segunda Guerra Mundial não houve um desafio para o nosso país que dependesse tanto da nossa ação conjunta e solidária”, disse Merkel em seu discurso na televisão.

Mais informações
Mandetta prevê 20 semanas “extremamente duras” com coronavírus
O mapa do coronavírus: como aumentam os casos dia a dia no Brasil e no mundo
Fotograma de un vídeo compartido por los trabajadores del Hospital Mateu Orfila
“Ouvimos vocês”: profissionais de saúde agradecem aplausos de apoio

À margem do tradicional discurso de Ano Novo, em seus 14 anos no cargo, Merkel nunca havia se dirigido à nação. A chanceler é pouco dada aos grandes discursos e à cerimônia, mas considerou que desta vez a gravidade da situação exigia sair da norma. A de hoje é uma intervenção extraordinária, “histórica”, conforme a manchete de um jornal alemão em sua edição digital.

O instituto Robert Koch alemão indica 8.198 positivos no país e 12 o número de mortos pelo coronavírus. O número de infectados cresce cerca de 1.000 a cada dia, enquanto a primeira economia da zona do euro se aproxima da paralisia. O instituto acredita que a pandemia pode durar dois anos e infectar até dez milhões de alemães se não surgir uma vacina. O Executivo de Berlim anunciou hoje que habilitará hotéis e grandes instalações para a montagem de hospitais de emergência diante do previsível aumento de casos.

Merkel prognosticou que as próximas semanas serão ainda mais difíceis, mas lembrou que o fornecimento de alimentos está garantido e que não tem sentido acumular alimentos, algo que, além disso, é pouco solidário. A chanceler fez uma menção especial às caixas e reabastecedores de supermercado que “estão fazendo um dos trabalhos mais difíceis que existem neste momento”.

“O coronavírus está mudando a vida do nosso país de maneira dramática. Nossa ideia de normalidade, vida pública e interação social está sendo posta à prova como nunca antes”, disse a chanceler em seu discurso, lembrando que milhões de pessoas não podem ir trabalhar e as escolas e lojas estão fechadas.

Merkel explicou à nação que enquanto não houver uma vacina, a única coisa que pode ser feita é “deter a propagação, dilatá-la ao longo dos meses e, assim, ganhar tempo”. Para encontrar uma vacina, mas também para que os doentes possam ser tratados. Merkel considerou que a Alemanha possui um excelente sistema de saúde, mas que, mesmo assim, os hospitais alemães também ficarão sobrecarregados se a doença não for detida.

Merkel pediu a seus concidadãos “a suspensão da vida pública na medida do possível. O Estado continuará funcionando, o fornecimento continuará garantido e queremos preservar o máximo de atividade econômica possível [...] mas devemos reduzir agora tudo aquilo que possa colocar em perigo as pessoas”. Por esse motivo, afirmou, são necessárias “restrições como nunca antes se viu na República Federal”. “Em uma democracia [essas restrições] nunca devem ser decididas com pressa e só temporariamente. Mas, no momento, são indispensáveis para salvar vidas”.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_