_
_
_
_

Economia da América Latina terminará 2021 abaixo dos níveis anteriores à pandemia, diz Banco Mundial

Entidade alerta que o crescimento “tem sido mais fraco do que o esperado”, apesar de um contexto internacional que considera favorável para a região

Isabella Cota
Trabalhadores de restaurantes protestam para pedir que o Governo mexicano permita a entrada de clientes em seus estabelecimentos na Cidade do México, em janeiro de 2021.
Trabalhadores de restaurantes protestam para pedir que o Governo mexicano permita a entrada de clientes em seus estabelecimentos na Cidade do México, em janeiro de 2021.GLADYS SERRANO

Os países da América Latina e do Caribe estão perto de recuperar as perdas econômicas por conta da pandemia, mas as sequelas são duras e os governos devem se concentrar nos problemas que já tinham antes da covid-19, disse o Banco Mundial em seu relatório semestral sobre a região, apresentado na quarta-feira. Na média, o Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina crescerá 6,3% neste ano, prognóstico melhor do que os 4,4% feitos pela entidade há sete meses, mas inferior à queda do PIB regional de 6,7% no ano passado.

“A região está saindo aos poucos da crise e crescendo novamente, no entanto, apesar de alguns novos setores emergentes, a recuperação é mais fraca do que o esperado”, disse William Maloney, economista-chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial, em uma coletiva de imprensa virtual desde Washington. A América Latina tem problemas de infraestrutura, educação, política energética, capacidade empresarial e inovação que antecedem a pandemia e, se não os atacar, o crescimento não será suficiente para reduzir a pobreza, disse o especialista. “Temos que nos concentrar nos problemas estruturais de longo prazo, bem como reduzir a incerteza no curto prazo”, disse Maloney.

As previsões para 2022 e 2023 apontam para um crescimento de menos de 3%, o que, segundo Maloney, é insuficiente para reativar as economias e reduzir a pobreza. “Estas previsões não são muito mais altas do que as baixas taxas de crescimento da década passada, quando crescemos muito menos do que o resto do mundo”. Em geral, a recuperação tem sido decepcionante para uma região que depende em grande medida do comércio internacional, diz o relatório. “Dadas as vigorosas recuperações dos principais parceiros comerciais, as baixas taxas de juros globais e a perspectiva de outro superciclo de produtos primários, era de se esperar que as taxas de crescimento fossem 1,5 ponto porcentual mais altas”, diz o relatório.

Em todos os países, com exceção do Brasil, a taxa de pobreza, medida como a porcentagem de habitantes que vivem com 5,50 dólares (cerca 30 de reais) ou menos por dia, atingiu seu nível mais alto em uma década, com uma média de 26,4% (O Brasil implementou transferências monetárias diretas para sua população mais vulnerável, contendo melhor a pobreza do que outros países). Além disso, crianças e jovens perderam um ano e meio de escolaridade, enquanto a queda registrada no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU superou a observada durante a crise financeira global de 2008 e 2009.

O banco afirma que existem riscos a curto e médio prazo para os países, entre eles a recorrência de surtos de covid-19, que prejudicarão a produção. A contração da liquidez nos mercados financeiros globais em resposta à inflação, a crescente dívida pública e privada e o aumento dos déficits nos orçamentos dos governos também funcionam como forças contrárias à recuperação. O relatório afirma que, com base em pesquisas realizadas pelo órgão, entre 40% e 60% das empresas atrasaram o pagamento de suas dívidas devido à queda de receita provocada pela pandemia.

O efeito dos ‘Pandora Papers’

Questionado sobre a posição do Banco Mundial sobre os Pandora Papers, uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ na sigla em inglês) da qual o EL PAÍS fez parte, que revelou fortunas escondidas em territórios offshore, Maloney deu a entender que espera que o banco forneça mais informações sobre o assunto. “A informação pública sobre propriedades e posses de funcionários públicos é uma ferramenta fundamental para promover a transparência e combater a corrupção”, disse Maloney. “Apoiamos essa agenda de aumento da transparência no sistema tributário, promovendo a troca de informações entre jurisdições, melhorando a cooperação internacional sobre as ações das instituições nas quais os cidadãos depositaram sua confiança. É uma agenda extremamente importante para nós”.

Inscreva-se aqui para receber a newsletter diária do EL PAÍS Brasil: reportagens, análises, entrevistas exclusivas e as principais informações do dia no seu e-mail, de segunda a sexta. Inscreva-se também para receber nossa newsletter semanal aos sábados, com os destaques da cobertura na semana.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_