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Leopoldo López, opositor de Maduro, deixa Embaixada da Espanha em Caracas e sai da Venezuela

Dirigente oposicionista estava abrigado na residência do embaixador desde o levante de 30 de abril de 2019. Ex-prefeito já cruzou a fronteira com a Colômbia e pretende chegar até a Espanha

Francesco Manetto
Cidade do México -
Imagem de Leopoldo López durante sua detenção, em 2019.
Imagem de Leopoldo López durante sua detenção, em 2019.JORGE SILVA (REUTERS)

O dirigente oposicionista venezuelano Leopoldo López saiu da embaixada da Espanha em Caracas, segundo confirmaram ao EL PAÍS fontes da oposição, que afirmam que ele já deixou o país. López estava abrigado na residência do embaixador espanhol em Caracas desde 30 de abril de 2019, quando liderou, junto com Juan Guaidó, presidente do Parlamento, um levante que pretendia desencadear uma revolta nas Forças Armadas e derrubar Nicolás Maduro. Tudo ficou em uma tentativa frustrada pelas forças militares que permaneceram fiéis ao Governo e aquele dia terminou com sua libertação depois de ter passado três anos na prisão e dois em prisão domiciliar.

O ex-prefeito do município de Chacao, que havia sido condenado pela Justiça controlada pelo chavismo por seu papel na onda de protestos de 2014, encontrou então proteção nas dependências diplomáticas espanholas depois de evitar os controles das forças de segurança. López já cruzou a fronteira com a Colômbia, segundo as fontes consultadas, e seu objetivo é viajar para a Espanha, onde reside seu pai, Leopoldo López Gil, eurodeputado do Partido Popular.

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O dirigente oposicionista sempre se manteve na linha de frente política, mesmo após sua prisão. Tornou-se um símbolo da resistência contra Maduro e, especialmente desde que passou à prisão domiciliar e posteriormente se estabeleceu na Embaixada da Espanha, pilotou a estratégia das forças de oposição e do próprio Guaidó. Nos últimos meses, essa via de pressão contra o chavismo e de rejeição incondicional aos processos eleitorais convocados pelo Governo, que não deu resultados concretos, recebeu duras críticas de outros setores da oposição, como a corrente liderada por Henrique Capriles.

Há um mês, o Governo espanhol anunciou a substituição do seu embaixador em Caracas, Jesús Silva. No entanto, garantiu que a decisão não afetaria a situação de López. Silva está à frente da embaixada em Caracas desde que foi nomeado pelo Governo de Mariano Rajoy em 2017. Apesar das constantes crises com que teve de lidar durante sua gestão, o momento provavelmente mais tenso foi no início de maio 2019, quando López, sua esposa —a também oposicionista Lilian Tintori—e um de seus filhos procuraram abrigo na residência, território inviolável onde não pode ser exigido pelas autoridades venezuelanas.

A fuga de López é um sinal das escassas esperanças que até mesmo a direção da oposição tem em um processo de mudança ou uma transição no curto prazo. Desde que Maduro, em busca de oxigênio antes da eleição da Assembleia Constituinte em julho de 2017, concedeu-lhe a medida de prisão domiciliar, o líder antichavista buscou vários caminhos para aumentar a pressão contra o regime bolivariano. O movimento-chave foi no início de 2019, com o lançamento de Guaidó, até então deputado do partido Vontade Popular, com pouca presença pública. Guaidó foi eleito chefe do Legislativo e, como tal, desafiou Maduro proclamando-se presidente interino, em virtude de uma interpretação constitucional que desqualificava o sucessor de Hugo Chávez por ser, segundo essa leitura, um usurpador do poder.

Essa medida desencadeou uma onda de protestos que abalou a Venezuela e gerou uma sensação de mudança iminente durante a primeira metade do ano. Enquanto a Administração de Donald Trump endurecia as sanções contra o Governo de Caracas, Guaidó e López tentavam forçar uma rebelião dentro das Forças Armadas que nunca aconteceu. Houve dezenas de deserções, algumas muito significativas, como a do chefe do Serviço de Inteligência (Sebin), Christopher Figuera, mas insuficientes para provocar uma ruptura na polícia e no Exército.

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