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EUA e Europa pressionam China por respostas sobre a covid-19 e aprofundam crise diplomática

Diversos países acusam gigante asiático de supostamente ter ocultado a gravidade da epidemia enquanto reforçava seus estoques de material sanitário

Pesquisadores chineses examinam amostras em um laboratório do país asiático, em 6 de fevereiro.
Pesquisadores chineses examinam amostras em um laboratório do país asiático, em 6 de fevereiro.CHINA DAILY (Reuters)
Amanda Mars
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Rome (Italy), 04/05/2020.- People enjoy a sunny day at Villa Borghese park in Rome, Italy, 04 May 2020. The Italian government gradually lifts the lockdown restrictions that were implemented to stem the widespread of the Sars-Cov-2 coronavirus causing the Covid-19 disease. From 04 May on, the country's population will be again allowed to move around their region, among others. (Italia, Roma) EFE/EPA/FABIO FRUSTACI
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03 May 2020, Brazil, Brasilia: Supporters of Brazilian President Jair Bolsonaro gather for a protest against the President of the Chamber of Deputies, Rodrigo Maia and the Supreme Court (STF) judges. Photo: Tiago Teles/TheNEWS2 via ZUMA Wire/dpa


03/05/2020 ONLY FOR USE IN SPAIN
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A desconfiança internacional contra Pequim por sua gestão da crise do coronavírus se intensifica conforme passam as semanas. Um relatório do Governo norte-americano afirma que o regime comandado por Xi Jinping “ocultou intencionalmente a gravidade” da pandemia, iniciada na cidade de Wuhan, enquanto reforçava suas provisões de material sanitário, acusação que se soma à dos serviços de inteligência de outros países. O Reino Unido afirmou que a China deve algumas explicações depois de superada a crise.

Washington insistiu nas críticas a Pequim durante o fim de semana. O secretário de Estado Mike Pompeo declarou em uma entrevista televisiva que há “enormes provas” de que a covid-19, que ceifou quase 250.000 vidas em todo o mundo em apenas quatro meses, saiu de um laboratório de Wuhan. A origem do vírus não foi confirmada. Até agora, a hipótese mais repetida aponta para um mercado de animais vivos nessa cidade, com um animal chamado pangolim como principal suspeito do contágio, mas os Estados Unidos há dias vêm apontando um possível acidente no Instituto de Virologia localizado a 12 quilômetros desse mercado.

O presidente Donald Trump antecipou na noite deste domingo que os EUA publicarão um relatório completo sobre o ocorrido. “Minha opinião é que cometeram um erro, tentaram acobertá-lo, é como um incêndio”, disse numa entrevista e conversa virtual com eleitores gravada pela rede Fox dentro do Monumento a Lincoln, em Washington. “Vamos apresentar um relatório muito contundente sobre o que aconteceu exatamente, e acredito que será conclusivo”, acrescentou.

Na mesma tarde, a agência Associated Press publicou o conteúdo de um relatório do Departamento de Segurança Doméstica segundo o qual a China “ocultou intencionalmente a gravidade” enquanto redobrava as importações de material médico e reduzia as exportações. O acesso a máscaras, luvas plásticas e respiradores se tornou um problema para todos os países afetados por esta crise, incluídos os mais ricos, em meio à pandemia mais grave em pelo menos um século.

O relatório de quatro páginas, segundo a AP, não é confidencial, mas se destina “apenas ao uso oficial”. Ele indica que Pequim não informou à Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o caráter altamente contagioso da covid-19, pois assim ganharia tempo para se abastecer melhor. Observa, baseando-se no padrão de comércio internacional da China, que o gigante asiático “encobriu isto negando que houvesse restrições às exportações e retardando a divulgação de seus dados comerciais”.

A esta suposta manobra se somou nesta segunda-feira a notícia de outro relatório, neste caso de autoria de um consórcio formado pelos serviços de inteligência dos EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, o chamado Grupo dos Cinco Olhos. Segundo o jornal Australia Telegraph, essa investigação mostra que a China destruiu deliberadamente provas da covid-19 em uma “agressão à transparência internacional”. O Secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, disse que o regime chinês deverá “responder perguntas” quando o pior desta crise passar.

“Fomos um pouco ingênuos no passado”, reconheceu o alto representante da União Europeia para a Política externa, Josep Borrell, em uma entrevista publicada no domingo no francês Le Journal du Dimanche e citada pela agência Efe. Acrescentou, entretanto, que seu enfoque agora está “mais realista”.

A China confirmou em 6 de fevereiro a morte do médico que tinha dado a voz de alerta sobre o coronavírus e foi por isso repreendido pela polícia, após dias de protestos de seus próprios cidadãos pela forma como o regime tinha ocultado a pandemia.

Os serviços norte-americanos de inteligência descartam neste momento que o vírus seja uma “criação artificial ou modificado geneticamente”, o que contradiz o sugerido por Trump na quinta-feira passada, quando chegou a mencionar uma ação deliberada de algum indivíduo. Existe, não obstante, a possibilidade de que ambas as hipóteses (contágio por animal e em laboratório) sejam compatíveis, ou seja, que um animal contagiado pelo vírus no laboratório tenha afetado algum funcionário.

A seis meses das eleições presidenciais, Trump defendeu neste domingo sua gestão desta crise, apesar de ter negado sua gravidade até quase meados de março, insistindo em que sua decisão de vetar os viajantes procedentes da China a partir de 31 de janeiro salvou milhares de vidas. Mesmo assim, elevou a previsão de óbitos em todo o país até o fim da pandemia. “Antes dizia que seriam 65.000, agora digo 80 ou 90.000?”, disse. Questionado por seus comentários de que o balanço era “um sucesso histórico”, admitiu que “não se pode chamar de sucesso”, mas que, em todo caso, é melhor que “um ou dois milhões que teria havido”.

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