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São Paulo recua de fase com toque de recolher a partir das 20h, enquanto libera jogos de futebol

Estado, que teve queda de novas internações de 17% na última semana, recua da fase emergencial para a vermelha a partir de segunda-feira, embora com mais restrições. Além dos jogos, haverá reabertura gradual de escolas. Ocupação de UTI segue alta, em 88%

Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, no dia 15 de março.
Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, no dia 15 de março.Toni Pires
Beatriz Jucá

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Workers wearing protective gear pull the coffin during the burial of Lucio Pereira de Lima, 61, who passed away due to the coronavirus disease (COVID-19), at Belem Novo cemetery in Porto Alegre, Brazil April 2, 2021. REUTERS/Diego Vara
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Com uma taxa de ocupação de leitos de UTI ainda elevada pela pandemia, em 88,3%, o Estado de São Paulo decidiu retornar para a fase vermelha do plano de restrições a partir da próxima segunda-feira, mas com medidas mais duras. Lojas e restaurantes continuarão funcionando não com a entrega por delivery, mas também por retirada dos produtos no local. E haverá toque de recolher entre 20h e 5h com aumento da fiscalização. As cerimônias religiosas coletivas presenciais seguem vetadas. O Governo também liberou o Campeonato Paulista, a partir das 20h e sem público. As aulas presenciais nas escolas deverão ser retomadas com o limite máximo de 35% dos alunos. Um decreto estadual já permitia a atividade, mas muitos prefeitos aguardavam a volta para a fase vermelha para reabri-las. Segundo as autoridades sanitárias, a mudança é possível porque está caindo o ritmo de internações por covid-19 ― 17,7% menor na última semana em relação à semana anterior.

“Não estamos entendendo como um relaxamento, mas como um avanço. As medidas são tomadas nos dados da ciência e das projeções. O retorno será muito gradual”, afirmou o vice-governador do Estado, Rodrigo Garcia, durante entrevista coletiva nesta sexta (9). O secretário da Saúde Jean Gorinchteyn argumenta que a nova fase vermelha ficou mais rígida. “A população não pode baixar a guarda”, alerta. Novas regras foram incorporadas à fase vermelha. Além do toque de recolher, há recomendação de escalonamento na entrada e saída da indústria, serviços e comércios. Também será obrigatório o teletrabalho para todas as atividades administrativas. Segundo o Governo, a demanda por leitos caiu de 200 por dia no auge da crise para 60 por dia. Mas uma redução significativa no número de óbitos só é esperada para a segunda quinzena de abril. O Estado vem batendo recordes de mortes diárias. “Não entendemos que sair da emergencial para a vermelha coloque em risco todo o trabalho que fizemos até o momento”, diz João Gabbardo, que integra o comitê de contingenciamento. Segundo ele, as novas regras incorporadas são fundamentais neste momento de transição.

Há cerca de um mês, o Estado criou uma nova fase no Plano São Paulo ―a chamada fase emergencial― ao ingressar no pior momento da pandemia, com elevadas taxas de infecção pelo coronavírus e superlotação hospitalar. Dezenas de cidade colapsaram e há 25 dias a população precisou cumprir uma quarentena mais dura, mas distante de um fechamento como o lockdown. Especialistas projetam um mês de abril trágico para todo o país. O Governo avalia que a redução no ritmo de internações já permitem a mudança de fase. “A medida começa a dar resultados”, justifica o vice-governador Rodrigo Garcia. Segundo Garcia, um total de 6.521 leitos de UTI foram abertos em hospitais públicos e privados desde 31 de dezembro do ano passado. O Governo ainda trabalha para abrir mais leitos e espera conseguir retornar a fases mais brandas do Plano São Paulo. “Quando, vai depender dos indicadores”, acrescenta Gabbardo.

O Estado de São Paulo já soma mais de 80.000 mortes por covid-19 e o número de casos confirmados está próximo de 2,6 milhões. Segundo o Governo, o ritmo de novas internações caiu significativamente nos últimos 13 dias. “Estamos todos os dias apresentando queda de internações”, afirma Gorinchteyn. As taxas de ocupação de UTI são de 88,3% no Estado de São Paulo (e de 87% na região metropolitana). Ao todo, 12.681 pessoas estão internadas em terapia intensiva, e o índice de circulação da população segue em torno de 44%.

Embora as escolas já pudessem reabrir com base em um decreto estadual que definiu a educação como atividade essencial, muitos prefeitos ―incluindo Bruno Covas, que governa a capital paulista― decidiram brecar esta reabertura no momento mais grave da pandemia. Covas deverá autorizar a retomada das aulas na segunda-feira, com a saída do Estado da fase emergencial. As escolas estaduais estavam abertas principalmente para a distribuição da merenda escolar e retomarão as aulas presenciais de forma gradual. A vacinação de profissionais da educação também foi antecipada no Estado para 10 de abril.

Já o Campeonato Paulista estava vetado desde 15 de março, quando começou a valer a fase emergencial. Segundo o governador João Doria afirmou em entrevista à rádio CBN na manhã desta sexta, o centro de contingência decidiu acatar a liberação dos jogos de futebol após várias reuniões com a Federação Paulista de Futebol. “A orientação, feita pelo Ministério Público, foi acatada pelo Centro de Contingência e, naturalmente, pelo Governo de São Paulo”, disse o governador, que não participou da entrevista coletiva nesta sexta (9).

Em uma reunião na noite da última quinta-feira (8), a equipe técnica do centro de contingência estadual havia defendido a manutenção da fase emergencial, segundo o jornal O Estado de São Paulo. Os especialistas consideravam os indicadores da pandemia ainda muito altos e temiam que um relaxamento agora, ainda que pequeno, poderia passar uma mensagem errada à população de que a situação está controlada. Por outro lado, havia um cálculo político no Governo de que a mudança no faseamento poderia aliviar a pressão de comerciantes e setores econômicos. Em março, uma discussão deste tipo também foi travada, mas o governador João Dória acabou optando por criar a fase emergencial e ampliar a quarentena.

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