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A dupla ofensiva de Trump com a histórica decisão de tirar os Estados Unidos da OMS

Presidente aponta suposta proximidade da entidade com Pequim, a quem acusa de ter escondido a verdade sobre a pandemia de coronavírus

Donald Trump ao concluir seu anúncio na sexta-feira, na Casa Branca.
Donald Trump ao concluir seu anúncio na sexta-feira, na Casa Branca.JONATHAN ERNST (Reuters)
Antonia Laborde

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou nesta sexta-feira uma ofensiva dupla contra a China. Anunciou a retirada de seu país da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela suposta proximidade da entidade com Pequim, a quem acusa de ter escondido a verdade sobre a pandemia de coronavírus, e também investiu contra o Governo chinês pela aprovação de uma nova lei de Segurança Nacional para impor o controle de Pequim sobre o território autônomo de Hong Kong. O mandatário ordenou que seja iniciado o processo para cortar a relação especial com o enclave, o que será um duro golpe para o mercado financeiro internacional e para Pequim.

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A stranded migrant labourer with his infant walks to an assembling centre to get transferred to a railway station to board on a special train to Bihar after the government eased a nationwide lockdown imposed as a preventive measure against the COVID-19 coronavirus, in Chennai on May 30, 2020. (Photo by Arun SANKAR / AFP)
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China aprova a polêmica lei de segurança para subjugar Hong Kong e eliminar a dissidência
TOPSHOT - This combination created of nine video grabs taken on May 18, 2020 from the website of the World Health Organization shows (top to bottom, LtoR) WHO Director-General Tedros Adhanom Ghebreyesus, Swiss President Simonetta Sommaruga, UN Secretary-General Antonio Guterres, Chinese President Xi Jinping, German Chancellor Angela Merkel, French President Emmanuel Macron, South Korean President Moon Jae-in, Barbados Prime Minister Mia Mottley and South African President Cyril Ramaphosa delivering their speech via video link at the opening of the World Health Assembly virtual meeting from the WHO headquarters in Geneva, amid the COVID-19 pandemic, caused by the novel coronavirus. - The World Health Organization on May 18 kicked off its first ever virtual assembly, but fears abound that US-China tensions could derail the strong action needed to address the COVID-19 crisis. (Photo by - / World Health Organization / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / WORLD HEALTH ORGANIZATION" - NO MARKETING - NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS
Especialistas defendem OMS de críticas sobre desempenho no combate ao coronavírus

Trump acusou a China de não cumprir suas promessas de respeitar o status da ex-colônia britânica, e anunciou que ordenou ao Governo americano que inicie um processo para eliminar as “isenções políticas” que dão a Hong Kong “um tratamento diferente e especial”. A decisão de pôr fim aos benefícios comerciais é uma represália contra Pequim por ter aprovado a polêmica lei de Segurança Nacional, que busca controlar o território autônomo e acabar com os protestos pró-democracia.

Em outro golpe contra China, o presidente anunciou que o encerramento das relações com a OMS. “A China pressionou a OMS para enganar o mundo”, afirmou. “A China ignorou as obrigações de prestar informações à OMS e pressionou a organização para que o mundo subestimasse o coronavírus”, acrescentou. A decisão ocorre em meio à pandemia provocada pelo coronavírus, ao qual Trump se referiu novamente como “o vírus de Wuhan”, referindo-se à cidade chinesa em que ele começou a se propagar, e ao qual atribuiu falsamente um milhão de mortes no mundo, quando até o momento são 370.000. O presidente já havia congelado temporariamente a contribuição para a OMS em meados de abril, que beira os 500 milhões de dólares (2,67 bilhões de reais) ao ano e representa cerca de 15% do orçamento da organização.

Entre as ações anunciadas por Trump estão também sanções contra autoridades chinesas que Washington considere que tenham minado a liberdade de Hong Kong, a suspensão da entrada nos EUA de cidadãos chineses que signifiquem um “risco” de segurança e a investigação de empresas do gigante asiático que atuam nos Estados Unidos. O presidente americano não aceitou perguntas de jornalistas ao fazer o anúncio na Casa Branca.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, já havia preparado o terreno para essas medidas ao comunicar na quarta-feira ao Congresso que sua pasta já não considera que Hong Kong tenha autonomia em relação a Pequim. Trump insistiu sexta-feira que a ex-colônia britânica já não é “suficientemente autônoma” da China para que seja mantido seu status comercial especial.

O debate e a aprovação da polêmica lei de Segurança Nacional no Legislativo chinês reativaram a oposição contra Pequim em Hong Kong, onde ativistas preparam novos protestos por temer que a nova legislação prejudique o regime de liberdades e direitos que a antiga colônia britânica mantém desde sua devolução à China, em 1997. A lei diz que serão respeitadas a “jurisdição geral” do Governo central e a “ampla autonomia” de Hong Kong —autonomia que, pelo que foi combinado com Londres, deve se prolongar até 2047—, mas ao mesmo tempo prevê punição por qualquer atividade “separatista” ou “terrorista”, “subversão dos poderes do Estado” e “ingerência de potências estrangeiras”.

Os críticos da nova lei, como os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido, entre outros, veem com preocupação uma medida que pode ter sérias consequências para o centro financeiro asiático.

No final do ano passado, Trump assinou uma lei aprovada quase por unanimidade no Congresso em apoio às manifestações de Hong Kong. Essa lei estabelece sanções para as autoridades chinesas que não respeitarem os direitos humanos e inclui a revisão periódica da condição especial concedida por Washington ao território autônomo, com todos os direitos de uma economia aberta.

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