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Estado de São Paulo endurece a quarentena no Natal e Ano Novo e libera apenas serviços essenciais

Apenas serviços essenciais como farmácias, mercados e padarias poderão abrir nos dias 25 a 27 de dezembro e 1 a 3 de janeiro. Restaurantes, bares e comércio só terão autorização para delivery

Pessoas se aglomeram na Ladeira Porto Geral, em São Paulo, antes do Natal.
Pessoas se aglomeram na Ladeira Porto Geral, em São Paulo, antes do Natal.AMANDA PEROBELLI (Reuters)
Beatriz Jucá

O agravamento da pandemia do novo coronavírus levou o Estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil, a aumentar as medidas de restrição entre o Natal e o Ano Novo. Nos dias 25 a 27 de dezembro e entre 1 e 3 de janeiro, grande parte do comércio voltará a fechar, com a liberação para o funcionamento apenas de serviços e atividades essenciais, como farmácias, mercados e padarias. Bares, lanchonetes e restaurantes só podem funcionar para delivery. Hotéis poderão receber hóspedes, mas aglomerações devem ser evitadas. A medida atinge as cerca de 46 milhões de pessoas que vivem no Estado, oficialmente classificado em uma fase mais branda do plano do governo paulista contra a covid-19, a amarela, para os dias não mencionados. A região de Presidente Prudente é a única que volta oficialmente para a fase vermelha, a etapa mais restrita, que só permite abertura de serviços essenciais, diante da escassez de leitos de UTI desocupados. A decisão foi tomada pelo Centro de Contingência após o Estado apresentar crescimento de 54% de novos casos e 34% de mortes nas últimas quatro semanas. Uma nova avaliação das fases será feita no dia 7 de janeiro.

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A fase vermelha é a mais restritiva prevista no plano de reabertura de São Paulo. Com ela, retorna-se ao nível de fechamento de nove meses atrás, quando foi decretada a quarentena. Desde então, o Estado fechou hospitais de campanha que haviam sido abertos e relaxou as medidas de isolamento social diante de um breve arrefecimento da pandemia. Nas últimas semanas, porém, o Governo voltou a restringir horários de comércio e precisou atuar para reabrir leitos de UTI em hospitais já existentes. Nesta terça-feira (22), decidiu pôr em prática um fechamento mais duro, às vésperas das festas de fim de ano.

A medida também vêm um dia antes da data prevista para solicitar o aval da agência sanitária federal, a Anvisa, para o uso da vacina chinesa Coronavac, que deve acontecer nesta quarta-feira (23). A expectativa do Governo de São Paulo é que a campanha de vacinação no Estado seja iniciada no próximo dia 25 de janeiro.

“Nós precisamos dar um sinal para a população de que estamos em uma pandemia, em uma fase preocupante de aumento de número de casos. E mostrar que a recomendação é ficar em casa e circular o mínimo possível, para atividades essenciais”, afirma João Gabbardo, secretário-executivo do comitê de especialistas que assessora o Governo. “Nós temos uma situação muito difícil no momento, que é a disponibilidade de profissionais de saúde. Muitos falam da abertura de leitos e hospitais de campanha. Talvez se nós aumentássemos ou criássemos hospital de campanha neste momento, teríamos muita dificuldade de conseguir profissionais”

Se não houver uma desaceleração no contágio, o Governo poderá impor novas restrições no ano que vem. Por enquanto, a região de Presidente Prudente é a única que retorna de fato para a fase mais restritiva, após alcançar 83% de ocupação de leitos. Cerca de 550.000 pessoas que vivem na região estão submetidas a estas medidas mais duras.

Em janeiro, nenhuma região do Estado passará para a fase verde, a segunda mais branda do plano, por conta de uma trava criada pelas autoridades de saúde estaduais. Ao todo, o Governo de São Paulo estabeleceu cinco fases no plano de reabertura: vermelha, laranja, amarela, verde e azul. Dependendo das características locais de cada cidade, prefeitos poderão aumentar ainda mais as restrições, um mecanismo já autorizado pelo Supremo Tribunal Federal. Há uma preocupação do Estado, porém, de que haja um maior relaxamento de prefeitos que estão prestes a encerrar seus mandatos. No dia 4 de janeiro, os eleitos neste ano tomarão posse. “Não estamos em momento de aglomerações, de festas. Precisamos sim do esforço de todos”, reforça a secretária de desenvolvimento econômico, Patricia Ellen.

Reabertura de escolas é mantida

O retorno de aulas presenciais está mantido para o início de 2021, mesmo que os índices se agravem, como já havia afirmado o governador João Doria. “Mantemos a posição defendida anteriormente e a reabertura das escolas será cumprida com todos os cuidados sanitários necessários. Fizemos um investimento enorme para prepará-las para receber os alunos”, disse na segunda-feira. Na semana passada, o governador já havia adiantado que escolas seriam classificadas como serviço essencial e poderiam funcionar até na fase vermelha, com capacidade máxima de 35% dos alunos.

Depois de 45 dias na fase verde, São Paulo voltou a impor maiores restrições no dia 30 de novembro, um dia depois das eleições municipais no Brasil, quando todo o Estado foi classificado na fase amarela, a intermediária entre as cinco fases do plano de reabertura econômica. O secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirma que houve uma impressão equivocada da população de que a fase verde significava a liberdade. “O resultado foi que passamos a ter 100% do Estado no fasemento amarelo depois, com maior restrição”. O secretário disse que este foi um alerta, mas se mostrou insuficiente para conter a disseminação do vírus.

As semanas seguintes foram marcadas por indicadores preocupantes. As internações por covid-19 têm crescido, e a Grande São Paulo ― que chegou a apresentar taxas de ocupação de leitos de UTI por volta de 40% ― chegou nesta segunda a 66,8%. Considerando todo o Estado, 61,8% das camas de terapia intensiva estão ocupadas. A taxa de isolamento da população, medida a partir de dados passados por telefonias celulares, também caiu. No último sábado, estava em torno de 40%, enquanto o mínimo aceitável pelas autoridades de saúde paulistas é de 50%.

É neste contexto que o Governo de São Paulo vem afirmando preocupação com as festas de fim de ano, quando pode haver aumento de aglomerações pelas celebrações de Natal e de Ano Novo. Nesta semana, o secretário Jean Gorinchteyn já vinha pedindo que a população evitasse aglomerações para conter os índices da pandemia. Também pediu aos gestores municipais que ampliassem a fiscalização local para tentar frear as possibilidades de contágio. As autoridades sanitárias pedem aumento dos cuidados preventivos para evitar um recrudescimento de casos e fechamentos que podem trazer mais prejuízos, inclusive econômicos, no ano que vem.

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