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Com discursos de Melania e Pompeo, convenção republicana enaltece figura de Trump na Casa Branca

Fala de secretário de Estado quebrou protocolo da diplomacia que recomenda não se posicionar politicamente, para evitar repercussões em seu trabalho internacional

A primeira-dama Melania Trump e seu marido, o presidente Donald Trump, depois do discurso dela na Convenção Nacional Republicana, nesta terça-feira, na Casa Branca.
A primeira-dama Melania Trump e seu marido, o presidente Donald Trump, depois do discurso dela na Convenção Nacional Republicana, nesta terça-feira, na Casa Branca.KEVIN LAMARQUE (Reuters)
Sonia Corona
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A Casa Branca e Donald Trump foram os protagonistas da segunda noite da Convenção Republicana. O evento foi marcado pelas aparições do presidente dos Estados Unidos na residência oficial: concedendo o perdão a um ex-condenado e comandando a cerimônia de naturalização de cinco estrangeiros. A mensagem de que Trump governou com sucesso e equanimidade —evitando todos os incidentes questionáveis— foi o selo de quase todos os discursos da noite. O cenário recorrente deixou de ser um palanque em um auditório vazio; ao invés disso, mostrou-se um nutrido grupo de seguidores e colaboradores do presidente no Jardim das Rosas escutando a fala da primeira-dama, Melania Trump.

A esposa do presidente proferiu um discurso em que logo de saída reconheceu que os norte-americanos enfrentam momentos duros devido à pandemia do coronavírus. “Sei que muita gente está ansiosa e se sente indefesa. Quero que saibam que não estão sozinhos”, disse. O breve e empático gesto da primeira-dama foi um dos poucos desse tipo ouvidos durante a convenção, quando os mortos pela doença já somam 178.000, entre mais de 5,7 milhões de casos nos EUA. Melania Trump evitou atacar os democratas e descreveu seu marido como “um político incomum que exige ações”.

Nisso também concordou com o secretário de Estado, Mike Pompeo, que contra todos os prognósticos e objeções enviou um discurso gravado de Jerusalém, onde está como parte de uma viagem a trabalho. Uma regra não escrita diz que o chefe da diplomacia norte-americana não se posiciona politicamente, para evitar repercussões em seu trabalho internacional. Pompeo, entretanto, aproveitou a ocasião para destacar as políticas de Trump contra a China e também a dissolução do que chamou de “desastroso acordo nuclear com o Irã”. Também destacou o papel dos Estados Unidos na OTAN e o fato de Trump ter mediado o histórico acordo recente entre Israel e Emirados Árabes Unidos, “um acordo do que nossos netos lerão nos livros de história”.

Na Câmara dos Deputados, alguns legisladores protestaram pela participação de Pompeo na convenção. O congressista democrata Joaquín Castro, líder do comitê de Assuntos Exteriores, disse que o discurso do secretário é “altamente incomum, sem precedentes e provavelmente ilegal”. O Departamento de Estado afirmou à Reuters que a mensagem de Pompeo foi gravada nas horas de folga do secretário, sem uso de recursos públicos.

O enaltecimento à figura de Trump como presidente passou pela economia, a política externa, o debate racial e inclusive a imigração. Em uma montagem incomum para a convenção de qualquer dos dois partidos, o presidente realizou uma cerimônia para conceder a cidadania norte-americana a cinco estrangeiros, apesar de ser o presidente que mais endureceu as medidas de imigração e aumentou as deportações de imigrantes. “Eles seguiram as regras”, afirmou, após lhes entregar seu certificado de cidadania. Um cenário pouco crível, tanto que, minutos depois, seu filho Eric Trump acusou o democrata Joe Biden de prometer “anistias a imigrantes ilegais”.

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