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Israel acerta acordo histórico com os Emirados Árabes e suspende a anexação da Cisjordânia

O pacto foi anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que atuou como mediador entre as partes

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o premiê de Israel Benjamin Netanyahu, em um encontro sobre a política norte-americana para o Oriente Médio na Casa Branca, em janeiro de 2020,
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o premiê de Israel Benjamin Netanyahu, em um encontro sobre a política norte-americana para o Oriente Médio na Casa Branca, em janeiro de 2020,Brendan McDermid (Reuters)
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U.S. President Donald Trump and Israel's Prime Minister Benjamin Netanyahu deliver joint remarks on a Middle East peace plan proposal in the East Room of the White House in Washington, U.S., January 28, 2020. REUTERS/Joshua Roberts
Trump apresenta plano de paz que respalda os interesses-chave de Israel

Em um golpe com consequências imprevisíveis para o futuro do Oriente Médio, Israel chegou nesta quinta-feira a um acordo com os Emirados Árabes Unidos para estabelecer relações diplomáticas, com a mediação de Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos foi o primeiro a anunciá-lo por meio do Twitter, chamando o entendimento de “grande virada” e “acordo de paz histórico entre dois grandes amigos [dos Estados Unidos]”.

Em troca de conseguir uma normalização de relações com um terceiro Estado do mundo árabe, depois do Egito (1979) e da Jordânia (1994), Israel abre mão da anexação parcial da Cisjordânia prevista no plano de paz da Casa Branca apresentado em janeiro passado. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se dispõe a tornar público nas próximas horas o conteúdo de uma declaração conjunta com os EAU, na qual ambos os países se comprometem a “uma completa normalização de relações” para “avançar rumo à paz na região.”

O novo entendimento também prevê que os fiéis muçulmanos poderão visitar a mesquita de Al-Aqsa, terceiro lugar mais sagrado do islã e situado na Cidade Velha de Jerusalém, em voos diretos de Abu Dhabi para Israel. O pacto, denominado Abraham, é fruto de longas conversas entre Israel, EAU e EUA. Foi concluído nesta quinta numa conversa telefônica entre Trump, Netanyahu e o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed Bin Zayed, responsável pela nova política exterior dos EAU e vice-comandante supremo das Forças Armadas. A ideia central é buscar um novo caminho para o Oriente Médio, com o objetivo de “desbloquear o grande potencial da região”.

Israel e as monarquias do Oriente Médio mantêm laços há décadas, apesar de não terem embaixadas nos respectivos territórios. A crescente presença militar do Irã nos conflitos da Síria e do Iêmen aproximaram ainda mais suas posições ante o surgimento de um inimigo comum. O acordo é uma má notícia para o regime de Teerã, que rejeita o contato com Israel e defende a eliminação do “Estado sionista”.

A mediação de Jared Kushner, genro de Trump e alto conselheiro do presidente, parece ter sido fundamental para a conclusão do pacto entre israelenses e os Emirados. Como arquiteto da chamada “Visão pela Paz” da Administração republicana, sua estratégia de aproximação entre o Estado judeu e os países árabes sunitas moderados começa a dar os primeiros frutos. A estabilidade entre os principais aliados regionais dos EUA é o eixo central do chamado “Acordo do Século”, o plano de paz da Casa Branca para o Oriente Médio.

A assinatura do acordo para estabelecimento de relações entre Israel e os EAU está prevista para as próximas semanas, presumivelmente nos EUA. Em nenhum caso se espera que o país árabe estabeleça sua embaixada em Jerusalém. Todas as legações, exceto as de Washington e Guatemala, estão em Tel Aviv. O novo entendimento contempla também pactos bilaterais em matéria de investimentos econômicos, turismo e aviação, segurança e telecomunicações.

O comunicado conjunto assinado por Israel, EAU e EUA afirma que o Governo israelense suspende a extensão de sua soberania sobre algumas partes do território palestino da Cisjordânia, ocupado militarmente desde 1967. “No futuro imediato, Israel concentrará seus esforços em construir relações sólidas [com os EAU] a fim de romper o gelo na hora de estabelecer novas relações diplomáticas e acordos de paz com outros países da região”, afirma a declaração conjunta.

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