São Paulo confirma 1ª morte na fila da UTI, antecipa feriados, mas descarta ‘lockdown’ para frear a covid-19
Renan Cardoso tinha 22 anos e morreu em um pronto-socorro na Zona Leste, segundo a Secretaria de Saúde. Capital tinha 475 pessoas aguardando um leito de Unidade de Terapia Intensiva até quinta-feira
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O sistema de saúde da maior cidade do Brasil está “colapsando”. Quem diz é o próprio prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), que confirmou nesta quinta-feira a primeira morte na capital paulista por falta de vagas em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratar a covid-19. “A taxa de letalidade está menor que no pico do ano passado, por que nossos profissionais estão mais preparados para cuidar dos pacientes. Mas agora, a continuar o crescimento dessa curva [de infecções], a gente só vai ver ampliar esses casos de pessoas que não conseguem leitos de UTI”, disse Covas em entrevista à GloboNews. Até a quinta-feira, havia pelo menos 475 pessoas na cidade de São Paulo aguardando um leito de UTI.
A situação é tão grave que a prefeitura de São Paulo anunciou a antecipação de cinco feriados para tentar conter a disseminação do novo coronavírus, repetindo a estratégia adotada no início da pandemia, em 2020. Dois dos feriados são de 2021, mas outros três já antecipam datas de 2022 ―o recesso vale do próximo dia 26, uma sexta-feira, até 1º de abril, emendando com a Sexta-feira Santa, que cai no dia seguinte. “Se a gente conseguir 15 dias [em] que as pessoas consigam voltar aos índices de isolamento do início da pandemia, a gente já consegue uma melhora na quantidade de casos e internações”, disse o prefeito na entrevista concedida mais cedo.
Nesta quinta-feira, o Governo de São Paulo disparou uma mensagem de celular para alertar sobre o “alto risco de lotação dos leitos no estado”. “Fique em casa. Proteja sua família. Se tiver que sair, use máscara!”, diz a mensagem. Apesar da gravidade do sistema de saúde em São Paulo, o prefeito Bruno Covas descartou a possibilidade de impor um lockdown (o confinamento mais restrito) na cidade. “No município é inviável decretar lockdown. A gente tem 1.000 guardas da GCM [Guarda Civil Metropolitana]. É inviável fiscalizar se as pessoas estão saindo de casa com 1.000 guardas”, justificou.
A primeira vítima da falta de leitos em UTIs na capital paulista se chama Renan Cardoso. Ele tinha apenas 22 anos e faleceu no último dia 13 de março. Segundo o relatório médico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, o paciente deu entrada no Pronto Atendimento São Mateus II (na Zona Leste de São Paulo) no dia 11 ―ele tinha confirmado a infecção pelo coronavírus dois dias antes e apresentava um quadro de dispneia (falta de ar) há sete dias. “Devido a obesidade e o desconforto respiratório leve apresentado, a equipe médica optou por manter o paciente em observação e posteriormente manter internado na unidade com suporte de O2″, descreve o relatório médico.
A busca por uma vaga de UTI começou no dia seguinte à chegada de Renan ao hospital. Por volta das 16h do dia 13, contudo, o quadro respiratório do paciente piorou. A unidade de saúde ainda conseguiu remanejar um ventilador mecânico em apenas 15 minutos (ainda segundo relatório médico), mas, mesmo intubado, o jovem sofreu uma parada cardiorrespiratória dentro da sala de urgência. Tudo isso ocorreu fora do ambiente de uma UTI, necessária para a gravidade do quadro do jovem, que morreu naquele dia.
A situação de saturação do sistema de saúde em São Paulo levou hospitais privados a solicitarem leitos públicos pela primeira vez na história. Seguindo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, pelo menos 15 unidades privadas solicitaram 30 leitos ao Estado para fazer frente à demanda. A Secretaria destacou, contudo, que as demandas “podem estar ligadas ao fato do paciente não ter condições de concluir o tratamento integral na rede particular”, por questões financeiras.
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