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Presidente do Irã rejeita renegociar acordo nuclear

Hasan Rohani acusa europeus de serem incapazes de agir com independência em relação aos EUA

Ángeles Espinosa
O presidente do Irã, Hasan Rohani, assina livro com nome das vítimas de queda de avião abatido elas Forças Armadas iranianas, em foto de divulgação desta quarta.
O presidente do Irã, Hasan Rohani, assina livro com nome das vítimas de queda de avião abatido elas Forças Armadas iranianas, em foto de divulgação desta quarta.IRANIAN PRESIDENTIAL OFFICE HAND (EFE)

O presidente do Irã, Hasan Rohani, recusou nesta quarta-feira a proposta de renegociar o acordo nuclear como quer o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e criticou a União Europeia por não ter sido capaz de agir como um bloco independente nessa questão. Suas palavras surgem um dia depois de os três signatários europeus do pacto ativarem o mecanismo de resolução de disputas desse tratado e de o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, propor um “acordo Trump” para resolver a crise.

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Tehran (Iran (islamic Republic Of)), 11/01/2020.- Iranians light candles for victims of Ukraine International Airlines Boeing 737-800 during as they protest in front of the Amir Kabir University in Tehran, Iran, 11 January 2020. Media reported that hundreds of Iranians protests in Tehran in solidarity with victims of the Ukraine plane as Iranian military released a statement claiming that Ukraine International Airlines flight PS752 was shot down due to human error. (Protestas, Ucrania, Teherán) EFE/EPA/ABEDIN TAHERKENAREH
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“A UE fracassou e não conseguiu agir como um bloco independente [dos EUA]”, declarou Rohani em um discurso transmitido pela televisão. Na primeira reação política depois do anúncio europeu da véspera, o presidente iraniano também afirmou que os interlocutores da UE deveriam “se desculpar com Teerã pelo descumprimento de suas promessas”.

Desde que os EUA se desvincularam do acordo nuclear, em 2018, o Irã insiste para que os demais signatários (Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) ofereçam uma compensação pelas perdas econômicas. As sanções que Washington reimpôs a Teerã bloqueiam sua capacidade de vender petróleo, que é sua principal fonte de renda (dos 2,8 milhões de barris diários que exportava na época, passou a apenas meio milhão, e com grandes descontos). O lançamento pela UE de um mecanismo financeiro para driblar as restrições norte-americanas mostrou-se insuficiente.

Cansado de esperar, o Irã começou a quebrar seus compromissos com o acordo a partir de maio do ano passado, num crescendo que culminou no último dia 5 de janeiro com o anúncio de que não respeitaria mais os limites para o enriquecimento de urânio. Esse processo, chave para a fabricação de armas nucleares, era o principal objeto do pacto. Daí a decisão do Reino Unido, França e Alemanha de ativarem o mecanismo de resolução de disputas, como forma de advertência.

Rohani reiterou, no entanto, que todos os passos que seu país deu até agora “são reversíveis” se a outra parte cumprir suas obrigações. E aí está o problema. A outra parte carece de uma voz única. Trump, que desde antes de chegar à Casa Branca já rejeitava o acordo assinado por seu antecessor, Barack Obama, pretende renegociá-lo para incluir o programa de mísseis e a interferência iraniana nos países árabes (através de forças militares aliadas).

A UE, que embora não seja parte signatária agiu como mediadora, compartilha a preocupação norte-americana, mas não a forma de pressão de Washington, e por isso se esforçou em manter abertos os canais de diálogo com o Irã. Entretanto, carece de verdadeiro peso político e econômico para compensar a ausência de Washington. China e Rússia, por sua vez, defendem o pacto enquanto se beneficiam da debilidade da República Islâmica (o que permite a Pequim comprar petróleo a preços irrisórios e dá caminho livre a Moscou na Síria).

O impasse ocorre em meio de uma escalada de tensão com os EUA por causa do assassinato do general Qasem Soleimani no Iraque. Não obstante, Rohani quis deixar claro que o regime iraniano não vai dar o braço a torcer. Rechaçou o plano proposto por Johnson de renegociar o acordo ao gosto de Trump, que qualificou como “estranho”. Também aproveitou para criticar o presidente norte-americano por romper suas promessas, responsabilizou os EUA pela insegurança no Oriente Médio e insistiu para que ele se desculpe com o Irã pelas agressões que cometeu previamente na região.

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